Contrabando em alta, de um lado e outro da fronteira Brasil-Paraguai

Parece que o fechamento das fronteiras entre os dois países só vale mesmo para a população honesta.

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

Do lado paraguaio: a Armada do país encontrou mais de meia tonelada de maconha prensada, na reserva biológica Itabó, em Hernandarias, às margens do Lago de Itaipu.

A maconha estava escondida na vegetação, à espera de uma embarcação para ser enviada ao Brasil. A droga foi vista por um helicóptero da Armada Paraguaia, que informou a Secretaria Nacional Antidrogas, para fazer a apreensão, informa o jornal La Nación.

Do lado de cá: há pelo menos 20 pontos de embarque e desembarque, em ambas as margens do Rio Paraná, para levar produtos brasileiros ao Paraguai, principalmente frangos, embutidos e ovos.

Em Ciudad del Este, o jornal Última Hora constatou que esses produtos estavam à mostra, ao ar livre, no Mercado de Abastecimento.

"Ninguém sabe por onde entram, mas estão ali", diz o jornal, que considera insuficientes os controles feitos pelas patrulhas militares da Prefeitura Naval del Este e das Aduanas.

Suspeitas

"Ou, então, existe cumplicidade entre os uniformizados e os contrabandistas", prossegue o jornal, citando a denuncia de Rodrigo Alderete, representante da Associação dos Avicultores do Paraguai.

É a mesma versão apresentada pelo advogado Édgar Cuevas, do setor Anticontrabando da União Industrial Paraguaia. Ele diz que as instituições de controle ou investigação não intervêm nos carregamentos de contrabando em território paraguaio.

Haveria cumplidade de funcionários da Aduana, de militares da Marinha e também de outras instituições, como o Serviço Nacional de Qualidade e Sanidade Vegetal e de Sementes e do Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Animal, responsáveis pelos controles na fronteira, dentro do território paraguaio, e sobre o tráfego de mercadorias nas rodovias do país.

No mercao de abastecimento de Ciudad del Este, produtos de contrabando são expostos livremente. Foto Última Hora

O administrador de Aduanas em Ciudad del Este, Nelson Fleitas, afirmou que propôs aos representantes das associações de produtores que designassem um funcionário para acompanhar os controles aduaneiros na zona primária da Ponte da Amizade, mas ninguém foi enviado para esta tarefa.

Ele conta que teve uma reunião com a Unidadd Interinstitucional de Prevenção, Combate e Repressão ao Contrabando e com representantes dos produtores, no dia 13 deste mês, em que pediu um mecanismo de controle pelo setor privado. Não teve resposta.

O capitão Walter Díaz, comandante da Prefeitura Naval del Este, garante que são feitas diariamente apreensões de contrabando no Rio Paraná, normalmente de pessoas surpreendidas nas passagens clandestinas.

Sem restrição à pesca no Brasil

“Temos um problema com o Brasil, que não restringe a presença de pescadores no lado brasileiro, e essas embarcações são também potenciais responsáveis pela passagem de pessoas e mercadorias, mas não podemos fazer nada porque estão no lado brasileiro", critica o capitão.

O representante da Avipar diz que "temos 20 pontos georreferenciados (de passagem de contrabando), mas é um informe confidencial, que não posso tornar público".

A Aduana paraguaia abriu processo administrativo contra funcionários depois de serem encontrados carregamentos ilegais nos últimos meses, na zona primária da Ponte da Amizade. Porém, a Avipar diz que o contrabando continua atingindo o setor, com perda de vendas de 2 milhões de quilos por mês.

Ele reconhece que abril foi um mês bom, "tanto que é preciso felicitar a Aduana e as pessoas que estiveram comprometidas. Foi um mês exitoso", diz.

Maio, no entanto, voltou ao "normal", com aumento do contrabando diário do Brasil para o Paraguai.

E de drogas, cigarros e muamba do país vizinho para o Brasil, vale lembrar. Contrabando é via de duas mãos aqui na fronteira Brasil-Paraguai.

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