A taxa de juros Selic cai 0.75 pontos e vai para 3% ano. Isso é bom ou ruim?

Por critério metodológico, prefiro sempre elucidar a pergunta feita: bom e ruim para quem? A resposta é: para a economia nacional. Mas especificamente, neste artigo, quem é a economia nacional?

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* Adnan El Sayed I OPINIÃO

Por critério metodológico, prefiro sempre elucidar a pergunta feita: bom e ruim para quem? A resposta é: para a economia nacional. Mas especificamente, neste artigo, quem é a economia nacional? Se refere às famílias, às empresas e os investimentos estratégicos. Sobre a queda dos juros oficiais, primeiramente vamos entender o encadeamento lógico por trás dos efeitos à economia.

A diminuição da taxa de juros é considerada um fator fomentador dos investimentos privados e do consumo das famílias, isso porque a uma taxa menor o empresário prefere tomar dinheiro emprestado para investir em seus negócios que terão lucro maior que o juros e as famílias podem usufruir de créditos para seus consumos a menores juros. Em um momento de recessão ou crise profunda, como o que vivemos hoje, talvez o fator mais influenciado e de maior importância é o segundo: o consumo das famílias. Isso porque a incerteza futura e a falta de perspectiva de curto prazo faz com que o empresário não invista ainda que com juros baixíssimos. 

Dito isso, vamos à prática da taxa de juros! A Selic é a taxa oficial prefixada pelo Banco Central e deveria servir de parâmetro para as taxas de juros dos bancos comerciais, no entanto não é exatamente o que acontece. Enquanto hoje a Selic cai para 3% ao ano, vemos facilmente os bancos comerciais praticando taxa que chegam a 8% ao mês, senão mais. As famílias que poderiam se beneficiar e ajudar no aquecimento da economia via consumo, têm acesso a estas taxas específicas e não à taxa Selic. A tendência da queda dos juros gerais pela queda da taxa Selic não se observa estritamente e isso acaba por beneficiar muito mais os bancos comerciais com um superlucro da diferença entre estas duas taxas, e o dinheiro não chega a quem precisa pelo preço que deveria e nem assume o papel de estimular o aquecimento econômico. A Selic baixa é importante, no entanto pouco efetiva na prática.

Isso ocorre porque existe quase que um monopólio no setor financeiro. Em torno de 80% dos recursos financeiros estão concentrados na mão de 4 grandes bancos: Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica. Praticamente um cartel do qual fazem parte dois bancos públicos e dois bancos privados. Portanto, a primeira solução passa por abrir o setor para novas instituições financeiras, ou seja, gerar concorrência! Outra medida seria o governo tomar decisões em relação à atuação dos bancos públicos (Banco do Brasil e Caixa Econômica) para que não mais compactuem tal prática prejudicial. Isso focando mais no consumo das famílias, pois, como citado, no momento de crise os investimentos pouco se influenciariam pela taxa de juros.

Uma taxa de juros baixa seria um bom instrumento de fomentar o aquecimento da nossa economia e ajudar as famílias nestas circunstâncias críticas. Obviamente que um programa de crédito nestes moldes deveria vir junto com um programa de educação financeira para que o empréstimo de hoje não vire uma dívida impagável no futuro e uma prisão do cidadão pelo sistema financeiro. Aliás, sobre a educação financeira, aí está um tema interessante para um próximo artigo ou debate!

Adnan El Sayed é economista e empresário.

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