Pra enfrentar a crise, Ciudad del Este lança programa para “se reinventar”

H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta 

Empresários de Ciudad del Este se uniram com o Ministério de Indústria e Comércio e a Itaipu no Paraguai para criar o programa "Reinventate CDE" ("Reinvente-se, CDE"), para fomentar o empreendedorismo e gerar empregos, para atender pelo menos uma parcela dos 75 mil paraguaios que estão desempregados, na região de fronteira.

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No sábado, dia 4, o programa Marco Zero, uma parceria entre H2FOZ e Rádio Clube FM, entrevistou o vice-presidente da Câmara de Comércio de Ciudad del Este, Juan Vicente Ramírez, que falou sobre o impacto das medidas de combate à covid-19 sobre a economia local e nacional.

Ramítez disse que a grande maioria dos paraguaios tem medo que a fronteira reabra, para não aumentar o risco da pandemia no país, enquanto o comércio de Ciudad del Este precisa "desesperadamente" que voltem os compradores do Brasil.

Mas, enquanto isso, o desemprego aumenta e a crise se agrava. E é por isso que os empresários decidiram se unir em busca da reativação da economia como um todo, e não apenas pensando no comércio de fronteira.

Empresas e empregos

Foi assim que nasceu o programa "Reinvente-se, CDE", que tem como proposta básica criar nada menos que mil novas empresas, pequenas, médias e até grandes, em áreas tecnológicas e de inovação, capazes de gerar entre 8 mil e 10 mil empregos, segundo Ramírez.

Ramírez lembrou que, hoje, em Ciudad del Este e nas vizinhas Presidente Franco, Mingua Guazú e Hernandarias, há cerca de 75 mil pessoas que perderam empregos formais. "75 mil, numa população de 500 mil pessoas, é muito", destacou, por isso a maior preocupação é mesmo com a geração de empregos.

O programa "Reinventate CDE" exigiu 45 dias de trabalho intenso, contou Ramírez, até ser lançado, na semana passada, por uma entidade que reúne os empresários de Ciudad del Este e o Ministério de Indústria e Comércio, por meio do Vice-Ministério de Pequenas e Médias Empresas.

A intenção é motivar empreendedores e investidores regionais a apostar no futuro de Ciudad del Este.

O programa se baseia na atuação em três frentes: mentores, empreendedores e investidores.

O mentor é o empresário que vai atuar no sentido de conduzir e apoiar os projetos dos empreendedores; o empreendedor é aquele que está motivado a apresentar soluções empreariais para enfrentar a crise econômica e está disposto a trabalhar com as ferramentas oferecidas pela plataforma do programa (https://reinventatecde.com/); e o investidor é o que tem recursos para "investir em projetos exitosos e ideias reunidas no programa".

A crise vai continuar

Juan Vicente Ramírez disse que é preciso "força para reiniciar, para voltar ao novo normal, depois de quatro meses sem atividade econômica, praticamente".

A situação em Ciudad del Este, com o fechamento das fronteiras, é mais grave do que no país, já que houve perdas econômicas em vários setores.

O comércio, afirmou, depende basicamente do comprador brasileiro. "O consumidor interno do Paraguai representa só 5% dos negócios, por isso muitas lojas não abriram as portas. As que abriram fazem 15%, 20% do faturamento a que estão acostumadas. Se todo mundo abrir, cai para 5%", disse.

Ciudad del Este e as outras cidades de fronteira perderam outro rendimento importante para a economia: os cerca de 40 mil estudantes brasileiros. Segundo Ramírez, hoje há cinco faculdades de Medicina inativas, enquanto os que investiram em empreendimentos para atender esses estudantes, como aluguel e venda de apartamentos, hoje estão sem retorno financeiro.

Mas, para voltar ao normal, "tudo vai deapender do comportamento do vírus no Brasil e no Paraguai". Até há poucos dias, a situação do Paraguai, inclusive na fronteira, estava bem, mas houve um recrudescimento de casos, o que incluiu a infestação do vírus na penitenciária de Ciudad del Este, disse.

Os casos na penitenciária poderiam até mesmo fazer Ciudad del Este voltar à fase zero da quarentena inteligente, o que felizmente acabou não acontecendo, disse Ramírez.

Entrevista ao Marco Zero

"Reativar setor produtivo"

Para ele, não basta apenas o governo ajudar os paraguaios com indenizações, ao menos a longo prazo. "Isso é como um saco sem fundo, vai chegar um tempo em que não vai ter como (pagar"), disse, destacando que o fundamental é "reativar o setor produtivo".

Para ele, "só ajuda social, sem habilitar atividade produtiva, não é negócio, isso tem limites". E é por isso, também, que Ramírez considera que o setor empresarial, mais preparado e com boa educação formal, precisa ajudar nesse momento o programa Reinventate CDE.