Pelo comércio de carne ou aventura, caça cresce no Parque Nacional do Iguaçu

Nesta época de isolamento social, aumentou a prisão de caçadores no Parque Nacional do Iguaçu, área de 185 mil hectares na fronteira entre Brasil e Argentina.

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H2FOZ – Denise Paro

Em vez de ficar em casa, eles vão à caça. Nesta época de isolamento social, aumentou a prisão de caçadores no Parque Nacional do Iguaçu, área de 185 mil hectares na fronteira entre Brasil e Argentina. Dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão responsável pela administração do parque, indicam que – entre janeiro e junho de 2019 – um total de dois caçadores haviam sido presos na reserva. No mesmo período deste ano, o número subiu para nove.

Os criminosos foram flagrados durante operações realizadas pela Polícia Ambiental e ICMBio. Nas ações efetuadas neste ano (terrestres, aéreas e aquáticas), os policiais e fiscais encontraram 11 acampamentos, 83 estruturas para caça, incluindo ceva, saleiro, gaiola e jirau, e seis armas. As estruturas para caça identificadas na mata do parque cresceram mais de duas vezes. No ano passado, eram 24. 

Para abater os animais, os caçadores acampam em meio à mata, onde deixam de prontidão as armas, utensílios, sal e milho para atrair as presas. Armadilhas, como jiraus, também são montadas. 

Todas as espécies estão na mira dos caçadores, inclusive a onça-pintada, animal ameaçado de extinção, cuja carne não é para consumo humano, de acordo com a Polícia Ambiental. Entre os alvos preferidos estão a paca e a anta, que são comercializadas. Também ameaçada de extinção, a paca gira em torno de R$ 600 a R$ 1.000 no mercado ilegal da carne.

Soldado da Polícia Ambiental, André Luiz Czap diz que o aumento das ocorrências se deve ao tempo livre. “Muitas pessoas que deveriam estar em isolamento total estão usando esse tempo para cometer ilícitos”, afirma Czap.  

Ele ainda salienta que alguns caçadores são pessoas bem-sucedidas, de alto poder aquisitivo e que caçam pelo prazer de comer uma carne diferente ou pela aventura na floresta. Outros caçam para vender os animais e as carnes. 

A caça é crime previsto na Lei 9.605/98. A pena é de seis meses a um ano de prisão. Os detidos são encaminhados para a Polícia Federal. 

Outro crime comum no parque é a agressão à flora. A exploração do palmito, para revenda na região, é recorrente na reserva.  

Último remanescente da Mata Atlântica, o Parque Nacional do Iguaçu reúne cerca de 160 espécies de mamíferos, 390 de aves, 48 de répteis, 12 de anfíbios, 175 de peixes e pelo menos 800 de invertebrados. 

 

O avanço da caça 

Janeiro a junho de 2019
2 caçadores presos 
4 acampamentos encontrados 
24 estruturas para caça (ceva, saleiro, gaiola e jirau)
2 armas apreendidas

Janeiro a junho de 2020
9 caçadores presos 
11 acampamentos encontrados
83 estruturas para caça (ceva, saleiro, gaiola e jirau)
6 armas apreendidas

Fonte: ICMBio

Denúncias anônimas sobre a caça ilegal podem ser feitas pelo telefone 181 – Polícia Ambiental.

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