Dos 370 casos de covid-19 no Paraguai, 91 são de paraguaios que vieram do Brasil

Testes feitos nos albergues onde estão isolados mostram alto nível de infestação da doença.

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

O número de casos confirmados de covid-19, no Paraguai, deu um salto entre sexta-feira (1) e este domingo (3), principalmente porque foram feitos testes nos albergues onde estão isolados os paraguaios que vieram do exterior, a maior parte do Brasil.

Na sexta-feira, foram registrados 67 novos casos, dos quais 63 eram procedentes do Brasil. No sábado, novos testes confirmaram 37 casos. Desse total, 35 estão em albergues e 28 vieram do Brasil, país que já chegou neste domingo a 97.100 casos confirmados e 6.761 mortes.

Mesmo com esses novos registros, o ministro de Saúde do Paraguai, Julio Mazzoleni, informou que já vem ocorrendo uma achatamento da curva de contágio. Os números já não duplicam a cada cinco ou seis dias. A maior preocupação, segundo o ministro, é com os positivos em que não se conhece o transmissor.

Dos 104 casos novos, entre sexta e este domingo, só um deles foi por transmissão comunitária, sem ligação com pacientes ou sem ter vindo do exterior.

A partir desta segunda-feira, 4, o Paraguai muda de quarentena total para quarentena inteligente, que permitirá a reabertura de fábricas e de outras atividades, mas desde que sejam cumpridos os protocolos sanitários.

Herói nacional

A luta contra a covid-19 fez de Julio Mazzoleni um "herói nacional". Foto Agência IP

O ministro Julio Mazzoleni é hoje um herói nacional, para a maioria dos paraguaios. Graças às medidas severas de contenção do novo coronavírus, o Paraguai se mantém como o país da América do Sul com menos casos e mortes (10). Na verdade, a Venezuela seria o primeiro, com 345 casos e 10 mortes, mas os números não são considerados confiáveis pelas autoridades mundiais de saúde.

A atuação de Mazzoleni teve sempre o respaldo do presidente Mario Abdo Benítez. E, mais ainda, da população em geral, apesar de todos os sacrifícios impostos principalmente aos mais pobres.

Uma ativista social da cidade de San Lorenzo, Antonia Rojas, manifestou total apoio ao ministro e ao pessoal da saúde, raspando a cabeça (Mazzoleni é totalmente calvo), informa o jornal La Nación.

Antonia encabeça um grupo chamado "Controladores", que se dedica a fazer reivindicações às autoridades para questões sociais. Atualmente, o grupo se organizou para atender os moradores mais vulneráveis, fazendo doações e promovendo almoços comunitários.

Depois do drástico aumento de casos nos últimos dias, a ativista chegou à conclusão de que a população precisa de uma chamada de urgência para que tome consciência dos riscos da doença e evite a circulação massiva nas próximas semanas.

Tatuagem

Um morador de Assunção procurou os serviços do tatuador Carlos Rodríguez, mais conhecido como Pitito, para que tatuasse em sua perna o rosto do ministro da Saúde.

O trabalho demorou cerca de cinco horas, segundo reportagem do jornal Última Hora. Na verdade, a homenagem não era a ideia original do cliente de Pitito. Inicialmente, ele tinha pensado em tatuar "Covid-19" junto com a frase: "Sou contemporâneo nesta época de mudança".

Mas, na hora de começar a tatuagem, o cliente contou ao tatuador que era um profundo admirador de Julio Mazzoleni. E pediu, então, que o artista fizesse o rosto do ministro.

"O paraguaio sempre procura uma figura heróica para inspirar-se", disse o tatuador. Segundo ele, o cliente não quis ser identificado, para não ser alvo de possíveis críticas.

A ativista vai fazer a doação da vasta cabeleira. Foto de arquivo pessoal publicada no La Nación.
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