Mulheres se mobilizam para ocupar mais espaço na política

Candidaturas femininas aumentam, mas representatividade ainda é pequena

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H2FOZ – Denise Paro

"O Brasil é um dos países com os piores índices de participação feminina na política, com aproximadamente 12% dos cargos eletivos ocupados. Apesar de a legislação prever cota para a inserção das mulheres no processo eleitoral, artimanhas como as candidaturas laranjas são frequentemente usadas por partidos. Para reverter esse quadro, lideranças lançam mão de campanhas para estimular as mulheres a efetivamente ter papel ativo na política. 

Em 2016, na última eleição municipal brasileira, as candidaturas de mulheres chegaram a 32%, ou seja, 158 mil postulantes. Desse total, apenas cinco mil mulheres concorreram a cargos majoritários (prefeito e vice-prefeito). 

Em Foz do Iguaçu não é diferente. Na última eleição municipal, entre os 284 candidatos a vereador, 90 eram mulheres; e 184, homens. Nenhuma mulher se habilitou para disputar o cargo de prefeita. No comando do Executivo municipal, Foz do Iguaçu não teve até agora representante feminina eleita, apenas uma vice-prefeita, Ivone Barofaldi. 

Presidente da Comissão Mulheres na Política do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR) e juíza em Curitiba, Adriana Simette disse que a informação é o caminho para se efetivar mais candidaturas femininas nas eleições. Em entrevista concedida ao programa Marco Zero, parceria entre o H2FOZ e a Rádio Clube, no dia 20 de junho, a juíza comentou que o desafio é tentar angariar espaço para a fortalecimento da figura feminina em cargos de poder. A comissão hoje trabalha com o projeto Mulheres na Política – Construindo Candidaturas. 

A ideia da comissão é buscar, por meio da informação, efetivar novas candidaturas femininas e aumentar a representatividade da mulher na política. 

Adriana lembrou que 51,7% da população é formada por mulheres, 48,3% são homens, e entre os eleitores as mulheres representam 53%. São cerca de 77 milhões de mulheres, das quais sete milhões estavam filiadas a partidos políticos em 2016. “Um século para chegarmos neste patamar.”

Nas eleições de 2018, houve avanço, destacou a juíza. A representatividade feminina no parlamento aumentou de 51 cadeiras de deputadas federais para 77, ou seja, 50% em relação à legislatura anterior. O número, porém, ainda é pequeno se for considerado o total de deputados – 513. 

Para a juíza, se o país tem quase 50% da população formada por homens e 50% por mulheres, não é adequado que o parlamento estar constituído apenas de pessoas do sexo masculino. “Há diferença, sim, na visão com que a mulher vê um problema e com que o homem vê um problema.”

Segundo Adriana, a interação entre essas visões é que vai criar leis ou melhorar o arcabouço jurídico para atender a comunidade. Ela ressalta que o parlamento precisa ter a cara do país. 

Apesar de ainda ser pequena, a representatividade política das mulheres é resultado de uma luta antiga, que teve início com a regulamentação do voto feminino, em 1932, que inicialmente não era obrigatório, ao contrário do voto masculino. Apenas em 1946, por lei, o voto feminino deixou de ser facultativo.

Adriana Simette: desafio é tentar angariar espaço para a fortalecimento da figura feminina em cargos de poder

Campanha 

Com apoio do TRE-PR, a Comissão de Mulheres na Política vem realizando cursos e lives para disseminar informações. Em 2019 ocorreu um curso presencial apresentando passo a passo como as mulheres podem candidatar-se, revelou Adriana. Neste ano, com a pandemia, as lives se tornaram uma forma de acesso. Há uma preocupação grande para interiorizar as informações, salientou a magistrada. 

Outra iniciativa é a fiscalização de candidaturas laranjas – nas quais a mulher registra o nome para cumprir a cota partidária, mas efetivamente não concorre ao cargo, uma prática comum no cenário político brasileiro. Fiscalizações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) têm ocorrido para coibir tais atitudes. 

A Lei 9.504/1997, alterada em 2009, determina que cada partido ou coligação deve preencher no mínimo 30% e no máximo 70% de candidaturas de cada sexo. 

Informações sobre o assunto 

http://www.justicaeleitoral.jus.br/participa-mulher/#campanhas

ELEIÇÕES 2016 EM FOZ DO IGUAÇU

DOS CANDIDATOS

284 candidatos a vereador
194 homens
90 mulheres

5 candidatos a prefeito (nenhuma mulher)
4 candidatos a vice e 1 candidata a vice

DOS ELEITOS
Prefeito e vice homens
Dos 15 vereadores eleitos, 3 são mulheres

ELEIÇÕES 2016 NO PARANÁ

DOS CANDIDATOS

29.108 candidatos a vereador
19.477 homens
9.661 mulheres

1.096 candidatos a prefeito
989 homens
107 mulheres

1.114 candidatos a vice-prefeito
943 homens
171 mulheres

DOS ELEITOS

4.109 homens
558 mulheres (30  prefeitas, 51 vice-prefeitas, 477 vereadoras)

Fonte: TRE-PR
 

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