Rio Paraná fica navegável por 12 dias. Depois, tudo dependerá das (poucas) chuvas

Abertura do vertedouro de Itaipu, utilizando água do reservatório, é paliativa, mas vai salvar a exportação de grãos do Paraguai e Argentina.

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

Pelo menos até 29 de maio, a navegação nas águas do Rio Paraná, em território paraguaio e argentino, está garantida.

A Itaipu Binacional voltou a abrir o vertedouro, nesta terça-feira, 19, para lançar a jusante (abaixo) em torno de 8.500 metros cúbicos por segundo, permitindo que o nível do rio suba entre 2 e 3 metros, segundo o superintendente de Operação de Itaipu, José Benedito Mota Júnior.

A partir desta terça, também, a usina binacional Yacyretá (Argentina-Paraguai) poderá liberar mais água, o que fará o rio subir entre 1,10m e 1,10 metro no município de Ituzaingó, como informa o portal argentino El Territorio.

Em Ituzaingó, o Rio Paraná estava com o nível em apenas 0,30 metro, o que impedia as barcaças de navegarem com carga total e, ainda, provocava muitos riscos de encalhe.

Ituzaingó é separada da cidade paraguaia de Ayolas pelo Rio Paraná. A ligação terrestre entre a Argentina e o Paraguai, nessa região, é feita pela barragem de Yacyretá, que permitiu a passagem por sua área, de forma controlada.

A foto de Matías Sánchez, de El Territorio, dá uma noção de como o Rio Paraná está baixo, em Ituzaingó, Argentina.

Soja paraguaia retida

Segundo o jornal paraguaio Última Hora, o Ministério de Relações Exteriores informou que mais de 200 mil toneladas de soja, avaliadas em US$ 60 milhões, poderão agora seguir para o mercado exterior, com o aumento do nível do Rio Paraná. A carga estava retida por falta de condições de navegação.

O plano de posicionamento e saída das embarcações, a transposição da eclusa de Yacyretá e os pontos críticos águas abaixo da represa até a confluência com o Rio Paraguai, exigiram toda uma logística, com coordenação interinstitucional, segundo o ministério.

"As condições para melhorar a navegabilidade do Rio Paraná foram alcançadas graças a uma utilização eficiente, múltipla e equitativa do sistema de regulação, particularmente dos reservatório da Itaipu binacional e da entidade binacional Yacyretá", disse em nota o ministério.

Isso foi possível graças a mecanismos de cooperação e coordenação dos governos da Argentina, Brasil e Paraguai. Com a liberação das águas de Itaipu, o reservatório de Yacyretá receberá entre 7.500 e 10 mil metros cúbicos por segundo, esta semana. Yacyretá vai liberar mais água para atender a navegabilidade a jusante (abaixo).

Vertimento

Mota Júnior diz que oa vertimento compensa a menor quantidade de água turbinada, por queda de demanda na energia.

O superintendente de Operação de Itaipu disse que a abertura do vertedouro é necessária, para atingir 8.500 metros cúbicos por segundo, porque a usina tem produzido bem abaixo de sua capacidade. A causa é a redução da demanda por energia elétrica tanto no Brasil como no Paraguai, devido às medidas de prevenção ao novo coronavírus.

Assim, o que não for atingido com a água turbinada (isto é, que produz energia e volta para o rio), será compensado com a abertura do vertedouro, utilizando a água do reservatório.

Segundo Mota Júnior, durante 12 dias o sistema em Itaipu vai funcionar desta maneira, liberando gradualmente mais água. Ele estima que o reservatório da usina será deplecionado (rebaixado) em 1,5 a 2 metros.

O reservatório estava na segunda-feira na cota normal, de 219,10 metros acima do nível do mar. Mesmo com o rebaixamento, a usina continuará em plena condição de operar, ainda mais que a demanda por eletricidade deverá demorar até normalizar.

O reservatório de Itaipu será rebaixado entre 1,5 e 2 metros, com a abertura do vertedouro.

Paliativo

Na verdade, a abertura do vertedouro de Itaipu e a liberação de mais água por Yacyretá são apenas medidas paliativas, porque o Rio Paraná enfrenta a pior estiagem dos últimos 20 anos, segundo El Territorio.

O portal informa, ainda, que os prognósticos não são favoráveis para o período maio a julho deste ano. ´

Na bacia do Rio Paraná, na parte argentina antes de Yacyretá, são esperadas chuvas abaixo dos índices normais para a região. É semelhante à previsão para a bacia do Rio Paraná em território brasileiro, com exceção dos rios Paranaíba e Grande, para os quais se preveem precipitações normais.

O Rio Paraná nasce exatamente na confluência dos rios Paranaíba e Grande, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais.

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