Foz do Iguaçu, momentos de euforias e decepções

A cidade de Foz foi beneficiada por uma série de decisões Governamentais do Poder Central nestes últimos 40 anos

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Será que a 2ª ponte é a solução?

Dependência do Estado

A cidade de Foz foi beneficiada por uma série de decisões Governamentais do Poder Central nestes últimos 40 anos, levando a passar por diversos ciclos que de forma abrupta impulsionaram seu desenvolvimento e resultando num crescimento exponencial de sua população. Esta população migrante para a cidade de Foz, num primeiro momento para a construção da obra de Itaipu, que na sequência acabou sendo incrementado pela colonização do Leste do País vizinho (Paraguai) e como também pela instalação de um dos maiores shopping do mundo em Ciudad del Este, cujos produtos oriundos do Oriente atraíram compradores de todos os cantos do Brasil.

Este fluxo migratório, atraído pela oportunidade de emprego e renda, foi crescente da metade dos anos 70 até o final da década de 90, neste período, a cidade saiu de uma população de 34 mil habitantes para 258 mil, um incremento de 225 mil em 25 anos.


Esta explosão demográfica transformou a configuração territorial do município, impulsionando o setor imobiliário que de forma desordenada supria tal demanda, reflexos sentido até os dias atuais, como a carência de obras estruturantes (viadutos, pontes, avenidas, asfalto).

A ITAIPU construiu as Vilas A, B e C, todas dotadas de completa infraestrutura para abrigar os trabalhadores na construção da barragem.
 

No auge da construção, Itaipu chegou a empregar 40 mil operários

Para Prefeitura da cidade ficou a responsabilidade de suprir a demanda que agregou na construção da Obra de Itaipu, como também os que vieram atraídos pelo comércio de Ciudad del Este, este em sua maioria composto por pessoas de baixa renda e baixa qualificação profissional, quase todos oriundos das periferias de outras cidades e regiões agrícolas, proliferando na cidade inúmeros bairros populares com péssima infraestrutura urbana e ocupações irregulares (favelas).  

A principal atividade laboral deste último surto migratório foi para dar suporte através da informalidade ao chamado TURISMO DE COMPRAS, cujo auge atingiu com a implantação do Plano Real, durando até o inicio dos anos 2000.

Auge do ciclo de compras em Foz do Iguaçu

Novo ciclo econômico

A partir do ano de 2001, com a repressão imposta pelos órgãos de controle desde a ponte da Amizade até as fronteiras do Paraná com outros estados da Federação, e o surgimento de novas tecnologias juntamente com a abertura dos mercados com o Tratado do MERCOSUL, fez que esta atividade viesse constantemente diminuindo. Isto fica confirmado pelo Censo do IBGE, no ano 2000 Foz tinha 258 mil habitantes e em 2010 foram recenseados 256 mil habitantes.

Até o ano de 1985 os prefeitos para comandar a cidade de Foz eram nomeados em função de pertencer em Área de Segurança Nacional. O prefeito nomeado na época da construção da obra de ITAIPU realizou obras que atenderam mais o centro da cidade e sua ligação com a Vilas A,B e C, como Av. Paraná, Av. Jk, Av. Costa e Silva e outras como a construção do Ginásio de Esporte Costa Cavalcanti, Centro Social Urbano na Vila Yolanda.

Neste período de 1974 a 1985, dentro de foz, havia duas cidades – as Vilas de Itaipu com todo infraestrutura (asfalto, escolas, hospitais, clubes, restaurantes, supermercados) e outra cidade (região periférica)  era totalmente carente em todos os aspectos de infraestrutura.

Vila A de Itaipu, obra planejada e construída por Itaipu

A chegada da democracia

Com o advento da redemocratização do País a partir de 1985 a cidade de Foz começou a eleger seus prefeitos.

No período de 1985 até o ano de 2008, em decorrência da explosão demográfica ocorrida na década de 90, os Prefeitos eleitos focaram a administração na construção de obras de mobilidade urbana, postos de saúde, escolas, creches, calçamento, asfalto e muitas outras obras para dar suporte a este surto migratório. A realização destas obras de infraestrutura só pôde ser realizada pelo aumento significativo da Arrecadação do Munícipio através dos Royalties e ICMS em função da produção de energia de ITAIPU.

A falta de uma avalição correta pelo o que aconteceu na década de 90 (no inicio do ano de 2001, muitos especialistas alertavam que este “BOOM” ocorrido na explosão do consumo de produtos oriundo do Oriente por brasileiros não passava de uma BOLHA – conforme demonstrativo do quadro abaixo – fato confirmado com o inicio da vigência do Tratado do MERCOSUL – cujo efeito foi  o enfraquecimento do setor de exportação situado na Vila Portes – e a  intensificação continua dos órgãos de fiscalização e repressão ao contrabando, levaram os  Gestores que comandaram a Prefeitura de Foz  a partir do ano 2001 a seguiram no modelo de Gestão equivocado, não entenderam que este Ciclo tinha exaurido, continuaram  a fazer obras de infraestrutura dando esperança para milhares de moradores, esqueceram que este enorme contingente antes alocados na informalidade foi ficando desocupada.

As consequências da falta de visão dos Gestores que somado a lideranças empresárias, levou a cidade passar por um surto de violência, aumento das demandas sociais e um enorme êxodo (milhares de famílias saíram da cidade em busca de emprego e renda).

Oportunidades perdidas

A percepção de que a década dos anos 2000 foi perdida em termos de desenvolvimento, só se confirmou com Censo do IBGE em 2010, cuja população recenseada foi à mesma do ano 2000. O esforço para estruturar a cidade para as atividades voltadas ao Turismo, ainda continua longe para ser o principal sustentáculo da economia de Foz do Iguaçu.

Nossas Lideranças Politicas e Empresariais foram incapaz de perceber – por pura ignorância (estavam saciadas pelo efeito “BOLHA”) – o que estava acontecendo com os nossos principais vizinhos do Oeste do Paraná (Cascavel, Toledo, Medianeira) cujo desenvolvimento socioeconômico era e é perceptível, tanto in loco como nos indicadores socioeconômicos, como também foram míopes em relação ao surto de desenvolvimento do outro lado da fronteira  em Ciudad del Este.
 

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