Usuários do transporte coletivo em Foz do Iguaçu receberam com reprovação o reajuste no preço da tarifa, que passou de R$ 3,75 para R$ 3,95 nessa sexta-feira, 1º. Ontem, estudantes e integrantes de sindicatos e movimentos sociais fizeram ato público e panfletagem no Terminal de Transporte Urbano (TTU), em protesto contra o aumento.
Para os passageiros ouvidos pelo H2FOZ no TTU, a tarifa cobrada no município é cara e não condiz com a qualidade do serviço prestado. Formado por três empresas, o Consórcio Sorriso opera o sistema por meio de contrato firmado em 2010, com duração de 15 anos.
A prefeitura justificou o reajuste – acima de 5% – como obrigação contratual entre o município e as empresas que exploram o serviço. A gestão afirmou que o aumento representa o índice da inflação do período (leia a nota na íntegra abaixo).
Além de distribuírem informativo no terminal, integrantes de entidades sociais e estudantis vão à sessão da Câmara Municipal nesta terça-feira, 5, às 9h, pedir envolvimento dos vereadores para a realização de audiência pública para que a população possa debater todo o sistema de transporte público na cidade.
"Lata de sardinha"
À espera do ônibus para voltar à sua residência no Cidade Nova, Jandira dos Santos reclamou do reajuste. "Não achei legal mais esse aumento, mas temos que pagar, dependemos de ônibus. Sou obrigada a usar o transporte público, preciso ir trabalhar", disse.
Para ela, devido ao calor em Foz do Iguaçu, todos os ônibus deveriam de ter ar-condicionado. "Acho injusto que só alguns ônibus tenham ar", apontou. Jandira usa diariamente as linhas 10 e 70, que ligam seu bairro ao local de trabalho na região central.
Estudante de Ciências da Computação na Unioeste/Foz, Johann Teixeira Maciel utiliza a linha Itaipu para frequentar as aulas no Parque Tecnológico Itaipu (PTI). "Não gostei, não aprovo e não concordo com a justificativa apresentada pela prefeitura para o aumento", enfatizou o morador do bairro Copacabana.
Para ele, o preço da passagem não é condizente com a qualidade do serviço. Johann criticou a falta de outros terminais: "Só tem um em toda a cidade", disse. Também reclamou da frequência dos ônibus: "Nos horários de pico, em linhas como a Morumbi, por exemplo, você se sente dentro de uma lata de sardinha, de tanta lotação".
Depois da isenção, o aumento
Morador da região central, Temístocles de Souza pega a condução diariamente para trabalhar como auxiliar de loja em uma grande rede de supermercados. O comerciário relembrou que as empresas de ônibus foram contempladas recentemente com renúncia fiscal concedida pelo município.
"Aumento agora é um absurdo, as empresas de ônibus acabaram de ganhar uma grande isenção de impostos da prefeitura para instalar ar-condicionado", refletiu. "Eu acho que dava para segurar um pouco mais esse reajuste. Eu não acho barato o preço, e a qualidade deixa a desejar, pois os ônibus estão sempre cheios e nos domingos e finais de semana diminui muito o fluxo", relatou.
Prestadora de serviços em um banco na cidade, por meio de empresa de terceirizada, Alessandra da Silva recorre à linha 55 para fazer o trajeto entre a Vila A, bairro onde mora, e o centro, onde trabalha. À reportagem, disse que não é favorável ao aumento do custo da tarifa.
"Ficou muito caro o valor de R$ 3,95. Para subir o preço da passagem, deveriam colocar mais ônibus nas linhas para diminuir a lotação. Não sou a favor desse reajuste, não", declarou Alessandra.
Transporte público deveria ser opção
Entrevistado no programa Marco Zero, produção do H2FOZ e Rádio Clube FM, o radialista iguaçuense Guilherme Wojciechowski destacou que, historicamente, o transporte público em Foz do Iguaçu sofre de deficiências. "Nunca houve um momento na história da cidade em que o iguaçuense pôde dizer que nosso transporte é bom e barato."
Usuário do serviço e pesquisador de temas ligados ao transporte público e à mobilidade urbana, Guilherme lembrou que por muito tempo a tarifa no município foi uma das mais caras do Paraná, acima inclusive de Curitiba, a capital do estado.
"Transporte público deveria ser um direito da população. Poderia ser uma opção, o cidadão deveria decidir por esse serviço, mas por não ser prático e eficiente só é usado por quem não tem condição de comprar um carro ou moto", apontou.
Assista à entrevista de Guilherme Wojciechowski na íntegra:
Radialista, usuário do sistema de ônibus e pesquisador de temas ligados ao transporte público, Guilherme Voiticóviski esteve conosco para falar do impacto desse aumento do preço da passagem, as condições do serviço e mobilidade urbana. Assista na íntegra: https://youtu.be/KNUx2tPoLlo #marcozero #cidade #transporte
Posted by H2FOZ on Friday, November 1, 2019
Leia a nota da Prefeitura de Foz sobre o aumento da passagem:
Por conta de um contrato assinado em 2010 com o Consorcio Sorriso, a Prefeitura obrigatoriamente terá que reajustar a tarifa do transporte público de Foz do Iguaçu a partir do dia 1º de novembro de 2019.
Os motivos para o reequilíbrio tarifário obrigatório levam em consideração o aumento do combustível, a data-base dos trabalhadores – período do ano destinado à correção salarial de motoristas e cobradores – aumento de insumos e a inflação.
Na sexta-feira (25), o Município recebeu através do Foztrans, uma tabela técnica com propostas para o reajuste, com proposta de R$ 3,90 na utilização do cartão e R$ 4,20 em dinheiro.
Na manhã dessa segunda-feira (28), o prefeito Chico Brasileiro reuniu a equipe técnica e, após avaliação decidiu-se por não utilizar a proposta da tabela técnica e sim reajustar a tarifa com base na reposição inflacionária.
Sendo assim, a nova tarifa a partir de 1º de novembro para todos os usuários do sistema de transporte, será reajustada de R$ 3,75 para R$ 3,95.
No Terminal de Transporte Urbano
* Fotos: Marcos Labanca/H2FOZ
Comentários estão fechados.