Governo paraguaio anuncia medidas para comércio de fronteira, mas não convence empresários

Para o setor comercial, o plano anunciado pelo governo paraguaio não levará a uma reativação dos negócios, prejudicados pelo fechamento das fronteiras.

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

Já está em vigor o decreto do governo paraguaio que reduz a taxa do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), para a importação de bens por parte do comércio de fronteira.

As Aduanas do Paraguai também já autorizaram a comercialização pela Internet, com a retirada dos bens, pelo comprador brasileiro ou argentino, nos depósitos da Aduana em Ciudad del Este, Salto del Guairá, Pedro Juan Caballero e Encarnación.

A venda de produtos on line pode ser feita até o máximo de US$ 1.000 por mês, a cada pessoa física radicada no exterior.

As autoridades paraguaias ainda estão negociando com as do Brasil a possibilidade de implementar o sistema de comercialização on line com delivery fronteiriço, noticia o ABC Color.

Por enquanto, vale o que diz a legislação brasileira: com as fronteiras fechadas, a cota de isenção de US$ por pessoa não tem validade. E o produto que entrar, dentro ou acima desta cota, será apreendido, já que a legislação foi criada prevendo-se a circulação de brasileiros nos países vizinhos.

Não vai resolver

Representantes da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Encarnación, cidade paraguaia que faz fronteira com Posadas, na Argentina, consideram que as medidas anunciadas pelo governo não levarão à reativação comercial das cidades fronteiriças, informa o jornal Última Hora.

Tanto os empresários de Encarnación, como os de outras cidades da fronteira paraguaia, têm feito reuniões on line entre eles e com representantes da equipe econômica do governo, mas consideram que precisam fazer parte de uma comissão de trabalho permanente do setor de comércio com essa equipe.

Mirtha Montiel, presidente da Câmara de Encarnación, em comunicado aos sócios, disse que a proposta do governo não convence, e pede uma análise mais profunda e um replanejamento de toda a situação.

Crise aguda

O jornal La Clave volta a abordar a crise em Ciudad del Este, onde desde março já houve a demissão de 60% dos cerca de 35 mil trabalhadores das lojas do microcentro comercial. Segundo o jornal, os grandes comerciantes já acumulam perdas de US$ 500 milhões mensais, em consequência do fechamento das fronteiras.

E as demissões não se concentram só no comércio. Um informe do escritório detalha que, entre as cinco empresas que mais demitiram (no total, 1.223 pessoas), estão as maquiladoras Fujikura Automotive, Nature e Kuarahy Rese, além dos grupos comerciais Cell Motion e Shopping China.

Mas os números do escritório – no total, 4.491 encerramentos de contratos em Alto Paraná, a maioria em Ciudad del Este – não refletem a realidade do mercado de trabalho, já que muitas demissões não são comunicadas ao setor, por existir um acordo entre ambas as pares, explica La Clave.

É onde se chega ao total de 60% de demitidos dos 35 mil trabalhadores do microcentro, pelos dados da Câmara de Comércio e Serviços de Ciudad del Este. Os empregados que ficaram não estão trabalhando ou estão com horário reduzido a alguns dias da semana.

A entrega a compradores no Brasil, como pretende o governo, "não é suficiente, mas com isso poderemos competir de alguma maneira, à espera que se normalize o movimento", disse ao La Clave o empresário Said Taijen, da Câmara de Comércio.

Ele lembrou, no entanto, que no microcentro de Ciudad del Este atuam normalmente cerca de 4 mil vendedores ambulantes (os "mesiteros"). "(Eles) não podem vender on line, não têm condições, e deve se procurar alternativas para eles, também", disse Taijen.

Pra lembrar

O Brasil deve reabrir as fronteiras (se novo decreto não prrorrogar fechamento) no dia 1º de agosto.

Quanto ao Paraguai, como já disse insistentemente o governo, a reabertura de fronteiras ficará por último.

Mesmo as medidas previstas, de vendas on line e delivery, deverão atingir basicamente os moradores brasileiros da fronteira, e não os turistas, que são o forte do comércio das cidades paraguaias. Será que essas lojas aguentam mais dois, três meses fechadas ou com movimento mínimo?

 

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