Músicos de Foz fazem manifestação na Praça da Paz neste domingo, durante a Feirinha da JK

Mobilização chamará a atenção do poder público às dificuldades dos artistas, há mais de 5 meses sem trabalho. Profissionais pedem volta da música ao vivo em bares e restaurantes.  

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H2FOZ – Paulo Bogler 

Se restaruantes podem funcionar, seguindo protocolos sanitários instituídos pelo município, por qual razão músicos não podem apresentar-se ao vivo nesses estabelecimentos? A partir desse questionamento, músicos de Foz do Iguaçu vão realizar uma manifestação neste domingo, a partir das 10h, na Praça da Paz. 

O objetivo é chamar a atenção do poder público local às dificuldades que os artistas iguaçuenses enfrentam, pois estão há mais de cinco meses sem trabalho. Os profissionais reclamam o direito de retomar shows em bares e restaurantes da cidade, que estão em funcionamento e sob fiscalização da prefeitura. 

Com o chamado “Música é o meu trabalho”, a manifestação seguirá um formato diferenciado e pouco usual, principalmente por se tratar de músicos, anunciam os organizadores. A ação acontecerá junto à Feirinha da JK, que ocorre todas as manhãs de domingo, na área central do município.  

“O nosso objetivo é que o poder público nos enquadre nos protocolos de saúde de bares e restaurantes”, resume o músico Magnun Fernando. “Esses locais estão obedecendo os protocolos de distanciamento e horários. Qual é o empecilho para a música”, indaga o profissional, que vive do trabalho artístico. 

Para a classe, outro problema é a ausência de ações dos governos para mitigar os efeitos sociais e econômicos no meio cultural. “Após quase seis meses e sem uma perspectiva de retorno, também constatamos a ausência do Estado em todo esse período”, aponta Spartaco Avelar, também organizador da manifestação. 

“Diante dessa ausência, o que nos resta é voltar aos nossos locais de trabalho que retornaram suas atividades, mas com o impedimento da música ao vivo”, relata Spartaco. “A situação dos músicos é a pior possível sem renda nesse período de pandemia”, completa. 

Busca de soluções 

Ele lembra que a categoria concorda e apoia os protocolos sanitários e a necessidade de distanciamento social. “Agora, a questão é como podemos retomar as atividades com segurança? Existem alguns protocolos embasados em estudos técnicos e ouvindo a ciência para um possível retorno dessas atividades”, pondera. 

O profissional menciona o relatório emitido recentemente pelo Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil (CF-OMB) com normas legais e técnicas relacionadas ao retorno seguro ao trabalho de músico em apresentações ao vivo. O documento também reforça o pedido da Unesco para que governos apoiem artistas durante o estado de emergência em saúde. 

Música é trabalho 

Spartaco retrata a condição dos músicos iguaçuenses como sendo a “pior possível” devido à falta de renda. “São raros os que têm carteira assinada. Alguns conseguiram se manter mesmo sem trabalhar, a informalidade é muito grande, e esse é um dado muito preocupante na classe artística, o que já é complicado antes da pandemia e agora se agravou mais ainda”, relata. 

Segundo ele, “tem gente passando fome”. E prossegue dizendo que as lives eram um paliativo, mas que esse recurso se esgotou. “Já não estão surtindo o mesmo efeito e nem têm como nos sustentar com o mínimo que se arrecada, e quando arrecada. Tem pessoas que são as únicas responsáveis pelo sustento da sua família [cônjuge e filhos] e às vezes ajudam também os pais e irmãos”, conclui.

Funcionamento 

Em 4 de agosto, a Prefeitura de Foz do Iguaçu ampliou o horário de atendimento de restaurantes e lanchonetes, mediante o Decreto 28.383, publicado no Diário Oficial. Como efeito, os estabelecimento foram autorizados a abrir até meia-noite. 

Cartaz de divulgação da manifestação dos músicos de Foz – foto Reprodução 

 

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