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O professor paraguaio Juan Martens, da Universidade Nacional de Pilar, doutor em Criminologia por uma universidade espanhola, conhece tudo sobre a atuação das facções criminosas brasileiras no Paraguai.
Em palestra proferida no Maranhão, conforme matéria publicada no Jornal Pequeno, de São Luís, Martens contou que o Comando Vermelho (CV) está presente no Paraguai desde a década de 1990, enquanto o Primeiro Comando da Capital (PCC) chegou ao país entre 2008 e 2009.
Ambos os grupos criminosos estão ali por um motivo óbvio: o cultivo e a "exportação" de maconha, principalmente para o Brasil.
O Comando Vermelho "reinou" até a chegada do PCC. Quando entrou no país, o CV simplesmente se apoderou das áreas de cultivo, por meio de ameaças aos moradores.
Já o PCC fez-se de "amigo", instalando-se nas comunidades camponesas e repartindo parte do dinheiro arrecadado. Para os camponeses, o cultivo de maconha é um meio de subsistência.
90% pro Brasil
Hoje, o PCC domina quase 100% das áreas de cultivo de maconha no Paraguai. Cerca de 90% da produção é enviada ao Brasil, abastecendo as "bocas de fumo" e os traficantes internacionais, segundo o professor.
O interessante é que todas as cadeias do Paraguai têm integrantes do PCC. E é nelas que, paradoxalmente, a organização criminosa se fortalece.
O PCC defende o preso que é agredido por guardas, reivindica questões humanitárias dentro da cadeia e ainda oferece mudanças na vida da prisão, doando materiais higiênicos como sabonetes, escovas e barbeadores.
Quando saem da prisão, muitos presos continuam na vida do crime, mas já como parte da facção.
O professor Juan Martens fez a palestra na Universidade Estadual do Maranhão, em debates promovidos pelo Núcleo de Estudos em Processo Penal e Contemporaneidade.
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