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Identidade paranaense

Poty, o artista que moldou o coração político da Casa de Leis do Paraná

Exposição aberta na Assembleia Legislativa permite compreender a influência decisiva do artista na concepção do Prédio do Plenário, inaugurado há 50 anos.

4 min de leitura
Poty, o artista que moldou o coração político da Casa de Leis do Paraná
A exposição permanecerá aberta para visitação até março - foto: Orlando Kissner/ALEP


A força criativa de Poty Lazzarotto (1924–1998) está presente em diversos espaços da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). A exposição Poty retrata o Paraná, aberta no último dia 21, no Salão Nobre, permite compreender a influência decisiva do artista curitibano na concepção do Prédio do Plenário, inaugurado há cerca de 50 anos. A mostra, que segue aberta ao público até o fim de março, reúne 25 obras, entre estudos e esboços que revelam o processo de criação de alguns dos painéis mais emblemáticos da Casa.

Entre os destaques estão os desenhos que deram origem ao painel Sol, pinhão e três planaltos e ao mural de concreto aparente Símbolos do Paraná, ambos instalados no térreo do edifício. Também integram a mostra os rascunhos que resultaram nos entalhes em madeira Ceifador, hoje posicionados na entrada do Plenário, e os traços iniciais de Assembleia, o imponente mural do Plenarinho que interpreta a evolução da política paranaense.

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As obras foram concebidas entre 1974 e 1976, período que abrange os meses anteriores à inauguração do prédio e o primeiro ano de funcionamento da estrutura, que abriga o Salão Nobre, o Plenário, o Plenarinho e o Auditório Legislativo. A edificação é a segunda da sede atual da Alep: o Palácio 19 de Dezembro (Prédio Administrativo) foi inaugurado em 1963, e o Edifício Presidente Tancredo Neves, onde estão os gabinetes parlamentares, entrou em operação em 1986.

Segundo o historiador Ricardo Freire, integrante do Núcleo Curatorial do Museu Oscar Niemeyer (MON) e responsável pela seleção das obras, o painel Assembleia passou por mudanças significativas entre os estudos e o resultado final. Produzido em entalhe de madeira, o mural acompanha a passagem do tempo e a transformação das formas de organização política — dos povos originários à contemporaneidade. “Ele representa, de forma poética, a evolução social e o olhar ao futuro, ao passado e ao presente”, explica o curador.

Poty e a Casa de Leis

Freire destaca ainda como Poty explorou símbolos identitários do Paraná — os três planaltos, o ceifador, o Sol, o pinhão e a gralha-azul — elementos recorrentes também no brasão do estado. Nos estudos do mural Símbolos do Paraná, observa-se a decisão do artista de preservar a figura do semeador, ao mesmo tempo em que insere um lenhador derrubando uma araucária, numa leitura crítica e ambiental.

“Ele ressaltou a figura do agricultor em um momento de intensa industrialização no estado, nos anos 1970. Acredito que Poty pensou na Assembleia como um espaço para valorizar o trabalhador e defender o meio ambiente”, interpreta o historiador.

Sem registros escritos que detalhem as decisões do artista, as interpretações se baseiam em seus traços e escolhas estéticas. Em 2022, o irmão de Poty, João Lazzarotto, doou ao MON 4,5 mil peças do acervo do artista, entre elas outros estudos referentes às obras que adornam o Legislativo.

Restauração

A mostra coincide com o processo de restauração de três obras de Poty pertencentes ao acervo da Alep: Sol, pinhão e três planaltos, Assembleia e a porta em madeira do Salão Nobre, única peça sem estudo exibido na exposição. A obra reúne os símbolos do Paraná — o ceifador, os três planaltos e o Sol — representados em metal.

Os trabalhos de restauração, iniciados em 2024, envolvem limpeza geral, recuperação de cores e reversão de danos físicos. “Para nós, a presença do Poty é simbólica e poderosa. Hoje, a Assembleia abre as portas, de forma definitiva, para a cultura e a história”, afirmou o presidente da Alep, deputado Alexandre Curi (PSD), durante a abertura da mostra.

Arte e identidade

Além dos estudos inéditos, Poty retrata o Paraná apresenta obras que percorrem uma linha cronológica da formação do estado, retratando indígenas, tropeiros e imigrantes, e atividades como a produção de erva-mate, café, madeira e da indústria. As técnicas variam entre nanquim, litogravura, carvão e concreto. A exposição é resultado de um termo de cooperação entre a Alep e a Associação dos Amigos do Museu Oscar Niemeyer (AAMON).

Exposição Poty retrata o Paraná
Local: Salão Nobre da Assembleia Legislativa do Paraná
Instalação: até o fim de março de 2026
Visitação: segunda a sexta-feira, das 9h às 18h


(Com informações da Assembleia Legislativa)

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    Paulo Bogler

    Paulo Bogler é repórter do H2FOZ. Com enfoque em pautas comunitárias, atua na cobertura de temas relacionados à cidade, política, cidadania, desenvolvimento e cultura local. Tem interesse em promover histórias, vozes e o cotidiano da população. E-mail: bogler@h2foz.com.br.