Baixa do Rio Paraguai permite retirar barco paraguaio que lutou na guerra da Tríplice Aliança

Barco a vapor Paraguarí, o maior do Paraguai na época, será reconstruído pela Marinha, como patrimônio histórico.

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A baixa do Rio Paraguai fez reaparecer o histórico barco a vapor Paraguarí, usado em batalhas na guerra da Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai, entre 1865 e 1870).

O barco, que está perto da Ponte Remanso, no município de Mariano Roque Alonso, a 17 km de Assunção, está sendo retirado da água, aos poucos, para depois ser remontado, como num quebra-cabeças.

Construído na Inglaterra, o barco foi comprado pelo Paraguai em 1860. Ele era utilizado para transporte de pessoas e mercadorias entre Assunção e Buenos Aires e dali também a Montevidéu. Era o maior e mais luxuoso da frota paraguaia, com capacidade para transportar 700 toneladas de carga, a uma velocidade de 13 nós.

A tripulação era composta por 58 homens, para manejar os maquinários. Tinha 28 camarotes fechados e podia transportar pelo menos 150 pessoas.

Mas, com a guerra, o Paraguarí deixou de cumprir suas funções de transporte. Foi equipado com armamentos e soldados e saiu a enfrentar as marinhas do Brasil e Argentina, junto com os outros sete barcos da armada paraguaia. Os oito barcos levavam 30 canhões e 400 marinheiros.

Na batalha de Riachuelo, em junho de 1865, o Paraguari foi encurralado pelo vapor imperial brasileiro Paranhiba. Os paraguaios tiveram que encalhar o barco num banco de areia e, pra evitar que os brasileiros ficassem com a embarcação, puseram fogo.

Depois da batalha de Riachuelo, o Paraguarí deixou de ter importância, pelos danos que sofreu ao bater no banco de areia e pelo incêndio. Cinco meses depois, foi resgatado e levado a Humaitá, onde foi afundado em um dos canais de acesso do Rio Manduvirá.

Muitos anos depois, um empreendimento privado conseguiu resgatar o casco da enorme estrutura do barco. No entanto, quando o casco era levado a Assunção pelo Rio Paraguai, soltou-se do rebocador e terminou no local onde está hoje. Com as águas baixas, é possível perceber sua real dimensão.

O historiador Fabián Chamorro afirma que a recuperação do navio é vital, porque faz parte da história paraguaia. "Os patrimônios são importantes porque contam uma história. Neste caso, pode contar-nos como era o comércio naquela época e, mesmo, como foi a guerra", disse.

Técnicos da Diretoria de Estudos, Antropologia, Arqueologia e Paleontología da Secretaria Nacional da Cultura e da Comissão Nacional de Recuperação do Patrimônio Tangível da História do Paraguai estiveram no local, na semana passada, para garantir que não se tenha movido ou furtado alguma coisa do navio, já que vizinhos do local contaram que isso estava ocorrendo.

Peças estão sendo vigiadas para que não sejam furtadas, como vinha ocorrendo em outras baixas do rio. Foto Pánfilo

As partes de ferro do navio estão sendo cortadas, para que possam ser retiradas do rio, mas com cuidado. Depois, o material será levado à Marinha, para ser reconstruído.

Prevê-se que o trabalho de retirada das partes do barco e de limpeza da estrutura leve ao menos três meses.

Fonte: reportagem especial de Aldo Benítez para o jornal La Nación

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