Estudantes de medicina desocupam apartamentos e deixam Ciudad del Este

Maioria voltou à cidade de origem para evitar despesas com aluguel e alimentação.

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H2FOZ – Denise Paro

Sem perspectiva de volta às aulas em curto prazo, a maioria dos brasileiros que cursa medicina em Ciudad del Este, no Paraguai, deixou a fronteira e voltou para as cidades de origem. Muitos desocuparam apartamentos onde viviam e colocaram os móveis em outros locais. 

Alguns estudantes pagam R$ 200,00 ou mais para pessoas de confiança guardar os pertences em casa. Há também paraguaios, proprietários de barracões, que desocupam os apartamentos a pedido dos brasileiros e guardam os móveis.  Já aqueles que moram em Foz do Iguaçu estão com mais dificuldades para deixar os apartamentos e precisam arcar com os custos do aluguel. 

Quem decidiu ficar no Paraguai diz que a situação não é tranquila. Como o comércio está fechado, fica difícil receber dinheiro do Brasil para pagar as despesas em Ciudad del Este e até trocar dinheiro em casas de câmbio para quitar o aluguel que disparou em razão da alta do dólar. 
 

O aluguel de Mariellen aumentou R$ 600,00 após a pandemia.

Estudante de medicina, Mariellen Bueno, de Brotas (SP), resolveu ficar em Ciudad del Este, onde reside. Ela disse que optou pela permanência no Paraguai porque há possibilidade das aulas retornarem enquanto as fronteiras, seja do Brasil ou Paraguai, ainda tiverem fechadas.   O aluguel de Mariellen, por exemplo, aumentou R$ 600,00 após a pandemia. “Está sendo difícil se manter no país por isso muitos retornaram por medida de economia”, conta. 

Embora não temesse o coronavírus no Paraguai, a estudante de medicina Pollyana Vergani Araújo, 21 anos, conta que decidiu sair de Ciudad del Este e voltar para a casa dos pais, em Vilhena (RO), porque a permanência no Paraguai estava difícil em razão da questão financeira. Ela conta que a maior parte dos colegas saiu do país e muitos alugaram imóveis mais baratos para deixar os pertences até a volta definitiva as aulas. 

Conforme o setor de Migrações do Paraguai, pelo menos 15 mil brasileiros cursam medicina em Ciudad del Este. Atraídos por mensalidades bem mais em conta em relação as praticadas pelas universidades particulares brasileiras, os estudantes vêm de diversos estados brasileiros, incluindo as regiões Norte e Nordeste. A saída momentânea dos estudantes durante a quarentena é mais um fator de impacto na economia da fronteira. A maioria dos alunos depende do dinheiro dos pais, que vivem no Brasil, para se manter. 

Volta com quarentena

A data de retorno às aulas ainda é incerta. Essa semana, o presidente do Paraguai, Mario Benitez, chegou a anunciar a disposição de retomar aulas presenciais em dezembro. Em contrapartida, o titular do Cones, Narciso Velázquez, disse que as aulas poderiam reiniciar em junho.  Os estudantes aguardam a publicação de um decreto do governo para ter uma posição mais certa sobre a data. 

Para os brasileiros que estão do lado de cá da fronteira, a tarefa não será nada fácil.  Elogiado pelas medidas de isolamento, o governo paraguaio sinalizou que pode solicitar aos estudantes brasileiros que cumpram quarentena no país antes de entrar nas salas de aula. Atualmente, a  mesma medida vem sendo tomada com paraguaios que saem do Brasil e  retornam ao país. Muitos cumprem quarentena em Ciudad del Este ou são levados para outras cidades. 

Aulas virtuais 

Embora muitas universidades de medicina estejam oferecendo aulas online, nem todas interações virtuais foram aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação Superior – Cones, do Paraguai.

Para oferecer as aulas virtuais, as universidades precisam de autorização e aprovação no Cones. Para isso, é necessário informar a metodologia e ferramentas a serem usadas. Até o final de abril, 24 instituições, dos mais variados cursos, se habilitaram para fazer as aulas, no entanto apenas três delas foram aprovadas – até agora nenhuma de medicina. As universidades que não tiveram as propostas aprovadas não terão as aulas virtuais consideradas válidas.  

Em um primeiro momento, o Cones havia solicitado para as universidades apenas informar se tinham condições de oferecer as aulas virtuais, por isso muitas iniciaram a oferta. Mas na sequência, uma nova resolução emitida exigiu mais detalhamento das propostas de aulas e a posterior aprovação. Por isso, muitas universidades que começaram a oferecer aulas, mais ainda estão precisam ter o aval do Cones.

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