Os laços da economia solidária em Foz do Iguaçu

Grupos se unem para compartilhar habilidades e conhecimento e obter renda em uma época na qual encontrar emprego é um desafio 

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Denise Paro – Especial para o H2FOZ
Fotos e vídeos: Marcos Labanca 

Em tempos de escassez de emprego e renda, compartilhar passa a ser uma palavra-chave. Iniciativas que envolvem parcerias, clubes de troca e gestões autossustentáveis ganham espaço e espalham-se em vários países. Em Foz do Iguaçu e região não é diferente. 

Agricultores se unem em torno da agroecologia e passam a oferecer feiras de produtos orgânicos para a população em áreas de lazer e condomínios residenciais. Amigos compartilham conhecimentos em torno de um ideal que gera renda. Assim, cresce a semente da chamada economia solidária. 

Em Foz do Iguaçu, a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) tem uma iniciativa destinada a gestar projetos de economia solidária, o Programa Índios – Incubadora de Direitos Institucionais e Organizações Solidárias. Por meio do programa, professores e alunos assessoram e incubam projetos que geram trabalho e renda.  

Criado em 2009, o Programa Índios já resultou em inúmeros projetos de economia solidária, incluindo a dos catadores de lixo, com apoio do Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e da Itaipu Binacional, as feiras de orgânicos e o Grupo de Maracatu Alvorada Nova. 

Hayrton Andrade: economia solidária é uma troca de valores. A troca de moeda é consequência 

Responsável pelo programa, o professor da Unioeste Hayrton Andrade diz que os projetos incubados são interdisciplinares e multidisciplinares porque envolvem vários cursos. Alunos de outras universidades também podem aderir. A iniciativa contribuiu para os estudantes conhecerem os princípios da economia solidária e para a comunidade colocar em prática algo que gere renda. “Economia solidária é uma troca de valores. A troca de moeda é consequência”, explica o professor. 

Feiras de produtos orgânicos e artesanato no Gramadão da Vila 

Atualmente, três feiras de produtos orgânicos e artesanato estão ligadas ao Programa Índios. Eles ocorrem uma vez por semana na Unioeste, na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e no Gramadão da Vila A. Nessa feira estão envolvidas cerca de 12 famílias. 

Já a feira da Unila é uma oportunidade para estudantes brasileiros e principalmente estrangeiros comercializarem produtos e obterem renda para se sustentar. 

Outra tentativa de fomentar a geração de renda desse tipo partiu da Prefeitura de Foz do Iguaçu, que chegou a criar uma divisão de economia solidária ligada à Casa do Empreendedor, porém atualmente está desativada. 

VÍDEO – ENTREVISTA

Sem dinheiro

Na feira é feita troca de roupas, livros, discos, brinquedos, mudas de árvores – Foto: Divulgação

A Feira de Troca Livre da Tríplice Fronteira, que começou em 2015 e está na 6ª edição, é um exemplo de consumo sem moeda. Na feira é feita troca de roupas, livros, discos, brinquedos, mudas de árvores, entre outros itens. Há também oficinas e apresentações artísticas.  

As duas últimas edições foram realizadas na Vila Yolanda, na Rua Romário Vidal, que foi fechada para proporcionar mais tranquilidade aos participantes. 

Uma das organizadoras do evento, Letícia Scheidt conta que a adesão tem sido satisfatória. “Estamos vivendo uma época de abundância, então é fácil as pessoas acumularem coisas. A feira é boa para a pessoa pensar nesse acúmulo de coisas que não é o lixo. Elas podem destinar esses objetos que podem ter valor na vida de outras pessoas”. 

Segundo Letícia, no início houve estranhamento por parte de algumas pessoas quanto à ausência do dinheiro, no entanto a adaptação para a lógica da troca foi rápida. Há casos em que peças com um valor de mercado maior são trocadas por outras que custam pouco, mas fazem muito sentido para quem recebe. “Em geral as pessoas ficam muito felizes em participar”, diz.  

Todos os anos a feira adota uma instituição para doar o material que não foi trocado. A próxima edição do evento está prevista para setembro deste ano. A ideia surgiu de conversas espontâneas entre amigos interessados em um tipo de relação que não passasse pelo consumo. A inspiração, informa Letícia, veio a partir do resgate de culturas tradicionais que valorizavam a troca e pelo movimento pela redução do consumo, presente hoje em vários países.
 

REPORTAGEM COMPLETA

Os laços da economia solidária em Foz do Iguaçu 

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Você não é movido exclusivamente pelo rendimento econômico 

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