PCC “terceirizou” execução de jornalista brasileiro

Segundo a polícia paraguaia, os chefões do crime organizado vivem em mansões e hotéis, apenas dando ordens, sem participação direta.

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O crime organizado está cada vez mais infiltrado na fronteira do Brasil com o Paraguai. Agora, os "capos" das organizações apenas dão as ordens aos comandados para agirem, enquanto vivem em mansões e bons hotéis.

A conclusão é do subcomissário Gilberto Fleitas, chefe do Departamento contra o Crime Organizado. Em entrevista ao jornal ABC Color, nesta segunda-feira, 24, ele disse que os chefões se fazem passar por poderosos empresários e "terceirizam" a contratação de assassinos.

"Temos que entender como funciona sua estrutura (do PCC) para combatê-los", comentou o policial.

Foi o que teria acontecido na execução do jornalista brasileiro Leo Veras, executado em sua casa em Pedro Juan Caballero há 12 dias. A polícia paraguaia prendeu dez suspeitos, dos quais oito vão continuar presos por participação no crime. Outros dois – um boliviano e uma brasileira – serão extraditado e entregues a autoridades de seus países.

Leo Veras foi morto com 12 tiros quando jantava com a família, em sua casa, na cidade de Pedro Juan Caballero.

As balas usadas para matar Leo Veras são do mesmo tipo que as usadas pelo PCC para cometer outros homicídios, o que indica que os criminosos respondem a esta organização criminosa, embora não necessariamente façam parte da estrutura.

Nas prisões paraguaias estão cerca de 500 "soldados do PCC". Dezenas deles fizeram parte do grupo de 75 presos da penitenciária de Pedro Juan Caballero, que fugiram no dia 19 de janeiro. Só dez deles foram recapturados até agora.

O autor

A polícia acredita que o autor do atentado foi o brasileiro Waldemar Pereira Rivas, vulgo Cachorrão (foto), que está foragido.

Na casa dele foi encontrado o Jeep Renegade usado na noite do crime. Cachorrão possui várias propriedades em Pedro Juan Caballero onde são desmontados os veículos roubados no Brasil, para vender as peças.

A irmã de Cachorrão, Cintya Raquel Pereira de Leite, também foi presa na Operação Alba da polícia paraguaia. Cintya tem uma condenação a 17 anos de prisão pendente no Brasil.

Ela ia ser expulsa do país ainda no domingo, mas apresentou documento de identidade paraguaia e a expulsão se dará nesta segunda, 24. Há fortes indícios de que era ela que conduzia o Jeep Renegade usado no ataque ao jornalista.

Vingança

A morte de Leo Veras foi por vingança de um chefão do PCC preso no Brasil. O paraguaio Ederson Salinas Benítez, vulgo Ryguasu, foi preso em Ponta Porã no mês de janeiro por um incidente com armas, mas iria sair rapidamente depois de pagar uma fiança. Ele também tinha apresentado um documento com o nome de outra pessoa.

O jornalista alertou os policiais brasileiros sobre quem era na verdade o detido e, depois de confirmar a verdadeira identidade de Ryguasu, ele foi levado para uma penitenciária em Dourados. Foi esse o motivo de decretarem a morte de Leo Veras.

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