Aviação

Por volta de 1930, 15 anos depois de terem recebido a visita do Pai da Aviação, Santos Dumont, os moradores do “fim-de-mundo” chamado Foz do Iguaçu tiveram a idéia de recorrer ao avião na luta contra as limitações impostas pela distância e falta de comunicação. Lideranças da pequena comunidade de então tomaram Foz do Iguaçu e Guaíra nas rotas de vôo do Correio Aéreo Militar.

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Por volta de 1930, 15 anos depois de terem recebido a visita do Pai da Aviação, Santos Dumont, os moradores do “fim-de-mundo” chamado Foz do Iguaçu tiveram a idéia de recorrer ao avião na luta contra as limitações impostas pela distância e falta de comunicação. Lideranças da pequena comunidade de então tomaram Foz do Iguaçu e Guaíra nas rotas de vôo do Correio Aéreo Militar. 

A resposta foi positiva, mas caberia a comunidade local oferecer área adequada à instalação do aeroporto. As lideranças elegeram como local apropriado uma área pertencente a Fulgêncio Pereira nos fundos do quartel do Exército. Puseram mãos à obra e, em março de 1935, começava a história da aviação em Foz do Iguaçu. 

Naquele tempo foi inaugurada a linha Curitiba – Foz por um rudimentar aparelho Lindemberg, do Correio Aéreo Militar, que, com a criação do Ministério da Aeronáutica em 1941, passaria a se chamar Correio Aéreo Nacional. Aconteceu no dia 23 de março de 1935, quando, num momento inesperado, ouviu-se um estranho ruído no ar, despertando a atenção de todos que, saindo à rua, viam extasiados um aviãozinho militar evolucionando no céu qual ave desconhecida num vôo de reconhecimento migratório, relata em suas memórias Ottília Schimmelpfeng. 


“Quanta gente correndo para ver o tal avião! Era preciso tocar, certificar-se de que era algo real, palpável, descobrir o mistério daquele objeto pesado que voava tão leve como um pássaro”. 

Começando com vôos semanais, foi tão importante aquela vitória sobre a distância que, já no ano seguinte, Foz do Iguaçu resolveu prestar uma homenagem aos aviadores com a Festa da Asa, prestigiada por uma esquadrilha de aviões vindos de Curitiba e Rio de Janeiro. Precursora da Esquadrilha da Fumaça, aquela formação brindou o povo com acrobacias que deixaram todos estupefatos. 

Aos poucos foi se alargando a via aérea, conta Ottília. Em 1938, a Panamerican Airways (Panair) obteve concessão para estabelecer vôos regulares na rota Rio / Assunção / Buenos Aires, com pouso semanal em Foz do Iguaçu. Nesses vôos passaram por Foz do Iguaçu personalidades famosas, sempre assediadas por catadores de autógrafos. Entre elas, Ottília registra a passagem de Henry Fonda, Grace Moore, Mogica e Walt Disney, que ilustrava os autógrafos com rabiscos que lembravam seu mais famoso personagem, o Mickey. 

O interesse turístico por Foz do Iguaçu começou a crescer no Brasil e no exterior. A criação do Parque Nacional do Iguaçu em 1939 e os investimentos que nele se seguiram (construção do Hotel das Cataratas e do Museu, calçamento da Estrada das Cataratas) logo apontou para a necessidade de ampliação e melhoria no assim chamado Campo de Aviação. 

Conta Ottília Schimmelpfeng: “Quando o governo federal começou a lançar os olhos para esta região, achando que era tempo de pôr a descoberto o que o Brasil possuía de belo e rico neste recanto longínquo e quase inacessível, a primeira providência foi construir uma estrada, uma estação aeroviária e um parque nacional. Apesar da morosidade das outras grandes obras, o aeroporto se estabeleceu na ordem prioritária e, em 1942, inaugurava-se com toda a majestade de uma obra ímpar. Ninguém pode negar quão bela se apresentava a Estação Aeroviária de Foz do Iguaçu…” 

O Aeroporto do Parque Nacional do Iguaçu, assim batizado, com sua pista de terra e o terminal de passageiros construído pelo Ministério da Agricultura em terreno do Ministério do Exército, serviu até 1967, já sem condições de expansão para receber aviões de maior porte.
 
Naquele ano foi inaugurada a pista asfaltada do que viria a ser o moderno Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu de hoje, e o antigo aeroporto foi transformado em clube social e recreativo, o Gresfi. Só entre 1968 e 1972 é que foi concluído o terminal de passageiros, com 5.000 m2 de área coberta, inaugurado em 1972, já com o nome de Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu. 

Em 1975, com o início da construção de Itaipu e do incremento ao turismo, a estrutura do aeroporto começou a ficar pequena para atender a demanda, chegando a década de 80 em condições de saturação. A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), administradora do Aero – porto desde 1974, fez um plano de ampliação que iniciou em 1986 e concluiu em 1989 dentro dos mais modernos padrões de operação e funcionalidade. 

Com 2.200 metros de comprimento e 45 de largura, a pista de pouso e decolagem permite que o Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu opere com qualquer aparelho hoje em circulação no mundo. Do pouso do rústico Lindemberg em 1935 ao pouso da – águia mecânica – Concorde, em 1978, e dos imponentes Boeing da atualidade, a aviação de Foz do Iguaçu deu um salto espetacular no sentido de tirar a fronteira do Brasil com o Paraguai e a Argentina do subdesenvolvimento. 

Fonte: Livro Foz do Iguaçu – Retratos, de junho de 1997

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