Joumana Haddad

No centro de múltiplos saberes da Holoteca do Centro de Altos Estudos da Conscienciologia (Ceaec), em Foz do Iguaçu, a jornalista e escritora libanesa, Joumana Haddad, conversou, nesta sexta-feira (15) com profissionais da imprensa.

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“Mulher ainda é tratada como criatura de segundo nível”, alerta Joumana Haddad

 
 
No centro de múltiplos saberes da Holoteca do Centro de Altos Estudos da Conscienciologia (Ceaec), em Foz do Iguaçu, a jornalista e escritora libanesa, Joumana Haddad, conversou, nesta sexta-feira (15) com profissionais da imprensa. 
 
Dois temas dominaram, quase plenamente, a conversa com os jornalistas: o conflito Israel x Palestina e a discriminação sofrida pelas mulheres árabes. Bastante assertiva, a ativista Joumana, considerada uma das 100 mulheres árabes mais influentes, falou ainda sobre a liberdade de pensamento no mundo e o fim de preconceitos limitadores ao desenvolvimento da humanidade. 
 
Violência contra a mulher – O tema sobre o preconceito sofrido pelas mulheres árabes tomou grande parte do debate. Disse Joumana que a violência exprime-se de modo social, psicológico e físico no Oriente Médio e também em outras partes do mundo. “Não só no mundo árabe, mas em outros lugares do planeta, em partes até mais desenvolvidas como na Europa, a mulher é tratada como um criatura de segundo nível, sem identidade própria”.
 
Fatores – Com posições fulgentes, a autora de “Eu matei Sherazade- Confissões de Uma Árabe Enfurecida” e outros 14 livros, listou três fatores que influenciam negativamente o processo de abertura de gênero para as mulheres no Mundo Árabe. Seriam eles: econômico, legislativo e religioso.
 
No aspecto econômico, disse a jornalista, as mulheres são completamente dependentes dos homens e seus maridos. “Isto impede a emancipação, qualquer ação de sustentação, autonomia ou independência por parte das mulheres que são reféns do papel social e econômico dos maridos”. 
 
No campo das leis, disse ainda que o sistema está totalmente vinculado à religiosidade. “Quando se tenta mudar algo, se esbarra nas leis e naturalmente no aspecto religioso. Nesse momento, há um bloqueio total e não se consegue avançar. Não há discussão alguma”. Destacou ainda: “Na religião monoteísta fundamentalista, dependendo do caso, as mulheres não são dignas, nem respeitadas. Sofrem constantemente imposições”.
 
 
Prognóstico – Questionada sobre possíveis avanços no mundo árabe quanto aos direitos das mulheres, Joumana fez um prognóstico amplamente negativo. “Não houve avanço algum, pois não há debate, nem conversa. O processo está fechado especialmente pela questão religiosa e o fundamentalismo”, destacou. 
 
Mentira – A jornalista também fora questionada sobre a versão apresentada por integrantes da comunidade árabe no Brasil de que “no Líbano não existe preconceito ou qualquer forma de discriminação contra as mulheres”. Enfática, respondeu: “Isto é uma mentira. Há diferenciações entre homens e mulheres em todo o mundo árabe”. 
 
Sexualidade – Falou também sobre o desenvolvimento de assuntos relacionados à sexualiade  feminina. “Vive-se uma sociedade esquizofrênica em que existe tudo na internet. No Google, por exemplo, é possível encontrar o assunto em detalhes, mas a mulher árabe não pode explorar a própria sexualidade, se conhecer de uma maneira natural, para o próprio desenvolvimento do corpo e da mente porque existe muita repressão”.
 
Conflito  – Quanto ao conflito Israel e Palestina, logo no começo da entrevista, Joumana respondeu, de certo modo, contrariada. “Eu gostaria de não responder questões políticas, contudo acredito que o conflito é um massacre, em proporções desiguais, em que os seres humanos são esmagados como insetos, de uma maneira totalmente insensata”.
 
No domingo (17) Joumana fará uma palestra especial sobre a questão de gênero e direitos humanos no Ceaec, a partir das 15 horas. 
 
Pedro Lichtnow – Especial para o H2FOZ
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