A professora Joseane Pontes é a responsável pela disciplina Industry 4.0. Graduada em Ciências Econômicas e Administração, a doutora em Engenharia de Produção fala com entusiasmo sobre o que significa acompanhar o aluno que entra inseguro em uma empresa e, através dessa metologia, ao término da etapa exibe um crescimento profissional e pessoal exemplar.
Desafios
O primeiro desafio é estar atenta ao mercado, um desafio de saber ser ‘coach’ uma pessoa que observa, não necessariamente que vai fazer a coisa a dar resultado, mas está ajudando as pessoas a fazerem isso. A gente se envolve de um outro jeito, tem que ter parte teórica e uma visão da prática muito refinadas e lidar com o ensino de uma forma diferente, ao em vez de dar o peixe, ensina o aluno a pescar.
É o estímulo ao desenvolvimento de suas habilidades, observando o tempo todo se elas estão evoluindo. Você não deixa para o final, a prova é no dia a dia, o tempo todo.
É um desafio muito grande como professora, ficar atenta ao detalhes, atenta a esse crescimento em torno de hard e softwares, pois essa Geração Z é imediatista, muito mais rápida, então a gente não pode demorar muito senão eles acabam ficndo um pouco desmotivados.
Essa dinâmica de ensinar a teoria e ir para empresa colocar em prática é muito a cara deles e a gente nota uma motivação no olhar e isso acaba sendo uma alegria para a gente como educador. Quando o aluno consegue pegar a parte prática e desenvolver suas habilidades conceituais e ao mesmo tempo as habilidades teóricas, então a gente consegue ver essa aplicação o tempo todo e é muito gratificante! Então nós, como professores, temos que estar atento o tempo todo com a teoria e a prática.
É desafiador para o aluno como para professor. Esse contato com a indústria, desenvolvendo habilidades também e ao mesmo tempo sabendo que o professor está aprendendo o tempo todo com os alunos, inclusive a gente deixa de ser o protagonista em sala de aula para que eles sejam os protagonista. Há uma mudança de papeis e isso é de uma generosidade… Não que nós sejamos generosos, mas há uma mudanca de papeis, hoje em uma disciplina dessa eu sou mais 'coach', saindo do pedestal, e acompanhando esses projetos. Há uma quebra de paradigmas, de muitos anos atrás, que o professor sabia tudo. A gente ajuda, a gente auxilia e isso cria um vínculo de parceria entre o aluno professor, empresa e aluno que é muito importante. É um desafio e esse é o maior ganho pra gente, algo muito bonito de se ver.
Brilho no olhar
Observo, o brilho no olhar é outro… É impressionante perceber quando o aluno está motivado ou não, quando ele está com a 'mão na massa', realmente entrosado com a empresa, observando a teoria ser praticada na empresa, o aluno toma para si como um embrião que ele precisa desenvolver e ao final virar gente, algo mais concretizado. Há um ganho de responsabilidade, aprende a se relacionar, aprende a lidar com a cultura empresarial.
Alguns muito tímidos começam a se soltar mais e melhoram a comunicação, mudam a postura de voz, entendem que há uma hierarquia, e eles precisam trabalhar em equipe senão o projeto não sai. Essa aprendizagem é muito maior que somente a parte técnica, a parte que a gente precisa ensinar de sala de aula. Eles não aprendem somente sobre qualidade, desenvolver uma ferramente, viabilidade econômica ou a parte técnica de um processo. Mas, mais que tudo isso, aprendem a se relacionarem melhor com as pessoas, ser um profissional melhor, aprimoram a liderança, modelando um perfil pró ativo com mais responsabilidade. Ver isso acontecer na prática é satisfatório e motivador para o professor. Os alunos retornam e falam o quanto a disiciplina foi importante no processo de crescimento pessoal deles. Com a disciplina, esse processo de amadurecimento, necessário para que possam entrar no mercado de trabalho, facilita e torna mais rápido a abertura dessas portas.
Crescimento
Os alunos acabam adquirindo essa autogestão, eles começam muito jovens na universidade, alguns com 17 anos, eles são uma geração rápida, eles são curiosos e não são motivados aprender como antigamente. A gente observa o crescimento deles no decorrer do tempo que entram na universidade e eles agarram essa possibilidade, eles fazem a gestão do tempo deles, autogerem as equipes, eles se sentem livres para se responsabilizarem com algo muito importante. É um crescimento de aprendizado técnico deles, teórico, mas conceitual também, pois aprendem a teoria exercitando e vão atrás de outros professores em busca de conhecimento. Eles aprendem a aplicar isso.
É um desafio muito grande chegar até a indústria e fazer um projeto dessa magnitude, é muito difícil conseguir a confiança das empresas para trabalhar do jeito como temos feito. Para o professor daria menos trabalhar do jeito tradicional, aplicando uma prova convencional, ser protagonista das aulas, não utilizar metodologia invertida, ou seja, dar aula que as gerações anteriores tinham. Mas para o educador que gosta não so do trabalho, mas de gente e pessoas é de uma emoção observar o crescimento desses alunos, o quanto eles acabam se interessando, brilhando os olhos. E em um olhar a gente observa a gratidão, pois a gente percebe que eles vão além, eles dão mais do que a gente pede, na sua maioria, o que é muito bonito e gratificante. Não tem nada que pague a gratidão, uma vantagem muito maior que qualquer desafio e é muito bacana perceber essa melhoria e com o tempo os alunos aproxima-sem e perguntam se não é difícil entrar em uma disciplina desse nível, se conseguirão fazer o que os colegas estão fazendo… Então, para eles é desafiador também. O benefício é muito maior que qualquer desafio. É preciso que sair do 'status quo', se movimentar, conseguir qualquer coisa, inclusive na educação.
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