Madrugada quente em Ciudad del Este: mais um incêndio provocado por curto-circuito

É a triste rotina de uma cidade onde os cuidados com as instalações elétricas não existem. E onde a fiscalização faz vistas grossas.

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Por Cláudio Dalla Benetta

Parece brincadeira! Pelo menos até virar tragédia, que parece anunciada já há alguns anos. Mais um incêndio em Ciudad del Este, na madrugada desta sexta-feira, 15.

Na terça-feira, 12, um curto-circuito num painel publicitário da Galeria Jebai Center, no microcentro comercial, acabou também incendiando um ponto de táxi e ameaçou vendedores ambulantes que estavam no local. Desta vez, o incêndio foi no terceiro andar da própria galeria, onde dez pequenas lojas foram atingidas.

Dez companhias de bombeiros voluntários, não só de Ciudad del Este como de cidades próximas, trabalharam durante toda a madrugada pra controlar as chamas, que começaram por volta da meia-noite. Ao amanhecer, o fogo estava controlado, mas ainda era feito o resfriamento do prédio.

E, mais uma vez, a suposição dos bombeiros é a de sempre: a causa foi um curto-circuito. Eles mencionaram que dentro da galeria os cabos de energia, misturados a outras ligações, formam precárias conexões, cada vez mais perigosas.

A Prefeitura de Foz informou que a Defesa Civil daqui também participou da ação de combate ao incêndio desta madrugada em Ciudad del Este.

Já são três

É o terceiro incêndio só este ano no microcentro de Ciudad del Este. O mais grave foi no dia 4 de janeiro, no Shopping Hijazi. O fogo começou por volta das 20h e só foi controlado três horas depois, com atuação de bombeiros de Ciudad del Este, Hernandarias, Presidente Franco e Minga Guazú.

Nem é preciso dizer qual foi a causa. Pra complicar, os bombeiros tiveram dificuldades para reabastecer os caminhões com água, porque poucos hidrantes funcionaram.

De novo, o alerta: a Prefeitura tem que botar os fiscais em ação. E a Ande, estatal de eletricidade, junto com os bombeiros, tem que ir de shopping em shopping para verificar a situação do sistema elétrico. Em caso de tragédia, todos serão responsáveis, dos donos aos fiscais.

Na terça-feira, fogo destruiu painel publicitário e queimou banca próxima à galeria. Nada se fez. Foto de redes sociais.

Nada mudou

A repórter Mariana Ladaga, da sucursal do ABC Color em Ciudad del Este, publicou matéria em maio de 2017, que parece ter sido escrita hoje.

Ela noticiava um incêndio no duto elétrico da Galeria Jebai, no dia 14 de maio, que causou pânico entre os empregados das mais de 700 lojas instaladas no local e entre os clientes.

No dia seguinte, a duas quadras da Galeria Jebai, outro incêndio no sistema elétrico, em plena rua, que ameaçava expandir-se para outros cabeamentos.

Foi preciso a Administración Nacional de Electricidad (Ande) para que os bombeiros voluntários pudessem sufocar as chamas.

Bomba-relógio

"Estes cabos emaranhados são uma bomba-relógio, se não forem controlados agora", disse um bombeiro à repórter.

Os técnicos da Ande que atenderam a ocorrência disseram que, além do cabeamento de eletricidade, as companhias teelfônicas, de internet e televisão por cabo misturam seus fios, completando o emaranhado que ninguém quer destrinchar.

Isso aumenta o risco de que um curto-circuito provoque um grande incêndio.

Olha só a fiação. A foto do ABC Color é de 2017, quando já se noticiava um incêndio na Galeria Gebai e outro em plena rua.

"Gatos"

Os funcionários da Ande também disseram que os vendedores ambulantes utilizam conexões diretas dos postes para iluminar seus postos de venda, aumentando o risco de curto-circuitos.

O problema é antigo, disse a repórter, bem como a cobrança dos mais diferentes setores da sociedade, que exigem uma solução.

A Ande, conta, passou a utilizar instalações subterrâneas para alimentar com eletricidade o microcentro, mas, na maior parte, é por via aérea que a energia é distribuída, "somando-se à desordem de fios e cabos".

Nada mudou, como se vê.

Fontes: ABC Color, Última Hora e Facebook dos bombeiros de Ciudad del Este 

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