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Hoje, 24 de fevereiro, é dia de homenagear as mulheres paraguaias. A data entrou no calendário oficial do país em 1974, em reconhecimento à atitude de mulheres paraguaias que doaram joias para cobrir gastos do país que lutava contra o Brasil, Argentina e Uruguai na Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870).
A doação das joias foi decidida durante assembleia realizada por mulheres em um ato claramente político. A relação feminina com o evento bélico é marcante até porque grande parte da população do país foi dizimada durante a batalha, principalmente os homens que estavam na linha de frente. Não há consenso quando se trata de estatística, mas estima-se que cerca de 30% a 40% da população sobreviveu ao confronto, a maioria mulher.
Na obra Maldita Guerra, o historiador Francisco Doratioto indica que o Paraguai tinha entre 285 mil e 450 mil habitantes. As mortes atingiram de 28 mil a 278 mil pessoas. Por isso, no pós-guerra, o país se tornou uma nação de mulheres, o que era visível na proporção numérica em relação aos homens.
O que alguns historiadores questionam, como é o caso da Ana Barreto Valinotti, entrevistada pelo jornal paraguaio Ultima Hora, é o motivo pelo qual as mulheres, mesmo sendo maioria e ocupando postos importantes no comércio e no governo na época, não conseguiram manter a liderança tempos depois, voltando a ocupar o papel de pessoas abnegadas à vida doméstica.
Todas as mulheres, seja de classe alta, média ou popular, foram empurradas culturalmente para o modelo que a sociedade tinha, o doméstico, explica Ana Barreto. Nessa questão, pesou muito a cultura conservadora do país.
Com o advento da ditatura paraguaia, a imagem da mulher ficou ainda mais em segundo plano, ao ser associada como a heroína que acompanhava o herói, ou seja, o homem.
Homenagens
O Dia da Mulher Paraguaia é uma data que não passa em branco no país vizinho. As homenagens às paraguaias se espalham pelas redes sociais e partem de empresas, clubes de futebol e órgãos governamentais. Em Assunção, o Ministério da Mulher promoveu um debate sobre a participação feminina na vida pública e política.
Dados da Direção Geral de Estatísticas, Pesquisas e Censo do Paraguai indicam que as mulheres representam 40,6% da população do país, isto é, cerca de 3.516.868 pessoas. Pelo menos 27,7% das mulheres trabalham por iniciativa própria, outras 27,7% trabalham no setor privado, 18,1% são empregadas domésticas e 39,5% ocupam cargos diretivos (governos, empresas e instituições). Em média, elas ganham cerca de G$ 2.100.000 – G$ 550.000 a menos que os homens.
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