Com dor e limitações, idoso amarga longa fila para consulta a especialista em Foz

“Os cidadãos não merecem esta violação de direitos”, desabafa, enquanto espera há três meses. Fila na ortopedia é de 824 pacientes; na urologia, 2.079.

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“Os cidadãos não merecem esta violação de direitos”, desabafa, enquanto espera há três meses. Fila na ortopedia é de 824 pacientes; na urologia, 2.079.

“Estamos tendo que viver uma realidade amarga.” Assim, o aposentado Gualberto Cuenca descreve a espera na fila para consulta com especialistas na saúde pública de Foz do Iguaçu. Aos 71 anos, afirma que não é respeitada a prioridade dos idosos, prevista em lei.

Ele foi às redes sociais para fazer seu desabafo. Mais do que isso, para amplificar um pedido de ajuda. Segundo Gualberto, com dor e limitações motoras crescentes, sua espera dura quase 90 dias para atendimento com um traumatologista e urologista.

Na fila, invisível para a maioria das pessoas porque é eletrônica, seus números eram 612 e 1.803, respectivamente para traumatologia e urologia. “Apresento um desgaste da cabeça do fêmur, no quadril direito, e agora a inflamação de ambos os joelhos. Sinto muita dor e limitação de movimento”, relata Gualberto ao H2FOZ.

“O médico da Unidade Básica de Saúde do Morumbi II me disse que os medicamentos para continuar o tratamento precisavam ser ajustados por um urologista; e a questão dos joelhos, diagnosticada pelo traumatologista”, explica.

O jornalista aposentado faz tratamento devido ao problema ósseo há mais de sete anos. À urologia, recorre nos três últimos anos. A demora no tratamento com especialistas agrava suas dificuldades motoras. “Devo me ajudar com uma bengala. Preciso de ajuda para me vestir, usar meias e sapatos”, conta.

“Não posso dobrar minhas pernas. A dor é intensa e há incapacidade de tomar analgésicos contraindicados para o fígado e rins”, enumera. “Na parte urológica, tenho a necessidade frequente e urgente de urinar. Em caso de atraso, surge uma pequena incontinência”, relata.

Obter informações adequadas é difícil, segundo o idoso. “Na unidade básica pedem que façamos referência ao centro de agendamento e aí indicam apenas o local da fila onde se encontra”, expõe. “Não adianta se referir à prioridade de idoso. Eles não dão mais detalhes”, sublinha.

Em seu pedido de ajuda nas redes sociais, Gualberto Cuenca juntou os documentos que mostram sua posição na fila e número do CPF. E um chamado de cidadania: “Os cidadãos da cidade não merecem esta violação dos seus direitos”, escreveu.

Posição da prefeitura

A reportagem questionou a prefeitura sobre quando chegará a hora de Gualberto Cuenca ser consultado pelos especialistas de que necessita. Segundo a assessoria, ele deverá ser atendido em até 15 dias na urologia e, na ortopedia, em até 30 dias.

Em relação ao atendimento prioritário pela idade, a prefeitura disse que, embora ele exista, “outras pessoas também com prioridade estão à frente do paciente na fila de espera”, diz o comunicado da gestão municipal.

A prefeitura declarou que o tempo médio de espera nas especialidades necessárias para o aposentado é de três a quatro meses. “Atualmente, a fila de espera para ortopedia/joelho é de 824 pacientes; e para a urologia é de 2.079 pacientes”, relatou.

Diz a Lei nº 10.741/2003, o Estatuto do Idoso:

Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.

Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:

I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população;

[…]

VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais.

 

Fila para consulta com urologista – Foto: Reprodução

 

Fila para consulta com ortopedista – Foto: Reprodução
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