Produtor de maconha, Paraguai vira importador de erva “vip”. Brasil na mira

Aumenta o número de apreensões de haxixe, que vem dos Estados Unidos via encomendas aéreas.

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Aumenta o número de apreensões de haxixe, que vem dos Estados Unidos via encomendas aéreas.

Um dos maiores produtores de maconha do mundo (na América do Sul, é o maior), o Paraguai é agora também “importador” dessa erva. Mas numa versão “vip”, de alta pureza e mais cara – o haxixe.

Destino da droga? O Brasil, que é onde se consome 80% de toda a cannabis produzida no país vizinho.

Desde 2020, a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai já fez nove apreensões de haxixe, procedente dos Estados Unidos.

A droga chega ao Paraguai como encomenda aérea e tem como destino Ciudad del Este, justamente pela proximidade com o Brasil.

Mercado para o haxixe é o que não falta no Brasil, embora seja vendido pelo equivalente a US$ 4 mil o quilo, equivalente ao preço da cocaína, como comparou o jornal Última Hora.

A “narcoencomenda”, como já passou a ser conhecida a remessa de droga via correios, representa menos risco para as organizações criminosas, segundo a Senad. Por isso o número de apreensões vem crescendo.

O haxixe chega ao Paraguai dentro dos mais diversos itens, como colchonetes, tôneres e fornos de microondas.

Somente a experiência e perícia dos agentes especiais, com apoio dos cães farejadores de drogas, é que tem sido possível detectar a chegada da droga.

A diferença do haxixe para a maconha comum está na concentração de THC, a substância do “barato”. Enquanto a maconha paraguaia contém entre 2% e 7% de THC, em média, a droga apreendida pela Senad tem uma concentração de 35%.

O haxixe, que chega dentro dos mais diversos produtos, tem alta concentração de THC, uma nova preferência de consumidores brasileiros. Foto Senad/Última Hora

COCAÍNA “PARAGUAIA”

A Secretaria Nacional Antidrogas, em matéria da emissora paraguaia Telefuturo, confirmou que o Paraguai concentra atualmente o processamento de cocaína na América do Sul.

As estruturas de tráfico optaram pelo Paraguai para essa finalidade, antes do envio da droga ao Brasil e à Argentina.

“O que fazem é comprar uma quantidade X de pasta base, geralmente da Bolívia, ou ainda cloridrato de cocaína, procedente do Peru, Equador e Colômbia, e trazem ao Paraguai”, contou Francisco Ayala, diretor de Comunicação da Senad.

“Geralmente, os laboratórios de processamento estão muito perto das pistas clandestinas que (os traficantes) utilizam. Estes laboratórios, em muito casos, são bastante improvisados, mas eles têm conhecimentos técnicos dos processos que devem ser feitos”, completou.

O Paraguai foi escolhido pelos traficantes por sua posição estratégica, além dos recursos humanos e fácil acesso a produtos químicos de uso controlado, usados para completar o processo final da cocaína.

Nos últimos cinco anos, a Senad desmantelou cinco laboratórios sofisticados, com equipamentos modernos e infraestrutura de primeiro nível, além de 12 laboratórios precários, informou o jornal Última Hora.

CONTÊINERES E “MULAS”

O cão farejador contribuiu para identificar a cocaína que seria levada por uma “mula” a Madri. Foto Senad/Última Hora

Além de ir ao Brasil e à Argentina, a cocaína “made in Paraguai” também é traficada para a Europa. Já foram apreendidos carregamentos em portos europeus contêineres de cargas de carvão ou outros produtos que continuam cocaína no interior.

Sem contar a ação das “mulas”. Nesta quinta-feira, 27, uma paraguaia de 28 anos foi detida no aeroporto Silvio Pettirossi, quando tentava embarcar para Madri, Espanha, com mais de dois quilos de cocaína escondidos numa mala de fundo dulo.

Ao passar pela máquina de raio X, a mala despertou algumas suspeitas. Foram então chamados os agentes especiais da Senad, junto com o cão farejador Sora. A reação do cão foi de que ali havia droga.

Com participação da promotora Fabiola Malas, a mala foi aberta e revistada. Descobriu-se, então, que havia um fundo duplo, recoberto com lâminas de chumbo (que o raio X não atravessa).

Dentro do fundo falso, havia 10 pacotes de cocaína, que ao ser pesada resultou em 2 quilos e 270 gramas. Na Espanha, ela valeria US$ 150 mil, segundo a Senad.

A identificação da cocaína foi o terceiro trabalho de Sora, um cão da raça labrador, com um ano e meio de idade.

Ele foi doado à Senad e vem demonstrando sua destreza e capacidade no apoio aos agentes especiais.

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