A Europa vai salvar nossas florestas. Inclusive o Parque Nacional do Iguaçu

Acordo Mercosul-União Europeia vai exigir que o Brasil respeite o meio ambiente e deixe de lado algumas ideias que pairavam como ameaça.

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Cláudio Dalla Benetta

Desmatar ainda mais a Amazônia pra ampliar o agrobusiness, com mais soja e gado? Os europeus não vão aceitar. Eles vão querer que aqui haja o mesmo que tentam lá: produzir com sustentabilidade, isto é, sem prejudicar ainda mais a natureza.

O acordo entre os dois blocos comerciais, Mercosul e União Europeia, trará benefícios pra todos os países envolvidos, na área econômica. O Brasil e a Argentina, especialmente, países fechados para o mundo no que se trata de importar e exportar, vão passar, nos próximos anos, por uma verdadeira revolução.

O Professor Afonso, na página do H2Foz no Facebook (https://www.facebook.com/h2foz/), traz alguns aspectos importantes na área comercial. Ouça e conclua.

Mas é importante destacar também o aspecto ambiental, já que o atual governo tem – ou tinha – ideias de romper com o Acordo de Paris, reduzir áreas protegidas pra fomentar o agronegócio e até abrir pro turismo ilhas protegidas lá no Rio de Janeiro.

A adesão ao Acordo de Paris já foi reafirmada. Outras medidas, embora pretendidas, devem ficar em banho-maria e ser tratadas com a máxima cautela.

Foram mais de 20 anos pra se chegar a um acordo com a União Europeia. O atual governo sabe que pode ir pra história – estava no lugar certo na hora certa – pelo acordo ter sido firmado agora. E sabe que pode ir mal pra história se prejudicar, de alguma forma, o que já está sendo detalhado.

Mas voltemos ao mundinho de Foz, da fronteira, do nosso pedaço aqui no Oeste paranaense. Você acha que a Estrada do Colono será reaberta?

Aqui, fica uma aposta. Não será. Hoje, a mata onde por antes passava a estradinha está recomposta. Pra reabrir, será preciso cortar tudo o que levou anos e anos pra reflorestar, sem o homem por ali. 

A presença de tratores, o ronco de motosserras soaria grotesco, terrível, para os olhos de ambientalistas. Mas ficaria mal também para a sensibilidade dos europeus, mais atentos do que nós ao que resta de ambientes naturais ainda preservados.

Uma coisa já seria certa: mesmo sem os europeus atentos ao que acontece aqui, dificilmente a Estrada do Colono seria reaberta, na proposta que foi mais ou menos apresentada.

Seria uma rodovia com túneis pros animais passarem por baixo, teria um pequeno prédio de controle no início e outro no fim dela, haveria cercas pros animais não cruzarem, haveria controladores de velocidade e até uma torre de vigia muito alta, pra dali os guardas florestais observarem não só a estrada, mas grande extensão do parque.

Parece bacana? Esqueça a questão ambiental e pense em outra: o custo. Um país onde o governo está endividado até a alma, onde precisou aprovação do Congresso pra fazer mais dívidas pra bancar não obras, mas o custeio normal, onde os estados estão falidos, onde os municípios catam centavos… é um país que pode se dar ao luxo de gastar muitos milhões numa pequena estrada de 17 quilômetros, que também exigiria uma grande ponte?

Sem contar ainda o pessoal pra fiscalizar os motoristas, pra cuidar que os 17 km reabertos não se tornassem a sinalização para abusos de todo tipo. 

Sonho e ilusão! Se for pra investir alguns milhões numa estrada, que isso seja feito, pra ficar na região, na duplicação da Rodovia das Cataratas. E/ou na melhoria das estradas estaduais que cortam os municípios do Oeste, já que a maioria não está em boa condição de tráfego.

Pra não esquecer, claro, da duplicação da BR-277, a rodovia que liga o Oeste a Curitiba e a Paranaguá, com a maior parte formada por trechos de pistas simples, onde os acidentes fatais se multiplicam. Uma viagem que é quase uma aventura, tais os riscos. E cara, tal o custo dos pedágios.

Estrada do Colono? Quem vai pagar por isso? Ninguém sabe. Mas quem vai cobrar se o Brasil quiser mesmo fazer a obra? Isso todo mundo agora já sabe: os europeus. Eles virão dispostos a investir, a gastar dinheiro, o que também deve beneficiar o turismo. Mas não vão tolerar que aqui se faça diferente do que se faz lá.

Leia texto que já publicamos sobre a Estrada do Colono. Clique aqui

Deem adeus a esta péssima utopia!

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