ENEM: dirigentes da Unioeste e de outras seis universidades do Paraná pedem adiamento do exame

Manutenção da data da prova poderá aumentar desigualdade de oportunidade entre os jovens, diz a nota.

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H2FOZ – Paulo Bogler

A sociedade brasileira está envolvida em iniciativas para reduzir danos e superar, de forma segura, a atual pandemia de covid-19. Com essa introdução, dirigentes das sete universidades estaduais paranaenses solicitam ao governo federal o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), previsto para novembro. 

Elas fazem parte da Associação Paranaense de Instituições Públicas de Ensino Superior (APIESP), signatária da nota pela reprogramação das datas do ENEM. Criada em 1994, a entidade reúne Unioeste – com campus em Foz do Iguaçu –, UEL, UEM, UEPG, Unicentro, UENP e Unespar. 

Com o distanciamento social, diz a nota, há menor acesso dos estudantes a equipamentos, além do "desafio de manter as condições básicas de existência". Nesse contexto, prossegue a APIESP, o risco é de se tornarem ainda mais desiguais as oportunidades entre os jovens, podendo resultar em "lapso irreparável de ocupação de vagas no ensino superior pelos estudantes das escolas públicas".

Em seu posicionamento, a associação das universidades públicas do Paraná cita que a suspensão das aulas em todos os níveis levou professores e estudantes a novas alternativas de ligação entre as instituições de ensino e as comunidades. Entretanto, ressalta o documento da APIESP, é necessário observar-se as condições sociais e econômicas dos alunos. 

"Tanto os estudantes de ensino médio como os de nível superior, dadas as condições econômicas da população brasileira, são, em sua maioria, trabalhadores e filhos de trabalhadores que sentem, neste momento, as consequências financeiras e emocionais provocadas pela incerteza no mundo do trabalho, pelo cuidado necessário com familiares idosos ou doentes", expõe a nota dos dirigentes universitários.

A publicação lembra que estados, municípios e rede particular adotaram atividades educacionais não presenciais.  Mas, conforme a APIESP, as condições de acesso à internet e aos equipamentos de comunicação são desiguais. 

"Ainda que de forma paliativa e precária, o modelo não atinge todos os estudantes brasileiros que pretendem realizar a prova do ENEM – esta que é a mais acessível condição para que boa percentagem de jovens das classes populares acesse o ensino superior", pontua a associação.

O que diz o MEC 

A equipe do Ministério da Educação (MEC), órgão responsável pelo ENEM, tem afirmado que dialoga com o Ministério da Saúde sobre as medidas a serem tomadas diante do quadro de pandemia. O adiamento das provas, sustenta o MEC, seria prejudicial ao acesso dos estudantes à universidade.
 
Conforme números fornecidos pelo governo federal, o ENEM 2020 registrou 2.382.237 inscritos, até as 16h dessa quarta-feira, 13. São 2.286.611 candidatos para a versão impressa do exame e 95.626 inscrições para a prova digital. As inscrições terminam em 22 de maio. As provas do exame impresso estão previstas para 1º e 8 de novembro. 

Pela nota 

Com a nota do ENEM, estudantes brasileiros buscam vaga no ensino superior público por meio do Sistema de Seleção Unificada. O exame também possibilita o acesso a bolsas integrais e parciais e financiamento estudantil na rede privada de ensino superior. No ano passado, 3,9 milhões fizeram a prova. 

Leia nota da APIESP na íntegra

APIESP solicita adiamento do ENEM

Os dirigentes das Universidades Estaduais que compõem a APIESP – Associação Paranaense de Instituições Públicas de Ensino Superior, UEL, UEM, UEPG, UNIOESTE, UNICENTRO, UENP e UNESPAR, considerando o edital 25, de 30 de março de 2020, publicado pelo INEP, que estabelece o calendário ENEM para este ano, manifestam-se no termos a seguir.

Neste momento, em números oficiais, o Brasil possui mais de 160.000 pessoas contaminadas e acima de 12.000 mortos pela COVID-19, doença provocada pelo novo CORONAVÍRUS. Governos, dirigentes de instituições, empresários e todo o sistema de saúde do país, assim como institutos e organizações não governamentais encontram-se em atividades para reduzir danos e buscar uma saída segura da situação, cuja causa e consequências não são facilmente controláveis.  

Entre as medidas, acertadas, o isolamento social e, especialmente, a suspensão de aulas em todos os níveis de ensino obrigou dirigentes, professores e estudantes a buscarem formas alternativas para a necessária conexão entre instituições escolares e a comunidade. Entretanto, tanto os estudantes de ensino médio como os de nível superior, dadas as condições econômicas da população brasileira, são, em sua maioria, trabalhadores e filhos de trabalhadores que sentem, neste momento, as conseqüências financeiras e emocionais provocadas pela incerteza no mundo do trabalho, pelo cuidado necessário com familiares idosos ou doentes.

Diversos estados e municípios, assim como escolas privadas, instituíram atividades educacionais remotas. No entanto, o acesso aos equipamentos de comunicação e à rede WWW não é igual para todos e, ainda que de forma paliativa e precária, o modelo não atinge todos os estudantes brasileiros que pretendem realizar a prova do ENEM – esta que é a mais acessível condição para que boa percentagem de jovens das classes populares acesse o ENSINO SUPERIOR.

Em condições normais, maior parte de jovens trabalhadores necessita do auxílio de professores e outras pessoas, inclusive, para realizar a inscrição para a prova, quando não deixam de o fazer pelo simples fato de não serem lembrados e motivados pelas escolas onde estudam ou pelos grupos mais próximos. Nessas condições atuais, de isolamento social, de menor acesso a equipamentos e do desafio de manter as condições básicas de existência, corre-se o risco de se ampliar ainda mais a distância de oportunidade entre a juventude brasileira e, consequentemente, provocar um lapso irreparável de ocupação de vagas no ensino superior pelos estudantes das Escolas Públicas.

Todas as Universidades Brasileiras que possuem processo próprio de seleção, certamente, devem alterar seus calendários para provas.

Neste sentido, as Universidades Estaduais Paranaenses solicitam ao Ministério da Educação que prorrogue o prazo para inscrições e adie a data de realização das provas do ENEM.

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