As restrições impostas pelo novo decreto do governo paraguaio, que estabelece o toque de recolher das 20h às 5h, entre outras medidas, revoltou a Associação de Restaurantes do Paraguai.
Em protesto, a partir desta terça-feira, 27, quase 300 restaurantes do Paraguai, inclusive de Ciudad del Este,vão fechar as portas, por um período de 15 dias, e solicitarão ao Ministério do Trabalho, Emprego e Seguro Social a suspensão do trabalho para cerca de 15 mil funcionários, informa o jornal Última Hora.
A entidade se queixa dos escassos resultados e avanços para conter os casos de covid-19, por parte das autoridades nacionais, apesar de fazer apenas um mês desde a última vez que o setor gastronômico foi obrigado a fechar as portas às 20h, como agora, e a fazer entregas por delivery, que não compensam tanto como receber e atender os clientes nos estabelecimentos.
“Há um mês nos obrigaram a fechar durante 10 dias, como parte de uma estratégia para reduzir os níveis de contágio. O resultado foi que tanto os contágios como os óbitos aumentaram substancialmente nas semanas seguintes, ficando assim claramente demonstrado que nosso trabalho não é o causador dos contágios”, diz o comunicado da Associação de Restaurantes.
A entidade critica ainda mais o governo, considerando que é responsável pela administração da saúde pública com os meios necessários, mas também “deve garantir o trabalho, a educação e a economia, intervindo minimamente na restrição das liberdades”.
A associação já vinha há algum tempo desenvolvendo a campanha “Com protocolos não há contágios” e “não ao fechamento”.
ÕNIBUS LOTADOS
Em que pesem as novas medidas restritivas, os ônibus do transporte coletivo de Assunção continuam circulando lotados, “com muito mais passageiros do que é permitido pela pandemia”, noticia por sua vez o jornal ABC Color.
As empresas de transporte limitam a utilização de veículos, por alegarem prejuízos, e com isso nos pontos de ônibus as filas se alongam e, quando vem o veículo, é imediatamente lotado. Isso acontece há mais de dois meses, segundo o jornal.
A enfermeira Norma González, que utiliza o transporte coletivo para ir ao trabalho, queixa-se que sofre dupla exposição ao risco de contaminação: nos ônibus e depois nos hospitais.
“Quero fazer uma queixa direta ao presidente da República: quero saber por que há restrições para outras coisas e não para o transporte coletivo. Aqui nós subimos mal, há gente que não usa corretamente a máscara, por isso há pessoas que provavelmente se infectam nos coletivos. Até nas estribos está cheio de passageiros. É muito perigoso, muito arriscado”, disse a enfermeira.
MAIS DE 100 MORTES EM 24 HORAS
A previsão da Saúde Pública do Paraguai se confirmou na segunda-feira, 26: o país chegou a mais de 100 mortes por covid-19 em 24 horas. Foram 102, de domingo para segunda-feira, e o total de óbitos agora atingiu 6.002.
Há pessoas novas entre os mortos. Do total, 67 estavam na faixa de 60 anos ou mais; 31 entre os 40 e 59 anos; dois entre 20 e 39 anos; e dois entre zero e 19 anos.
Houve o registro de 2.271 novos contágios. De 7 de março até ontem, o total de casos chegou a 269.353, dos quais 221.631 se recuperaram.
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