Fake news: informações falsas sobre covid-19 em redes sociais mataram 800 pessoas

Pra quem acha que fake news é só uma brincadeira de mau gosto, este é o número calculado por especialistas americanos.

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H2FOZ

Um estudo publicado no American Journal of Tropical Medicine and Hygiene calcula o quanto as notícias falsas sobre a pandemia já mataram mundo afora.

Segundo os pesquisadores, só nos primeiros meses do ano quase 5,8 mil pessoas deram entrada em hospitais por causa de informações falsas recebidas em redes sociais, e pelo menos 800 morreram.

Em muitos casos, os óbitos foram por ingestão de metanol ou de produtos de limpeza, devido à crença de que poderiam curar a covid-19.

A preocupação com a desinformação é tanta que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), especialista mundial em saúde pública, monitorou o assunto.

Um estudo realizado entre 17 de março e 10 de abril revelou que 65% das notícias falsas tratavam de curas caseiras milagrosas (sem comprovação científica).

Das mais de 80 fake news recebidas e publicadas pelo Ministério da Saúde, envolvendo o novo coronavírus, 22% delas trazem algum alimento “mágico” capaz de tratar ou prevenir a covid-19. Por meio de uma parceria com o Colégio Semeador, o H2FOZ  traz algumas notícias que circularam na internet na última semana e os professores explicam se é verdade ou mentira.

Ingestão de frango pode transmitir coronavírus

FALSO

Na China, asas de frango congeladas importadas do Brasil testaram positivo para o vírus Sars-Cov-2, o causador da Covid-19.

O que foi detectado nessas amostras de frango congelado foi o material genético do vírus, e isso não quer dizer que esse material genético pertence a um vírus viável, capaz de infectar pessoas e causar a doença.
Algumas agências regulatórias, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar  (EFSA), já haviam avaliado o risco de se infectar por meio de alimentos contaminados em outras epidemias de vírus da mesma família do Sars-Cov-2, e concluíram que não havia esse risco de transmissão.

Até o momento, não temos registro de transmissão do vírus Sars-Cov-2 por meio de alimentos preparados para serem consumidos, mas sim da transmissão por meio de superfícies contaminadas, como as embalagens de produtos alimentícios.

Em temperatura ambiente, sabemos que o vírus sobrevive nas superfícies e é capaz de infectar pessoas por algum tempo, que varia dependendo da superfície em que ele está, e sabemos também que baixas temperaturas prolongam esse tempo de viabilidade do vírus.

Então,  por mais que a ingestão de frango não possa transmitir o coronavírus, é importante realizar a higienização adequada das superfícies com as quais temos contato, incluindo as embalagens de produtos.

Roberta Ferreira, professora de Biologia do Colégio Semeador.

Medir a temperatura com o termômetro infravermelho na testa pode causar danos à saúde

FALSO

Esses termômetros estão em uso na medicina desde os anos 1950. O uso é seguro e mede a temperatura de forma rápida e sem encostar nas pessoas. O único alerta é que não deve ser direcionado aos olhos, pois pode ocasionar lesões.

Wanda Isabel Vargas Camargo, professora de Biologia do Colégio Semeador.

Oxímetro pode ser usado para detectar o coronavírus com eficácia

FALSO

Essa notícia gerou uma corrida das pessoas na busca de oxímetro. Esse equipamento, que mede a oxigenação, é apenas um indicador e requer interpretação médica.

Indivíduos infectados pelo novo coronavírus apresentam uma diminuição na quantidade de oxigênio presente no sangue, então esse equipamento pode ajudar a detectar uma condição respiratória grave e a necessidade de procura médica imediada.

Wanda Isabel Vargas Camargo, professora de Biologia do Colégio Semeador.

Exame de farmácia não detecta quem já teve a covid-19

FALSO

Testes rápidos positivos indicam que você teve contato recente com o vírus (IgM) ou que você já teve covid-19 e está se recuperando ou já se recuperou (IgG), uma vez que indicam a presença de anticorpos (defesas do organismo).

Esse teste isolado não serve para diagnosticar (confirmar ou descartar) infecção por covid-19. O diagnóstico da infecção pelo novo coronavírus deve ser feito por testes de RT-PCR

Wanda Isabel Vargas Camargo, professora de Biologia do Colégio Semeador.

Se sentir falta de ar, a recomendação é ir direto para o hospital

VERDADEIRO

Um dos sintomas mais preocupantes da Covid-19 é a falta de ar. Então, isso é um motivo de procura imediata do serviço de saúde – mais do que a febre. Normalmente estará associado a outros sintomas, como tosse, febre, coriza ou garganta inflamada.

Os sintomas da falta de ar causada pelo novo coronavírus podem ser chiado no peito e estar muito ofegante.

Normalmente, a pessoa respira, em média, 16 vezes por minuto. Se a pessoa respirar mais que 24 vezes por minuto, é um sinal de risco – nesse caso, recomenda-se ir ao hospital. Outro sinal característico e que indica gravidade são as pontas dos dedos e a boca roxos – e o ideal é não perder tempo nessa hora.

Wanda Isabel Vargas Camargo, professora de Biologia do Colégio Semeador.

A pandemia reduziu o poder de compra do brasileiro

PARCIALMENTE VERDADEIRO

Segundo uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), quatro em cada 10 brasileiros tiveram perda de poder de compra desde o início da pandemia. Além disso do total de entrevistados, 23% perderam completamente a renda e 17% tiveram redução no ganho mensal.

Com base na pesquisa, podemos observar que 77% dos brasileiros reduziram o consumo de produtos neste período da quarentena e a tendência é que as pessoas mantenham esse nível de consumo mesmo no período pós-pandemia, pelo fato de terem medo de perder seus empregos.

Rodrigo Vitorassi, professor de Matemática do Colégio Semeador.

Raios ultravioleta podem matar o coronavírus

VERDADEIRO

A radiação ultravioleta (UV) do tipo UVC é ionizante e já é usada há muitos anos para fazer a desinfecção de superfícies em laboratórios. Para ser usada com a finalidade de ser um germicida, matar bactérias e desativar vírus, como o SARs-COV-2 (causador da covid-19), essa radiação deve ser usada na frequência adequada, pelo tempo de exposição adequado, por um equipamento específico e também por pessoas treinadas para manusear com segurança.

Isso tudo porque ela deve incidir apenas na superfície a ser descontaminada, já que pode causar mutações no material genético das nossas células e causar vários problemas, como câncer de pele e outras doenças.

Então, o uso de radiação UV não retira os cuidados que devemos continuar tendo com a nossa saúde. Devemos fazer a higiene das mãos e superfícies com água e sabão sempre que possível (caso não tenha sabão, usar álcool em gel 70%) e praticar o isolamento social. Caso precise sair, o uso da máscara é essencial para prevenção.

Roberta Carvalho Ferreira – professora de Ciências e Biologia do Colégio Semeador.

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