Brasil vai ultrapassar Espanha em número de mortes pela covid-19, neste fim de semana

Nos próximos dias, pode passar também a França, hoje em quarto lugar em número de mortes no ranking mundial.

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

A Espanha já disputou com a Itália o primeiro lugar em número de mortes pela covid-19, em abril. Os casos continuaram aumentando, mas hoje a Itália está em terceiro lugar, atrás dos Estados Unidos e do Reino Unido. E a França superou a Espanha e está em quarto lugar, conforme mostra o painel da universidade americana Johns Hopkins.

O Brasil vem logo atrás – por enquanto, em sexto lugar. Mas vai subir inevitavelmente de posição até fechar esta semana. Deve ultrapassar a Espanha com facilidade, e provavelmente também a França, subindo assim para o quarto lugar em número de mortes, aproximando-se da Itália.

A matemática é simples. Nos últimos três dias, de terça-feira, 26, até esta sexta, 29, a Espanha registrou 1.647 novos casos de covid-19 (soma agora 237.906) e apenas duas mortes (que chegam a 27.119 nesta sexta).

O Brasil, nos mesmos três dias, confirmou mais 63.340 casos, que agora são 438.238. E nada menos que 3.281 mortes, uma média de 1.093 mortes a cada 24 horas. O total soma 26.754.

Em número de casos confirmados, o Brasil mantém-se em segundo lugar, bem distante dos 1.721.925 registrados nos Estados Unidos, primeiro em casos e em mortes (101.621).

Em mortes, o Brasil está apenas com 365 menos que a Espanha, onde a mortalidade pela covid-19 aproxima-se de zero.  

Na virada desta sexta-feira, 29, para sábado, 30, o Brasil vai passar a Espanha nesta trágica "competição". E nos próximos dias – poucos – vai deixar para trás a França, com suas 28.665 mortes.

Mantido o ritmo de mortalidade no Brasil, a Itália também não será difícil de alcançar, em curto prazo: são 6.388 mortes a mais. Os índices de crescimento, por lá, começaram a cair a partir de 27 de março, quando se aproximavam de 1.000 por dia. Estão atualmente na casa de uma centena ou menos.

Proporção

Os críticos de plantão, que às vezes também se fazem de cegos às evidências, sempre lembram: não valem os números absolutos, tem que comparar em relação à população.

Antes de fazer isso, analise os fatos: a Espanha registrou o primeiro caso da doença em 31 de janeiro. Ninguém acreditou no estrago que faria. A resposta do governo foi lenta. Resultado: em 20 de março, já passavam de mil mortes por dia.

Depois de muitos testes rápidos, fechamento de fronteiras e outras medidas de quarentena, a Espanha voltou a ter menos casos e mortes que a Itália. Em maio, a curva da pandemia começou a cair progressivamente e, em consequência, também o número de mortes.

A população espanhola é 4,6 vezes menor que a brasileira. Mas o Brasil registrou o primeiro caso de covid-19 em 26 de fevereiro, quase um mês depois da Espanha. E também demorou a adotar providências.

Pior: faz poucos testes na população e a pandemia avança a mais de 20 mil casos confirmados por dia e, em média, são mil mortes a cada 24 horas, atualmente. E, quanto mais casos, mais mortes. Quando se chegará ao ápice desta curva, antes que haja um controle da pandemia? Ninguém arrisca um palpite.

Mas, para quem gosta de pensar em proporções, o número de mortes pela covid-19, na Espanha, representa 0,05% da população. No Brasil, "apenas" 0,01%. Isso equivale a também "apenas" 10% da população da cidade de Foz do Iguaçu.

Porém, a Espanha reduziu as mortes a zero. O Brasil, está na média de 1.000 por dia. Logo, mesmo proporcionalmente, superaremos a Espanha; depois, França e Itália.

Proporcionalmente, os 101.621 mortos nos Estados Unidos também representam menos que os mortos da Espanha (a porcentagem é de 0,03% de mortes em relação à população americana), mas pergunte se os americanos conscientes não lamentam esse desastre humano, com vítimas fatais superiores a todos os soldados que morreram na Guerra do Vietnã.

Oficialmente, morreram 58.200 soldados americanos no Vietã. Covid-19 já matou quase o dobro.

Como frear a mortalidade

Parece claro que o Brasil está perto do pico da pandemia de covid-19. É inevitável que casos e mortes continuem crescendo, ainda mais que existem fatores a complicar tudo: baixo número de testes, situação sanitária deficiente em estados do Norte e Nordeste, especialmente, e falta de conscientização de grande parte de sua população.

E nem é preciso ir longe: a Prefeitura de Foz viu-se obrigada a fechar alguns bares onde, além de não serem cumpridas quaisquer normas de prevenção sanitária, os frequentadores ainda ironizavam a quarentena, enquanto bebiam e faziam rodinhas festivas.

Abuso e interdição. Sem respeito aos protocolos sanitários, Brasil pode avançar rumo à tragédia.

Se é também óbvio que não dá pra fechar o país inteiro e deixar que morram todos à míngua, é preciso lembrar que o descontrole pode colapsar a saúde pública (em alguns estados isso já está acontecendo) e a consequência será simplesmente desastrosa.

Cuidar é preciso. Sobreviver é preciso.

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