Incêndios no Paraguai mobilizam mais de 3.500 bombeiros voluntários. Há 1.442 focos

A seca e os ventos contribuem para que os focos de incêndio se espalhem. Em Assunção, a poluição prejudica até quem não tem problema respiratório.

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

Mais de 3.500 bombeiros voluntários trabalham no combate a 1.442 focos de incêndio em todo o Paraguai, na tarde desta terça-feira, 29.

O número é assustador, mas ainda assim é menor do que o registrado na segunda à noite, quando se calculava que havia mais de 5.200 incêndios em pastagens e, também, em mata, segundo informa o jornal ABC Color.

As áreas mais atingidas ficam nos departamentos de Presidente Hayes, Boquerón, Alto Paraguay, Ñeembucú e Paraguarí, além de muitos pequenos focos nos departamentos Central e Cordillera.

Os principais incêndios ocorrem no Parque Nacional Caazapá e na Cordilheira de Mbacarayú, áreas de vegetação nativa. Em Assunção, o foco mais preocupante atinge o aterro de Cateura, que espalha fumaça tóxica e mau cheiro por toda a região.

Só nos próximos dias será possível controlar e eliminar o incêndio no aterro de Assunção. Foto ABC Color

O aterro é de responsabilidade de uma empresa que ganhou a licitação, mas o caso está em disputa judicial. A vencedora acusa a concorrente de ter provocado fogo propositalmente, na quinta-feira passada (24) e, depois, também no domingo (27).

Muitas famílias que moram em áreas próximas tiveram que ser deslocadas. Houve inúmeros encaminhamentos de pessoas encaminhadas a hospitais com problemas pulmonares, segundo os bombeiros.

Eles estimam que o fogo só será totalmente controlado ao longo da semana. Além de 30 bombeiros, atuam na área 50 militares e cerca de 10 funcionários de outras instituições.

Áreas protegidas

O Corpo de Bombeiros Voluntários do Paraguai informou que os incêndios florestais em Caazapá e Mbacarayú são difíceis de controlar, porque as áreas são de serra, com difícil acesso. Os focos de incêndio se espalham por grandes áreas.

A situação é agravada pelas altas temperaturas no Paraguai e pela ação dos ventos, que espalham as chamas de maneira rápida e fora de controle.

Até no aeroporto

Fogo e fumaça invadiram rapidamente a área do aeroporto Silvio Pettirossi. Foto Última Hora

Nesta terça-feira, até a área do aeroporto Silvio Pettirossi foi invadida pelas chamas e pela fumaça, vindas de uma propriedade vizinha, onde houve a queima de pastagem.

A fumaça é tanta que prejudica o tráfego de veículos na estrada que une Luque (município onde fica o aeroporto “de Assunção”) com o município de Mariano Roque Alonso. Rodovias próximas foram fechadas pela polícia.

O problema só não é maior porque o terminal não tem voos previstos para esta terça. Mas, durante a semana, chegarão dois voos humanitários e outros de aviões de pequeno porte.

As causas

Muitos focos de incêndio são acidentais, provocados por problemas em transformadores de energia ou pela queima de lixo que foge de controle.

Mas a maioria é provocada intencionalmente. Ouvido pelo jornal Última Hora, o engenheiro ambiental Luis Recalde, da Organização Paraguaia de Conservação e Desenvolvimento Sustentável, citou várias causas desses incêndios.

Há casos em que o produtor agrícola ou o criador de gado querem expandir as áreas de cultivo ou pasto sobre áreas verdes próximas à propriedade, e para isso botam fogo em tudo. Há também os que querem que as áreas de pastagem naturais se desenvolvam mais rapidamente, e para isso também apelam ao fogo, principalmente na região do Chaco.

E há ainda queima de roçado para cultivar maconha e incêndios gerados como represália ao controle de roubo de madeira, disse Recalde.

Há outra causa ainda mais chocante: caçadores põem fogo em grandes extensões de mata para obrigar os animais silvestres a sair de seus abrigos. Pescadores fazem o mesmo para ter acesso a lagoas.

Complicações de saúde

Enquanto isso, os especialistas de saúde recomendam à população que não saia de suas casas quando o ar está contaminado. Se for necessário, o pneumólogo Carlos Morínigo sugere que sejam usadas duas máscaras faciais.

Já o professor de Pneumologia Sergio Aquino, do Hospital de Clínicas, disse que a contaminação ambiental pode complicar a saúde respiratória de qualquer pessoa, mas mais ainda daqueles que sofrem de enfermidades crônicas e os pacientes com covid-19.

A procuradora geral do Paraguai, Sandra Quiñónez, determinou a formação de uma equipe de promotores para apurar as responsabilidades sobre as queimadas, em especial o incontrolável incêndio no lixão de Cateura, que provoca fumaceira tóxica.

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