Desde que passou ao controle da Patrulla Caminera (Polícia Rodoviária), o trânsito de veículos no centro de Ciudad del Este flui mais rapidamente. O motivo é simples: não há mais cobrança de propinas, como ocorria quando o controle era feito pela Polícia Municipal de Trânsito.
No entanto, a prefeita interina, Perla Rodríguez de Cabral, pediu formalmente que a Polícia Rodoviária deixe o local, que seria novamente controlado pelos guardas municipais, apesar de todas as denúncias feitas pela imprensa sobre as propinas.
Como era
O sistema de cobrança de propinas se baseava em criar engarrafamentos na pista que vem de Ciudad del Este à Ponte da Amizade.
Às vezes, os motoristas passavam mais de uma e até duas horas na fila. O engarrafamento artificial permitia que os chamados "pirañitas" (falsos agentes de turismo) abordassem os motoristas, pedindo propina para saírem da fila e entrarem por vias proibidas até a cabeceira da ponte.
Só quem pagava propina tinha acesso a essas vias. Os outros que tentassem encontrariam guardas de trânsito pela frente, impedindo a passagem. No fim da operação, os "pirañitas" dividiam a cobrança com os guardas.
Conta o jornal Vanguardia que este esquema da Polícia Municipal de Trânsito existia desde que o hoje senador Javier Zacarías Irún era prefeito. E prosseguiu, claro, na gestão de sua mulher, Sandra McLeod Zacarías. Os dois estão respondendo a vários processos de corrupção (que não incluem as "coimas" dos agentes de trânsito.
Ex-diretores da Polícia Municipal já foram denunciados pelo Colégio de Advogados de Alto Paraná pela cobrança de propinas no centro de Ciudad del Este, mas até hoje a Promotoria sequer chamou-os para darem explicações.
Fim da coima
Quando Sandra McLeod foi destituída do cargo, a interventora, Carolina Llanes, acabou com o esquema, chamando a Polícia Rodoviária para controlar o trânsito na Ruta VII, que faz a ligação de Ciudad del Este com a Ponte da Amizade.
Apesar do pedido feito pela prefeita interina, Perla Rodríguez de Cabral, a chefia regional da Polícia Rodoviária disse ao Vanguardia que não renunciará a suas atribuições e prosseguirá nas ruas.
Só elogios
E os motoristas agradecem. Um deles, Ángel Inchausti, disse ao Vanguardia: "A Caminera está fazendo um excelente trabalho e atrapalhando os zorros (apelido para os agentes de trânsito) em seu trabalho de pedir propina. A propina dos zorros representa milhões nos bolsos dos dirigentes políticos".
Outra motorista, Valeria Agüero, disse: "Quando se melhora algo, querem voltar ao pior. Antes, para cruzar a ponte, os agentes municipais te pediam 50 mil (cerca de R$ 30) para ir mais rápido. Agora isso não acontece".
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