Depois da euforia, comerciantes de Ciudad del Este enfrentam credores e falta de estoque

O comércio passou quase sete meses fechado, sem poder adquirir produtos mais modernos e que atendam o que quer o comprador.

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

Agora, vem o mundo real. Depois de passar quase sete meses fechado, o comércio de Ciudad del Este viveu a euforia da reabertura da Ponte da Amizade. Mas a euforia pode se transformar em angústia ou felicidade, noticia o jornal La Nación.

“A euforia vai se convertendo em angústia ou em felicidade, de acordo com o volume de pessoas que entra em Ciudad del Este”, disse o empresário Omar Airaldi, da Câmara de Comércio e Serviços.

Segundo ele, a euforia foi pela vitória de reabrir a ponte. “Mas atrás vêm os problemas”.

Entre os problemas, o empresário citou a falta de estoque. “Há muitos produtos que já saíram da fase de efervescência tecnológica, e não se pode ir às compras porque não há tempo (de fazer estoque) para o final do ano”.

A angústia que o comerciante passa, explicou, é quando o comprador entra em sua loja e não encontra o produto que queria adquirir.

Há também a questão do dólar cotado a R$ 6. Mas Airaldi disse que “a diferença é só circunstancial”, e que o verdadeiro problema “é que cada vez mais há menos reais no bolso dos brasileiros”.

No entanto, para fazer uma previsão positiva, ele lembrou o que aconteceu nas cidades fronteiriças de Santana do Livramento (RS) e Rivera, no Uruguai, onde a abertura melhorou substancialmente o comércio, o que pode ocorrer também em Ciudad del Este.

7 milhões de compristas

A fronteira Brasil-Uruguai foi aberta em 5 de setembro. Até o dia 30 daquele mês, o comércio de Rivera já havia vendido 250% a mais do que em todo o ano de 2019″, disse Airaldi.

“Nós talvez tenhamos em toda a fronteira uns 7 ou 8 milhões de brasileiros, que é igual à população do Paraguai, mas que para o Brasil é só  um suspiro. Rssa pouca quantidade, dentro da população do brasil, no comércio fronteiriço do Paraguai é muito”, exlicou.

Só que existe para os comerciantes de Ciudad del Este “outro inconveniente: “Só o fato de abrir a ponte, os credores farão fila para cobrar as dívidas, e isso vai gerar desespero”. É principalmente por isso que pode mudar rapidamente a euforia inicial, disse.

Santana do Livramento e Rivera, praticamente uma única cidade. Foto Viagens & Turismo

Volta ao normal vai demorar

O vice-presidente da Câmara de Comércio e Serviços de Ciudad del Este, Juan Ramírez, também analisa de forma relativamente pessimista a possibilidade de recuperação do município. A estimativa é que, dentro de um ano, o movimento econômico vai representar apenas 70% do que era em 2019, como ele informou ao jornal Última Hora.

Juan Ramírez disse que os empresários estão cautelosos porque têm que levar em consideração a economia brasileira, que deve cair este ano mais de 5%, segundo as projeções de entidades financeiras internacionais. “E nós somos um reflexo disto”, afirmou.

“A economia se apequenou, mas, de todas as maneiras, foi muito agradável ver a reativação de atividades de parte das pessoas que fazem Ciudad del Este, os transportadores, principalmente”, afirmou.

A expectativa do comércio é que o movimento aumente até o feriado de 2 de novembro (Finados), que vai emendar com o final de semana e deve trazer muitos turistas a Foz do Iguaçu.

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