No Paraguai, é o escândalo do dia.
O general da reserva Ramón Benítez tinha numa agenda seis nomes de jornalistas que, aparentemente, recebiam propina dele, diretamente, ou do órgão que ele dirigia, o Departamento Técnico Aduaneiro de Vigilância Especializada (Detave), que faz parte da Diretoria Nacional de Aduanas.
O general e vários funcionários estão presos por facilitar contrabando em troca de propinas. Quanto aos jornalistas, fariam vistas grossas ou ajudavam a divulgar alguns “feitos” do departamento.
Isto é, quando ocorria uma apreensão de tomates, por exemplo, faziam um estardalhaço em seus respectivos meios de comunicação, pra elogiar o Detave.
A apreensão, obviamente, era só o “boi de piranha”. Pra cada apreensão, passavam centenas de outras cargas de produtos importados ilegalmente.
Nome e valor
São seis jornalistas. Os ouvidos até agora pela imprensa negam a corrupção. Mas por que estão na agenda do general, com o nome ao lado de um valor em dinheiro?
Alguns nomes só constam com um pagamento, mas um dos jornalistas tinha um desembolso constante, que variava entre 600 mil e 800 mil guaranis (que equivale a R$ 500, quer dizer, se vendia baratinho, se é este o caso).
Entorpecente
Também nesta segunda, a imprensa paraguaia noticia que, entre as cargas liberadas pelo Detave, figura uma substância, a benzocaína, que seria usada para produzir cocaína e tinha como destino Pedro Juan Caballero.
A benzocaína permite elevar em até três vezes o volume da pasta base da cocaína, proveniente da Bolívia. Com isto, multiplica-se o peso da droga na hora da fabricação.
Se for confirmado, o general responderá também por narcotráfico. Por enquanto, ele “só” responde por corrupção passiva agravada, associação criminosa e contrabando.
Detave fechado
A corrupção do general continua tendo repercussões. Nesta segunda-feira, o presidente Mario Abdo Benítez (sem parentesco com o general) anunciou que o departamento vai permanecer sem funcionar. Ele ainda não decidiu se será extinto.
Como ele mesmo costuma dizer, “caia quem cair”, o compromisso dele é conta a corrupção. Caiu um general, o que é de estarrecer.
E aqui?
Falar nisso, se o presidente Marito quer mesmo acabar com a corrupção, deveria dar uma olhadinha pelos lados de Ciudad del Este, onde o trânsito está nas mãos de uma máfia. E não só o trânsito.
Fontes: paraguay.com, Última Hora, ABC Color e La Nación (uma frase de cada um).