Previsão para economia do Paraguai em 2019 despenca, segundo Cepal

O país vai crescer apenas 1,6%. O Brasil, metade disso, 0,8%; e a Argentina terá queda na economia, de 1,8%.

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Estamos em barcos iguais; uns com um motorzinho, outros com remo, mas todos com dificuldades pra vencer as corredeiras. Os barcos são os países da América Latina; as corredeiras, as dificuldades econômicas de toda ordem, principalmente as provocadas pela passagem em rota de colisão de dois transatlânticos, Estados Unidos e China.

Metáforas à parte, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) prevê, em seu último estudo sobre a região, uma desaceleração da economia de toda a América Latina, que só deve avançar 0,5% este ano. Na América do Sul, crescimento médio será ainda mais baixo, de apenas 0,2%.

O Estudo

A queda tem uma ajuda importante da Venezuela, cuja economia vai despencar 23% este ano. Mas também contribuem muito pra esse índice baixo de crescimento regional as duas maiores economias, Brasil e Argentina. A Argentina terá uma queda no Produto Interno Bruto de 1,8%; o Brasil, um crescimento pífio de 0,8%.

E o Paraguai? Também foi afetado pelas incertezas globais, mas principalmente pela crise que atravessam seus maiores vizinhos e sócios. No início do ano, previa-se crescimento próximo a 4%; a projeção se reduz, agora, para algo em torno de 1,6%. O "tigrinho" do Mercosul encolheu as garras.

Na América do Sul, no primeiro trimestre deste ano, a Bolívia teve o maior crescimento, de 4%. Quatro economias se contraíram no primeiro trimestre (Argentina,  Paraguai,  Uruguai  e  Venezuela), o Brasil desacelerou para 0,46% e as demais cresceram entre 0,6% e 2,6%, segndo a Cepal.

Paraguai

No Paraguai, com baixa inflação e crescimento moderado, a opção foi manter uma política monetária expansiva, com rebaixamento da taxa de juros, de 5,25% para 4,5% ao ano. A moeda se depreciou, frente ao dólar, 12,4% entre janeiro de 2018 e maio de 2019.

O país foi afetado por inundações e estragos tanto no interior como na capital, o que repercutiu tanto na produção agrícola como de gado. A desvalorização do guarani poderia incidir positivamente nas exportações, mas o preço internacional da soja não ajuda. E tem o complicador mais forte, o 'escasso dinamismo' de Brasil e Argentina.

Brasil

Esperava-se que a economia brasileira se recuperasse, em vista das expectativas favoráveis geradas em relação ao novo governo, diz a Cepal. Mas no primeiro trimestre o PIB caiu 0,2% em relação ao anterior, ainda que com crescimento de 0,5% na comparação com o mesmo trimestre de 2018.

Houve variações negativas na agricultura (0,3%),  na indústria de transformação  (0,6%)  e na construção civil (2,0%), em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. O desastre de Brumadinho foi o principal fator para explicar a forte queda de 6,3% na indústria extrativa.

Além disso, a demanda dos consumidores, teve queda de 1,7% no primeiro trimestre de 2019, depois de haver diminuído 2,4% no quarto trimestre de 2018. Pra 2019, vamos nos contentar com crescimento de 0,9%, inferior ao aumento anual da população.

Argentina

Para a Argentina, a projeção é ainda pior, já que a economia deve cair 8%. A contração de atividades se dá pelo arrocho das políticas econômica e fiscal e pelo menor crescimento do Brasil, que vão repercutir negativamente no consumo público e privado. Mas, depois da seca do ano passado, espera-se que a recuperação da produção agrícola impulsione as esportações primárias.

A projeção de queda no PIB pode ter outros reflexos se houver novas tensões financeiras, num ano de incerteza vinculada às eleições presidenciais, conclui a Cepal.

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