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Café Filosófico

Arrependimento

O que a gente aprende quando erra feio?

7 min de leitura
Arrependimento

Por Professor Caverna

A vida é cheia de escolhas. E, vamos ser sinceros, nem sempre a gente acerta. Às vezes, você compra aquele celular caríssimo só pra descobrir que no mês seguinte lançaram outro melhor. Outras vezes, você manda mensagem pra pessoa errada na hora errada ou pior, pra pessoa certa na hora errada. E tem também os clássicos: escolher a faculdade só porque era “o que dava dinheiro”, não dizer “eu te amo” quando devia, ou dizer quando não devia. Tudo isso se junta em uma palavrinha que dói, mas ensina: arrependimento.

Agora, se você acha que arrependimento é coisa de gente fraca ou dramática, segura essa: os filósofos, esses malucos brilhantes que passam a vida pensando sobre tudo, também quebraram a cabeça tentando entender esse sentimento que, mais cedo ou mais tarde, bate em todo mundo. E é aí que a conversa começa a ficar interessante.

Vamos entender o básico primeiro. Arrependimento é aquela sensação desconfortável, quase física, de que algo poderia ter sido diferente. É como se o tempo voltasse, mesmo que só na nossa cabeça, e a gente assistisse à cena de novo, mas com um desejo profundo de apertar pause, voltar e fazer outra escolha.

Mas tem uma coisa curiosa nisso tudo: arrependimento não surge do nada. Ele só aparece porque a gente tem consciência, memória e… valores. A gente pensa: “se eu tivesse agido com mais coragem”, “se eu tivesse dito a verdade”, “se eu tivesse ficado calado”. Esses ses mostram que, de alguma forma, a gente cresceu, aprendeu, amadureceu. E isso, meu amigo, é filosofia pura.

Filosofia e o “por que” do arrependimento. A filosofia vive perguntando “por quê?”. Por que você age como age? Por que você sente o que sente? E, claro, por que você se arrepende?

Um dos primeiros filósofos que falam sobre isso, mesmo sem usar a palavra “arrependimento”, é Sócrates. Ele dizia que “uma vida não examinada não merece ser vivida”. Parece meio pesado, mas o ponto dele é que, se a gente não parar pra refletir sobre nossas ações, sentimentos e escolhas, a gente tá só existindo no modo automático.

Quando nos arrependemos, estamos fazendo justamente isso: revendo nossas ações, questionando, tentando entender o que nos levou a agir de um jeito e não de outro. É como se o arrependimento fosse um professor duro, mas necessário. Ele mostra que erramos, mas também ensina que podemos fazer diferente.

Avançando uns bons séculos, a gente chega no existencialismo. E aí entra em cena Jean-Paul Sartre, um dos nomes mais falados quando o assunto é liberdade, escolha e, claro, responsabilidade. Sartre acreditava que somos condenados à liberdade. Parece contraditório? Mas é verdade: ele dizia que, como somos livres para escolher, também somos responsáveis por tudo que fazemos. Não dá pra empurrar a culpa nos outros, nem no destino, nem em Deus. Cada escolha é nossa. E se a gente erra, a gente tem que lidar com as consequências. E adivinha o que aparece? Isso mesmo, arrependimento.

Mas, olha que doido: pra Sartre, o arrependimento não é um fim, mas um recomeço. É uma forma de reconhecer que você é autor da sua própria história e que pode, sim, escrever os próximos capítulos de forma diferente.

Agora, vamos dar uma viajada filosófica com Nietzsche. Ele propôs uma ideia insana chamada “eterno retorno”. Imagina que sua vida, exatamente como ela é, com todos os erros, acertos, quedas e glórias, vai se repetir infinitamente. Você viveria tudo de novo, do jeitinho que aconteceu, por toda a eternidade. Você toparia? Essa pergunta de Nietzsche é um baita teste. Ela nos força a encarar nossas escolhas e nos faz pensar: “estou vivendo de um jeito que eu aceitaria repetir pra sempre?” Se a resposta for não, talvez seja hora de mudar. O arrependimento, nesse caso, é como um alarme tocando alto dentro da cabeça, dizendo: “Ei, você pode fazer diferente!”.

Hoje em dia, existe uma moda que grita alto: “viva sem arrependimentos”. Tá nas camisetas, nas legendas de fotos no Instagram e até nas músicas. Mas será que isso é possível? Viver sem arrependimentos pode até parecer uma forma de liberdade, mas também pode ser uma fuga. Se a gente nunca se arrepende, será que estamos realmente refletindo sobre nossas ações? Ou estamos só tentando abafar o desconforto?

Arrependimento não é fraqueza. É sinal de consciência. É um lembrete de que somos seres em constante construção. Negar o arrependimento é negar a própria evolução. É como dizer que nunca tropeçou na vida o que é simplesmente impossível.

Outra coisa linda que o arrependimento traz, quando é verdadeiro, é a possibilidade de pedir perdão. E pedir perdão exige coragem. Exige reconhecer que você errou, que feriu alguém, que deixou a desejar. E mais: mostra que você se importa.

A filosofia moral, desde Aristóteles até os pensadores contemporâneos, fala sobre isso. Para Aristóteles, a virtude está no equilíbrio, no reconhecimento das próprias falhas e na busca pelo bem comum. E não existe bem comum sem arrependimento, sem empatia, sem a humildade de dizer: “eu errei, mas quero ser melhor”.

Claro, nem todo arrependimento é saudável. Existe aquele tipo que vira prisão. A pessoa se arrepende tanto, se culpa tanto, que se paralisa. Fica presa no passado, remoendo, se punindo. E isso não é reflexão, é auto-sabotagem. A filosofia nos mostra que o arrependimento deve ser ativo, não passivo. Não é só sobre sofrer pelo erro, mas aprender com ele, crescer, evoluir. O arrependimento maduro transforma. Ele aponta para o passado com olhos no futuro.

Se tem uma coisa que a filosofia nos ensina, é que a vida não vem com manual. A gente vai testando, errando, acertando, tropeçando e levantando. E, no meio disso tudo, o arrependimento aparece como um sinal de que a gente está vivo, consciente e disposto a mudar. Errar é humano, mas refletir sobre o erro é filosófico. O arrependimento, longe de ser um fardo, pode ser um presente. Ele nos obriga a olhar no espelho e perguntar: “quem eu fui?”, “quem eu sou?” e “quem eu quero ser?”

E aí, quando você conseguir responder essas perguntas com honestidade, talvez descubra que os arrependimentos foram só parte do caminho. Eles não definem você. Eles constroem você!

Convite Especial: Café Filosófico

Reflexões para Pais e Filhos


Prezadas famílias!
Temos o prazer de convidá-los para o V Café Filosófico, um encontro especial onde pais e filhos poderão compartilhar um momento de reflexão e diálogo sobre os dilemas da vida.


Em um mundo repleto de desafios e mudanças constantes, criar espaços para conversas significativas fortalece os laços familiares e amplia nossa visão de mundo. Neste evento, vamos explorar juntos questões que nos fazem pensar, crescer e nos conectar de maneira mais profunda.


Por que participar?
✔ Fortaleça a relação com seu filho(a) por meio do diálogo
✔ Reflita sobre valores, escolhas e desafios da vida
✔ Compartilhe ideias em um ambiente acolhedor e inspirador

Data e local: Zeppelin

Contaremos com um ambiente descontraído e um delicioso café para tornar este momento ainda mais especial!
Venha viver essa experiência enriquecedora conosco! Sua presença fará toda a diferença.
Esperamos você e sua família!

Ingressos para o V Café Filosófico:

https://cafefilosoficoo.lojavirtualnuvem.com.br/produtos/1-lote-ingressos

Comunidade do “Café Filosófico” no WHATSAPP:

https://chat.whatsapp.com/Ewehn3zxEBr6U0z96uZllP

Obs. Caro leitor, o objetivo aqui é estimular a sua reflexão filosófica, nada mais! mais nada!

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Assuntos

Professor Caverna

Caverna é professor de Filosofia, criador de conteúdo digital e coordenador do projeto “Café Filosófico” em Foz do Iguaçu.

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