Na linha de frente da covid-19, no Paraguai, morreram 24 médicos e 21 enfermeiros

A primeira morte no Paraguai, por covid-19, foi justamente de um médico. Depois dele, cerca de 5 mil profissionais de saúde contraíram o vírus e morreram mais 24 médicos.

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Um total de 24 médicos paraguaios, de várias especialidades, e 21 enfermeiros morreram por covid-19 no Paraguai, desde o início da pandemia, noticia o jornal ABC Color, que não contabilizou outros profissionais de saúde, como assistentes de enfermagem, por exemplo.

A Diretoria Geral de Vigilância da Saúde informa que cerca de 5 mil profissionais de saúde foram infectados pelo novo coronavírus, o que representa 6% dos recursos humanos do setor.

É também o pessoal de saúde o que mais apresenta problemas psicológicos, por não ter possibilidade de tirar férias, pelo medo de contrair a doença e ainda pelos problemas hospitalares no dia a dia, como falta de insumos básicos e medicamentos.

A primeira pessoa que morreu com a doença no Paraguai foi justamente um médico, o neurocirurgião Hugo Díez Pérez, de Assunção, que contraiu o vírus ao prestar atendimento a um paciente argentino, que apresentava sintomas da doença, ainda praticamente desconhecida (apenas um dia antes havia sido confirmado o primeiro caso no Paraguai).

O dr. Hugo Díez Pérez morreu no dia 20 de março, aos 68 anos. Ele sofria de hipertensão e havia sido submetido, anos atrás, a um cateterismo.

Um ano depois do início da pandemia, a vacina imunizou apenas uma minoria do pessoal de saúde do Paraguai. .

UM ANO DA PANDEMIA

Neste domingo, 7, faz exatamente um ano que foi confirmado o primeiro caso de covid-19 no Paraguai, que marcou o início da pandemia. Foi num sábado, no ano passado, que o então ministro da Saúde, Julio Mazzoleni (que renunciou na sexta-feira, 5), anunciou que um homem de 32 anos havia contraído o vírus numa viagem ao Equador.

Dias depois, foi anunciada a suspensão de eventos com grande número de pessoas, as aulas presenciais e, finalmente, o fechamento das fronteiras como medidas para reduzir a propagação do vírus.

O último informe da Saúde Pública mostra que a pandemia deixou oficialmente 166.969 contagiados e provocou 3.294 mortes no Paraguai. O número de contágios, no sábado, era de 1.178, dos quais 300 eram pacientes em unidades de terapia intensiva.

VACINAS

As vacinas chegaram rapidinho, logo depois de anunciada a doação e em plena crise política no Paraguai. Foto Ministério de Saúde Pública

O Paraguai acertou a compra de vacinas russas Sputnik V, mas até agora só chegaram 4 mil doses, que mal chegam para imunizar 2 mil profissionais de saúde que atuam nas UTIs.

No sábado, 6, o Equador doou 20 mil doses de vacinas Coronavac. Segundo o ministro de Relações Exteriores do Paraguai, Euclides Acevedo, a doação foi resultado de uma negociação de quatro semanas entre os dois países.

Acevedo disse que foi um gesto de generosidade, reflexo da amizade entre Abdo Benítez e o presidente chileno Sebastián Piñera, e que também se dá no contexto do que foi discutido no Prosul, sobre a busca de equidade para a entrega equitativa de vacinas aos países.

O Prosul – Fórum para o Progresso e Desenvolvimento da América do Sul é um projeto idealizado pelo presidente Sebastián Piñera, criado em 2019 com apoio dos então presidentes do Brasil, Argentina, Colômbia, Paraguai, Peru, Equador e Guiana. Outros países, como a Costa Rica, se integraram ao novo bloco mais tarde.

As vacinas doadas pelo Chile permitirão imunizar mais 10 mil profissionais de saúde do Paraguai e começarão a ser distribuídas a partir de segunda-feira. Na quarta-feira, 20, a imunização deve ser iniciada.

A médica Soraya Araya, do Programa Ampliado de Imunização (PAI), disse que as vacinas são seguras e que requerem a aplicação de duas doses. Disse que a eficácia, para evitar casos graves de hospitalização e mortes, é de 100%; de 78% para evitar formas moderadas; e de 50,3% para formas leves de covid-19.

O jornal Última Hora comenta, com um leve estranhamento: “Até ontem, só haviam chegado 4 mil doses da vacina russa Sputnik, mas depois de ocorrerem os violentos eventos (as manifestações e a repressão), chegaram ao país 20 mil doses em menos de 24 horas depois do anúncio”.

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