Ciudad del Este ganha mais um curso de Medicina. Adivinhe quem vai pra lá?

A cidade se firma como a Meca da Medicina para estudantes brasileiros. Embora haja os que prefiram estudar na Argentina, onde o curso é gratuito.

Apoie! Siga-nos no Google News

A Universidade de Integração das Américas – Unida, filial de Ciudad del Este, abre mais uma chance para os brasileiros que querem estudar Medicina no Paraguai. A aula inaugural do primeiro semestre do curso será no dia 26 de março. E as matrículas, para no máximo 300 alunos, se encerram no dia 28 de fevereiro, segundo o decano Carlos Morinigo, que aliás é ex-vice-ministro de Saúde Pública do Paraguai.

Morinigo acredita que cerca de 200 dos 300 alunos serão brasileiros, porque a procura por Medicina – não só no Paraguai, como na Argentina e Bolívia -, aumenta a cada ano, já que no Brasil não foi autorizada a abertura de novos cursos e passar no vestibular é quase tão difícil quanto acertar na Mega Sena (aliás, acumulada em R$ 32 milhões pro próximo concurso).

O decano da Unida diz que, pra esse primeiro semestre, a mensalidade será de 1,5 milhão de guaranis. Ou pouco mais de R$ 900, mais ou menos o que cobram outros cursos de Medicina em Ciudad del Este e em Assunção, as cidades mais procuradas por brasileiros.

A filial da Unida em Ciudad del Este foi aprovada me resolução do Conselho Nacional do Ensino Superior do Paraguai, condição para a instituição ser considerada legal. Em resoluções anteriores, o Cones já havia aprovado os dois cursos da Unida, o de Medicina e o de Administração de Empresas. 

O curso de Medicina tem duração de seis anos, ou 6.285 horas de aulas presenciais.

Mais uma informação repassada pelo decano Morinigo: o reitor emérito da Unida é o embaixador brasileiro João Clemente Baena Soares, presidente do Instituto Latino-Americano de Educação. Foi ele o criador da instituição.

Como o número de vagas é limitado, os interessados devem procurar fazer matrícula o quanto antes, alerta Morinigo.

Meca da Medicina 

Reportagem de Denise Paro, publicada aqui no H2Foz em junho do ano passado, mostra que há cerca de 15 mil estudantes de Medicina em Alto Paraná (Ciudad del Este é a capital), dos quais 98% são brasileiros (leia aqui

O valor do curso, somado a algumas facilidades, como a proximidade com Foz do Iguaçu, é o que mais atrai brasileiros de todos os cantos. Mas, claro, o grande motivo é que as universidades brasileiras têm vagas insuficientes, as particulares são muito caras e o governo não aprova novos cursos.

Com a saída dos cubanos do Programa Mais Médicos, que não exige o Revalida, abre-se ainda mais a possibilidade de emprego para os qe cursam no exterior. E cresce o interesse de brasileiros em fazer Medicina no Paraguai, na Bolívia e na Argentina (e até em Cuba). 

Para quem estuda no exterior, o Programa Mais Médicos é uma boa opção para iniciar a carreira. O outro caminho é participar do Revalida, programa para obter o CRM e ingressar no mercado de trabalho.

Nos últimos anos, aumentou o número de brasileiros com diplomas paraguaios que participam do Revalida. Já a participação de médicos brasileiros formados em países como Argentina e Peru cresceu menos ou permaneceu no mesmo patamar.

 

Na Argentina

Universidade de La Plata. De 3.000 alunos, 500 brasileiros. Fot de Patricio Pidal, AFV

Mas estudar Medicina na Argentina é também uma opção interessante, pra quem não consegue passar em vestibular de universidade pública no Brasil. 

Reportagem do La Nación mostra que, só na Univeridade de La Plata (La Plata é a capital da província de Buenos Aires), o curso de Medicina foi procurado em 2018 por 3.055 alunos, entre os quais mil eram estrangeiros e metade desses do Brasil. Segundo as autoridades de educação da Argentina, o número de estrangeiros, Brasil à frente, sobe muito a cada ano.

Como desde 2015 não há um exame eliminatório pra cursar Medicina na Argentina, "os estrangeiros fazem as contas e veem que é mais conveniente instalar-se na universidade de La Plata e cursar aqui do que pagar por sua formação em seu país de origem", disse ao La Nación a decana de Medicina Ana Lía Erracalde.

Um brasileiro contou ao jornal que, no Brasil, trabalhou como gerente em dois bancos, com salário perto de R$ 8.000. "Nunca pude pagar os R$ 10 mil por mês que custa estudar Medicina", disse. "Mas aqui a faculdade é gratuita e  posso me manter com minhas poupanças. Minha ideia é continuar aqui e exercer medicina em um hospital".

Não é esta a ideia da maioria dos que fazem Medicina na Bolívia ou no Paraguai. Quase a totalidade pensa apenas em concluir o curso e voltar para casa, para tentar a sorte na profissão. O que não será muito difícil, já que nos próximos anos a tendência é aumentar a demanda por médicos, especialmente nas regiões menos desenvolvidas do país.

LEIA TAMBÉM

Comentários estão fechados.