Dos mais de 13 mil moradores de Foz do Iguaçu que têm algum tipo de deficiência, 4.911 convivem com duas ou mais limitações ao mesmo tempo. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) coletou esses dados no Censo 2022.
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A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) atende boa parte dessa parcela da população. Presente em Foz há 50 anos, a maior rede de defesa e garantia de direitos das pessoas com deficiência intelectual e múltipla da América Latina promove inclusão social, educação, saúde e assistência para essas pessoas.
Além disso, a APAE atua diretamente no atendimento, articula políticas públicas, capacita profissionais e mobiliza a sociedade. Dessa forma, a instituição se consolidou como referência nacional na promoção da cidadania. Além disso, tem uma atuação importante na luta contra a discriminação e o preconceito enfrentados por pessoas com deficiência intelectual e múltipla.
Necessidade de avanços locais
O presidente da APAE Foz, Leonardo Correa Lugon, realça: “Foz do Iguaçu possui uma estrutura com importantes equipamentos públicos para PcDs. No entanto, ainda há um vazio assistencial que demonstra a necessidade de avanços.”
Leonardo destaca que a entidade atua de forma ativa há alguns anos e propõe melhorias em audiências públicas e conselhos. Ele ressalta que a instituição demonstra sua capacidade de ser parceira na efetivação de direitos e na oferta de serviços públicos de qualidade, sempre que recebe financiamento e apoio do poder público às entidades parceiras.

Entre as diversas propostas aos candidatos à prefeitura em 2024, destaque para:
- implantar e habilitar o setor de saúde da APAE Foz como CER II (Centro Especializado em Reabilitação II — físico e intelectual), o que melhoraria a estrutura de habilitação e reabilitação com financiamento federal;
- implantar um centro-dia para atender pessoas com deficiência (PcDs) e idosos;
- reduzir as filas para PcD/TEA em áreas como educação, saúde, assistência social, habitação, lazer, emprego e renda, entre outras.
Poder público e sociedade
Leonardo evidencia que a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) determina que o Estado, a sociedade e a família devem garantir os direitos das pessoas com deficiência (PcDs). Ele frisa: “Em Foz do Iguaçu, ainda enfrentamos desafios para concretizar muitos desses direitos para as pessoas com deficiência e suas famílias. A sociedade civil tem atuado de forma fundamental, participando ativamente tanto na identificação dos problemas quanto na apresentação de soluções. Isso fica evidente nas reuniões e na carta-compromisso assinada com os candidatos à prefeitura”, conclui.
O presidente também relata que a sociedade ainda demonstra preconceito significativo em relação às pessoas com deficiência, muitas vezes por ignorância ou desconhecimento. “Nós, da APAE Foz, nos dedicamos a levar informação e promover a inclusão das PcDs em todos os âmbitos sociais, com foco especial na PcD intelectual. A sociedade pode contribuir muito para melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência.”
Escola Alternativa
Fundada em 2003, a Escola Alternativa (Associação Viva Bia) é uma entidade sem fins lucrativos que presta atendimento a pessoas com deficiência intelectual e múltiplas deficiências. Formada por pais e professores, atualmente atende mais de 190 alunos.

A diretora da entidade, Vandeliz Serroteniki, salienta que, apesar dos avanços, ainda há muito a ser feito para garantir uma estrutura realmente adequada. “O poder público contribui com o pagamento dos funcionários e oferece alguns subsídios para a manutenção da entidade”, explica.
Vandeliz também menciona que o preconceito ainda é uma realidade enfrentada diariamente. “Muitos não sabem como lidar com esse público em geral. Vale lembrar que muitas pessoas com deficiência sofrem exclusão e preconceito até mesmo dentro de suas próprias famílias”, complementa.

Além da APAE e da Escola Alternativa, outras entidades desempenham um papel fundamental no município, como a ACDD, a APASFI e a Adevifoz.