Loteamentos ainda desocupados viram espaço para “festas da covid”

Pra que se cuidar? Foz tem apenas 7.300 casos confirmados e o número de mortes não passa de 105.

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

É incrível a falta de consciência em relação à pandemia de covid-19, que no mundo já provocou a morte de 1.023.395 pessoas, o equivalente a quase quatro vezes a população de Foz do Iguaçu.

E Foz contribuiu para esse número assustador de mortes. Outubro já começou com mais dois óbitos, um deles de uma mulher de 27 anos. E mais 52 novos casos da doença. Agora, o total soma 7.300 casos, número redondo, e 105 óbitos.

Passou a fase de se dizer “fique em casa”. Mas continua a de “cuide-se”. É preciso mover a economia, para que os que nada têm consigam sobreviver, a duras custas.

É preciso frequentar um restaurante vez por outra, ir ao shopping, ir ao supermercado, cortar o cabelo, etc, etc. O turismo precisa funcionar, pra dar emprego, porque é o emprego que garante o pão de cada dia.

Mas pode apostar: dificilmente alguém contrai o vírus no trabalho, ao visitar um atrativo, ao ir ao mercado e outros locais, se houver cuidados mínimos. Em supermercados de Foz, por exemplo, nunca houve registro. De onde vêm, então, esses 7.300 casos?

A maioria, do relaxamento social. Alguns bares superfrequentados, festas familiares em casa, churrasco com amigos, uso de transporte coletivo saturado, saídas sem usar máscara e – absurdo – falta do hábito de lavar as mãos com frequência.

Mas o mais ridículo é que se contrai o vírus em ajuntamentos coletivos nos loteamentos de Foz. Ao que se saiba, só nesta cidade loteamento virou sinônimo de festa. Pior, festa da covid e da dengue!

No Jardim Iguaçu, próximo ao cemitério, há vários loteamentos. Uns, com algumas casas em construção, poucas delas já concluídas. Outros, vazios.

Em uns e outros, é só passar à noite pra se ver o que é uma “festa da covid”: marmanjos e garotas ouvindo música em som alto, rindo, conversando, fumando (o comum e o de erva), bebendo e comendo. E, claro, trocando carinhos, já mais pro fim da festa.

Aí, levam o vírus pra casa, pro trabalho, pra todo lado.

Amanhece. A festa da covid continua. Mas o som alto desaparece, porque já há gente passando nas proximidades.

No local onde passam a noite, deixam latas, garrafas, sacos plásticos, guimbas dos dois tipos.

Termina a festa da covid, começa a festa da dengue. Felizmente, neste caso, não está chovendo. Às primeiras chuvas, o resultado será a proliferação do Aedes aegyty, transmissor da dengue.

Mesmo sem chuva frequente, Foz já tem 88 casos confirmados e 659 notificações de dengue, do início de agosto ao final de setembro. No ano epidemiológico que terminou em julho, Foz registrou 19.407 casos confirmados, um recorde anual histórico, e oito mortes por dengue.

E, pra variar, a faixa etária mais contaminada por dengue é entre 15 e 29 anos. A mesma que participa loteamentos afora de festas da covid. A mesma que mais se contamina com o novo coronavírus e, muitas vezes, sem qualquer problema à saúde própria. A saúde alheia é que paga por isso.

Essa turma dos loteamentos comete várias infrações: à lei do silêncio, com a música nas alturas; ao código de trânsito, porque bebem, fumam maconha e depois conduzem seus veículos; aos protocolos sanitários, tanto pra covid quanto pra dengue; e, sobretudo, infringem a lei do bom senso, a que não é escrita, mas que todos conhecem.

Saldo da festa. Lixo jogado no chão e sacolas penduradas nas árvores que mal conseguem crescer.
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