Setor hoteleiro de Puerto Iguazú “está destruído”, diz dirigente de associação

Além da crise, hoteleiros de Iguazú estão revoltados porque são intimados pelo governo a fornecer documentos de pagamentos a empregados.

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

Entregues às moscas, hotéis e restaurantes de Puerto Iguazú, na Argentina, vivem o pior momento de sua história. "É um momento muito difícil para as empresas sobreviverem", disse ao portal Primera Edición Marcelo Ghione, integrante do Comitê Executivo da Associação de Hotéis de Turismo da República Argentina.

Hoteleiros e donos de restaurantes somam à tristeza com a situação um incômodo a mais: estão recebendo novas intimações do Ministério do Trabalho para apresentarem documentação sobre o pagamento de salários, nos últimos meses. "Isso torna tudo mais difícil ainda", afirmou Ghione.

Segundo ele, "todos os hotéis e 90% dos comércios estão fechados. Não vem um só turista e a cidade, por ser 100% turística, não tem alternativa de gerar alguma renda".

O presidente da Associação Hoteleira, Gastronômica e Afins de Puerto Iguazú, Santiago Lucenti, vaticinou: "A grande crise do setor se verá quando se puder abrir, porque é muito provável que uma grande porcentagem de empresas chegue a falir e não possa voltar a operar".

Segundo Lucenti, "o setor em geral está destruído. As agências de viagens, todas nossas clientes, não pagaram sequer os serviços de fevereiro. Por isso vai ser muito difícil que os estabelecimentos voltem a funcionar, porque não vamos encontrar clientes".

Burocracia desatenta

Mesmo fechados, hotéis e restaurantes de Puerto Iguazú estão sendo intimados pelo Ministério do Trabalho a apresentar documentos como recibos dos salários e acordos firmados.

"A matriz de produção está arruinada, tudo se desequilibrou, e ainda por cima as empresas recebem certos requerimentos, tudo se torna mais difícil ainda", disse Marcelo Ghione.

Segundo hoteleiros e donos de restaurantes, o pedido de documentações apenas consegue "exasperar ainda mais os nervos" dos empresários, preocupados com o contexto complicado e sem perspectivas de mudanças positivas num futuro imediato.

"Em relação aos documentos, seria melhor esperar um tempo prudente e tratar de entender a crise sem paralelo que nos golpeia. Por mais que tenham havido outras situações complexas, esta crise em Iguazú nunca se viveu, a este nível de gravidade, além de que não se sabe quanto tempo mais vai durar".

Faturas de eletricidade

Hotéis e restaurantes também estão pedindo que seja cobrada a tarifa de luz mais baixa, e quem estiver endividado com a concessionária possa pagar esta dívida a partir de 2021.

"Estamos voltando a fazer um pedido à EMSA (concessionária de energia) para que os hotéis que estão completamente fechados, sem operar, possam não apenas financiar as faturas anteriores, como também passem a pagar a tarifa mínima, a mais econômica", explicou Ghione.

Segundo ele, a reativação do turismo em Puerto Iguazú só se dará a partir de janeiro do ano que vem, já que o principal centro emissor de turistas para Puerto Iguazú é Buenos Aires, onde a ação do coronavírus é mais intensa.

R$ 10 mil de luz

Por sua vez, Santiago Lucenti disse que as tarifas de energia elétrica que estão chegando, tanto para hotéis como para restaurantes, são muito altas e não coincidem com o consumo real dos estabelecimentos fechados.

"Com hotéis fechados, chegam faturas de luz com valores de 120 mil (R$ 9.300) a 130 mil pesos (R$ 10 mil), quando não há nenhum ar condicionado ligado, nem caldeiras e elevadores funcionando, somente algumas lâmpadas acesas. Esses montantes são uma loucura", disse.

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