Pesquisa mostra o que pensam e têm brasileiros, argentinos e paraguaios

A pesquisa feita pelo Latinobarômetro dá uma visão ampla da situação nos países da América Latina.

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A pesquisa feita pelo Latinobarômetro dá uma visão ampla da situação nos países da América Latina.

O Informe Latinobarômetro 2021, divulgado na quinta-feira, 7, mostra como pensam os moradores de 18 países da América Latina e Caribe, a respeitos das instituições, da situação econômica e das perspectivas para o futuro.

Aqui, trazemos alguns pontos interessantes da pesquisa, com foco especial nos brasileiros, argentinos e paraguaios. Se você quiser mais detalhes, pode pesquisar neste link: Latinobarômetro.

Uma das perguntas que chamam a atenção é a vontade de deixar o país para morar em outro. Na América Latina, só os venezuelanos (41%) sonham com isso mais do que os argentinos: 40% deles querem sair do país. No Brasil, são 25%; no Paraguai, 16%. Só os venezuelanos sonham mais do que os argentinos em mudar de país – 41% dos entrevistados.

À pergunta “A economia de mercado é o único sistema com que o país pode chegar a ser desenvolvido?”, os brasileiros se destacaram pela resposta “Muito de acordo”; 41% disseram estar “De acordo”; 17% “Em desacordo” e 9% “Muito em desacordo”.

No total, 73% disseram estar muito de acordo e de acordo.

Embora com menor índice “muito de acordo” (12%), o Paraguai somou mais pontos favoráveis à economia de mercado, entre os 18 países da América Latina: 80%.

A Argentina teve 15% das respostas “muito de acordo” e 48% “de acordo” (no total, 63%). As respostas favoráveis só foram inferiores às do México (51%), Panamá (52%), Colômbia (58%) e Chile (60%).

NACIONAL OU IMPORTADO

Se tiverem o mesmo preço, 88% dos uruguaios preferem comprar produtos nacionais do que importados. É a mais alta taxa de nacionalismo nas compras.

No Paraguai, 75% concordam que comprariam produtos nacionais; no Brasil, 78%; e na Argentina, 74%.

Os chilenos são os menos preocupados com a origem dos produtos: só 21% deles optariam pelos nacionais.

No entanto, apenas 16% dos chilenos concordam que a livre importação de bens e serviços favorece o consumidor. A Nicarágua lidera entre os que concordam – 86%.

No Paraguai, 84% são favoráveis à livre importação de bens e serviços, por favorecer o consumidor; na Argentina, 79%; e no Brasil, 77%.

A pergunta a seguir explica por que os chilenos não se importam se o produto é importado ou nacional, com o mesmo preço. A maior parte deles – 68% – concorda que, em geral, os produtos nacionais são de menor qualidade que os produtos importados.

Entre os brasileiros, são 51%; entre os argentinos, 48%; e entre os paraguaios, 43%.

COMIDA NA MESA

Uma pergunta triste: quando você ou sua família não tiveram comida suficiente para se alimentar?

Em vários países da América Latina, um grande número de entrevistados respondeu que “alguma vez” faltou comida e outros que isso acontece “seguido”.

Chile e Paraguai aparecem empatados com o maior número de respostas para “nunca isso aconteceu” – 77% dos entrevistados. O Brasil aparece a seguir, com 75%. Pra revelar o tamanho da extensão da crise na Argentina, onde 40% da população hoje é pobre ou indigente, apenas 45% dos entrevistados disseram que nunca faltou comida.

Para 15% dos argentinos, faltou raras vezes; pra 27% “algumas vezes”; e para 16% isso acontece seguido.

A situação da Venezuela é a pior da América Latina: só 17% dos entrevistados disseram que nunca faltou comida. 40% disseram que aconteceu algumas vezes e 14% que é “seguido”.

SALÁRIO

E o salário, chega para cobrir satisfatoriamente as necessidades da família?

Os brasileiros se destacam no número que respondeu “atende bem, permite até fazer economia”: 24%. Outros 36% disseram que cobre as necessidades, sem grandes dificuldades.

Para 12% dos paraguaios, os salários permitem fazer economia. E para 59%, cobrem as necessidades, sem dificuldades. No total, 71% não reclamaram dos salários, o índice mais alto da pesquisa.

Na Argentina, 7% ganham o suficiente para até fazer poupança e 39% vivem sem grandes dificuldades. Mas 34% dizem que é insuficiente, têm dificuldades; e 21% que têm grandes dificuldades.

Os que se queixaram, no Paraguai, somaram 32% do total; no Brasil, bem mais: 40%. E 16% enfrentam “grandes dificuldades”.

OS BENS

O índice de argentinos que possui computador é o mais alto da América Latina: 75%. No Brasil, 44%; no Paraguai, 22%.

Lavarroupa: liderança argentina, com 91% de respostas positivas; no Paraguai, 78%; no Brasil, 70%.

Telefone celular: Argentina na frente, com 98%; Brasil com 94% e Paraguai com 83%.

Smartphone: na Argentina, 65%; no Brasil, 54%; e no Paraguai, 45%.

Carro: de novo a Argentina na ponta, na América Latina, com 53% respondendo que possuem; no Brasil, 46%; e no Paraguai, 30%.

Ar condicionado: pra variar, argentinos na ponta, com 61%; dos três vizinhos, o Paraguai aparece a seguir, com 44%, e o Brasil com apenas 20%. Até a Venezuela está na frente (36%).

Compras pela Internet: os argentinos são os que mais usam os serviços de informática para fazer compras (58%), ante 36% dos brasileiros e 8% dos paraguaios.

Casa própria: por incrível que pareça, a liderança na América Latina é dos venezuelanos, conforme a pesquisa – 79% deles disseram que possuem.

No Paraguai, são 78%; no Brasil, 77%; e na Argentina, 63% (um dos cinco piores índices da América Latina).

Em conexão à Internet, Argentina na frente, com 87%; no Brasil, 71%; no Paraguai, 44%, atrás apenas da Colômbia (55%).

Para compensar, mais brasileiros são atendidos com rede de esgoto: 79%, ante 69% na Argentina. No Paraguai, só 24%.

Em água potável, o Brasil também está na frente da Argentina, com 93%. Da Argentina, 88% responderam que são atendidos e no Paraguai o índice é igual ao do Brasil.

ÉTICA

Em questões éticas, os latino-americanos não vão muito bem. Um grande número de entrevistados respondeu que já simulou estar doente para faltar ao trabalho.

Brasileiros e argentinos empatam, com 38%; e os paraguaios estão colados, com 38%. Os que menos usaram dessa artimanha são os chilenos (20%); e os uruguaios estão na liderança nessa malandragem, com 44%.

Muitos entrevistados também confessaram que foram benefIciados com uma ajuda do governo à qual não tinham direito.

Paraguaios lideram, com 35%, seguidos por argentinos (31%). Dos brasileiros, 21% disseram sim. Guatemaltecos e hondurenhos foram mais éticos nesta questão, empatados com 14%.

À pergunta “Você ou sua família tiveram conhecimento de algum ato de corrupção?”, mais argentinos disseram sim: 38%. No Brasil, 29%; no Paraguai, 14%.

Com exceção de El Salvador, com índices baixos, a grande maioria dos entrevistados concordou que o nível de corrupção em seus países aumentou desde o ano passado.

Os argentinos disseram que aumentou muito (48%) ou que aumentou alguma coisa (22%); e 22% que se manteve igual.

Entre os brasileiros, 39% responderam que aumentou muito, 17% que aumentou, simplesmente, e 25% que o nível de corrupção se manteve igual.

No Paraguai, 41% disseram que aumentou muito, 31% que aumentou e 22% que se manteve igual.

Em corrupção, liderança absoluta da Venezuela: para 64%, corrupção aumentou muito, para 15% aumentou e outros 13% disseram que continuou igual.

POLÍTICA

Confiança no Congresso: 82% dos argentinos disseram ter pouca ou nenhuma; 76% dos brasileiros, idem; e 89% dos paraguaios têm pouca ou nenhuma confiança.

Confiança no Governo: 77% dos argentinos têm pouca ou nenhuma, ante 73% dos brasileiros e 86% dos paraguaios.

Confiança no Poder Judiciário: pouca ou nenhuma, para 85% dos argentinos, para 63% dos brasileiros e 87% dos paraguaios. O Paraguai é o país com menor confiança no Poder Judiciário.

Confiança no presidente: na Argentina, 70% têm pouca ou nenhuma; no Brasil, o mesmo percentual; e no Paraguai, 83%.

MUDANÇAS

Em seu site, o Latinobarômetro informa que é uma ONG sem fins lucrativos, com sede em Santiago do Chile.

Seu trabalho é “acompanhar o desenvolvimento da democracia, da economia e da sociedade em seu conjunto, usando indicadores de opinião pública que medem atitudes, valores e comportamentos. Os resultados são utilizados pelos atores sociopolíticos da região, por atores internacionais, governamentais e meios de comunicação”.

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