BR 277

A leitura das entrevistas desta publicação* dá a medida das dificuldades enfrentadas por Foz do Iguaçu e toda a região em função da falta de comunicação (estrada) com o resto do Estado e do país. O propósito de superar o problema verifica-se ainda no final do século XIX, quando da formação da Comissão Estratégia do Paraná e da Colônia Militar de Foz do Iguaçu.

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A leitura das entrevistas desta publicação* dá a medida das dificuldades enfrentadas por Foz do Iguaçu e toda a região em função da falta de comunicação (estrada) com o resto do Estado e do país. O propósito de superar o problema verifica-se ainda no final do século XIX, quando da formação da Comissão Estratégia do Paraná e da Colônia Militar de Foz do Iguaçu. 

A tarefa, porém, se revelou acima da capacidade e dos recursos necessários, e a Comissão Estratégica não foi além das aberturas de alguns trechos que não passavam de picadas. A tão sonhada e reivindicada Estrada Estratégica para ligar Foz do Iguaçu à Capital do Estado só tomou alguma forma, ainda muito precária, em 1920, graças ao empenho do então “presidente” do Paraná, Affonso Alves de Camargo. 

Mais que uma obra planejada e executada por máquinas, a estrada foi resultado de mutirões da própria população ao longo do trajeto e da ação dos viajantes que, para transpor obstáculos, foram, ao longo do tempo, abrindo e melhorando trechos do caminho. 

Entre o final da década de 30 e o início da de 40, no governo de Getúlio Vargas, o primeiro mandatário que mostrou consciência da importância da região, a Estrada Estratégicas recebeu significativas melhorias e novo traçado, mas tudo continuou precário e exposto a deterioração por falta de conservação. 

A população de fronteira chega a década de 50 ainda se sentindo num “fim de mundo” intransponível por terra. Em 1954, o jornal iguaçuense ” A Notícia” encetou uma campanha que bem dava o tom do drama vivido pela população diante das dificuldades de comunicação e transporte. 

” Sem a sem a Estrada Estratégica, o Oeste do Paraná não pode respirar”, verberava o jornal. Artigo escrito por Antônio Damião Ferreira Neto, falecido em 1993, clamava pela Estrada Estratégica observando que Foz do Iguaçu chegou a ficar 90 dias sem que um caminhão pudesse trazer mercadorias à cidade desde Guarapuava ou Ponta Grossa. Até sem fósforo e cigarro a cidade ficou, além de combustível, alimentos e sal. 

Quem voltou a se interessar pela fronteira do Brasil com o Paraguai e a Argentina foi o presidente Juscelino Kubitscheck, na segunda metade da década de 50, com a construção da Ponte da Amizade, seguindo passos dados anteriormente por Getúlio Vargas com a criação do Parque Nacional do Iguaçu e outros investimentos. 

Iniciou-se o asfaltamento da estrada que cortaria o Paraná de Leste a Oeste, ligando Foz do Iguaçu a Paranaguá. Mas a obra partiu do Leste para o Oeste e se arrastou por duas décadas. Estava a cargo do Exército. Atingiu Ponta Grossa e empacou. Continuou até Guarapuava e novamente empacou. Mas as forças armadas tomaram o poder no país em 1964 e resolveram concluir a obra, o que conseguiram em 1969, quando os presidentes Costa e Silva e Alfredo Stroessner inauguraram a BR 277. 

Ao mesmo tempo, o Paraguai completava a ligação asfáltica de Assunção com o Brasil numa obra feita por brasileiros, e recebeu carta branca para transitar com seus produtos até o Porto de Paranaguá. Para Foz do Iguaçu e o Oeste do Paraná terminava o drama da “falta de respiração” de que falava “A Notícia” em 1954, e para o Paraguai terminava a asfixia que mantinha o país sem saída para o mar. 

*Fonte: Livro Foz do Iguaçu – Retratos, junho de 1997

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