Crime organizado quintuplicou integrantes no Paraguai, em menos de um ano

Eram 100, em agosto de 2018, passaram a 528, em junho de 2019, último dado disponível. Do total, 150 eram brasileiros.

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Nas abarrotadas prisões paraguaias, o crime organizado encontrou terreno fértil para arrebatar simpatizantes, em troca de favores como comida e advogados.

O Departamento de Inteligência contra o Crime Organizado do Paraguai informou que os principais chefes dos grupos criminosos de origem brasileira estavam entre os foragidos da Penitenciária de Pedro Juan Caballero, segundo reportagem do ABC Color.

O número de bandidos que pertencem a facções criminosas – Primeiro Comando da Capital (PCC), Comando Vermelho e Primeiro Grupo Catarinense – quintuplicou entre agosto de 2018 e junho de 2019, conforme os últimos cadernos apreendidos com esses dados.

Eles somavam cerca de 100 e passaram para 528 nesse período de dez meses. Desse total, 150 eram brasileiros e os demais paraguaios.

Esse aumento se deve à tática dos grupos criminosos, que fornecem alimentos e pagam advogados para os presos e, em troca, são "batizados" nas organizações. Quando em liberdade, têm que pagar uma taxa mensal do produto de seus roubos. E não é baixa: 60% do que conseguem vai para a organização.

Só no ano passado, segundo o serviço de inteligência paraguaio, os criminosos arrecadaram US$ 40 milhões, dinheiro suficiente para comprar armas e financiar o bem-estar dos companheiros presos.

É exatamente esse tributo exagerado que inibe o aumento das fileiras do crime organizado, segundo o serviço de inteligência paraguaio, principalmente para criminosos de menor periculosidade.

Fonte: ABC Color

As prisões

Quadro preparado pelo jornal La Nación com os números e dados sobre presos paraguaios.

As prisões paraguaias estão superlotadas. Elas têm capacidade para 9.500 presos, mas albergam 15.477. O número de presos cresce em média 6% ao ano, ou cerca de 900 detentos, que vão para essas prisões superlotadas.

Se nada for feito, serão 25 mil detentos daqui a dez anos, o que provocará o colapso das 18 penitenciárias do país – ou 27, se forem incluídas as instituições de reinserção de pessoas condenadas.

"A situação – diz o jornal La Nación – é resultado da falta de políticas contra a criminalidade por parte do Estado, que fomenta a repressão, mas não a prevenção e nem um plano de reinserção social,depois que os detentos cumprem  suas penas".

O Mecanismo Nacional de Prevenção da Tortura, instituição estatal, informa que, dos 15.477 detentos, apenas 26% (4.024) foram condenados, entre os homens. Os outros 11.453 encarcerados não têm nenhuma informação sobre o tempo que ficarão presos nem sequer qual é a acusação exata do motivo da prisão. Os índices são similares para as detentas.

Os motivos para a prisão mais frequentes no Paraguai, em relação a pessoas, são o homicídio doloso (14,11%), o abuso sexual de crianças (4,99%), a coação sexual (3,42%) e lesão grave (1,64%).

Em relação propriedade à privada, o estudo mostra que em primeiro lugar está o roubo agravado (22,57%), em seguida o furto agravado (10,16%), em terceiro o furto (2,91%) e em quarto o roubo (2,89%).

Há, ainda, 17,51% dos presos por tráfico de drogas. É um dos crimes com um aumento considerável nos últimos anos, diz o La Nación.

Fonte: La Nación

Até o final do ano, devem ficar prontas três prisões como essa, o que deve amenizar a superlotação.

Novas penitenciárias

A situação no Paraguai deve ser amenizada com a entrega de três penitenciárias, até o final do ano, que estão sendo construídas em Emboscada (duas) e em Minga Guazú.

As três têm capacidade para abrigar, no total, 5.760 presos. Este aumento da capacidade resolverá, praticamente, o problema da superlotação atual. Mas a taxa de prisão é maior do que a capacidade construtiva.

Texto e foto: jornal Hoy

No Brasil

A situação de superlotação nas prisões não é um problema exclusivo do Paraguai. Ao contrário, é também gravíssimo no Brasil.

Números divulgados em agosto de 2019, mas baseados em dados de 2018, revelavam que havia 66% mais presos do que a capacidade dos presídios brasileiros. As prisões podem abrigar 437.949 detentos, mas empilhamvam-se nas celas exatamente 729.949.

O levantamento também mostrou que, em 2018, 1.424 presos foram mortos em presídios. Houve ainda 23.518 fugas.

O encarceramento em massa, no Brasil, está diretamente ligado ao tráfico de drogas. A maioria dos detentos está atrás das grades, na maioria dos casos, por traficar pequenas quantidades, o que é criticado por especialistas.

Fonte: Conjur

 

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