Corujas-buraqueiras são foco de pesquisa internacional. Saiba como ajudar

Você já deve tê-las visto por aí. Ficam nos postes, fios, no que resta de terra sem permeabilizar e muitas vezes, aparecem atropeladas no meio das pistas, porque o farol dos carros e os ruídos excessivos as deixam desnorteadas.

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Predadoras, auxiliam para que os quintais fiquem livres de muitas espécies indesejadas, inclusive peçonhentas como pequenas serpentes, anfíbios, aranhas e escorpiões. Você já deve tê-las visto por aí. Ficam nos postes, fios, no que resta de terra sem permeabilizar e muitas vezes, aparecem atropeladas no meio das pistas, porque o farol dos carros e os ruídos excessivos as deixam desnorteadas. Fazem seus ninhos no chão, em buracos, por isso o nome popular: corujas-buraqueiras, cientificamente conhecidas como Athene cunicularia.

De acordo com Wikiaves “seu nome científico significa: do (grego) Athene = divindade grega Atena; e do (latim) cunicularius, cuniculus = mina, mineiro, túnel, passagem subterrânea. Coruja mineira ou coruja que cava túneis.”

David Harold Johnson, Priscilla Esclarski e demais integrantes de pesquisadores de projeto internacional sobre as corujas-buraqueiras. Foto Acervo Global Owl Project

De Aruba ao Brasil

O projeto começou com uma pesquisa com a coruja-buraqueira em Aruba, a ilha paradisíaca caribenha, onde a equipe envolvida descobriu variações importantes na morfologia (plumagem, medidas dos membros), vocalização (canto ou piado delas) e genética da espécie, que possivelmente irá classificar essas como uma nova espécie do gênero Athene.

Então o Global Owl Project, uma Organização Não Governamental – ONG, envolvida na pesquisa e conservação das corujas do mundo propôs uma revisão taxonômica da espécie (para compreendê-la melhor) em sua área de distribuição: 24 países, entre eles o Brasil. No PR, as cidades pesquisadas foram Maringá e Querência do Norte; no RS, Mostardas; em RR, Boa Vista e em MG, Uberlândia.

Internacionalmente é liderado pelo biólogo americano David Harold Johnson, que esteve recentemente no Brasil, entre 15 de novembro a 14 de dezembro, por uma semana em cada uma das regiões estudadas.

Corujas-buraqueiras capturadas para estudos e posteriormente, devolvidas ao seu meio natural. Foto: Gabriela Carlos Mendes

Ciência cidadã

O projeto envolve qualquer localização de ninhos e nada melhor que incluir a comunidade nesta atividade. Assim, foi aberto um formulário on-line onde a população indicar locais de ninhos ativos das corujas, dentro e fora da área urbana. Municípios, empresas ou pessoas físicas que desejam patrocinar ou leva-los para suas cidades, podem entrar em contato também, pois a Ciência precisa desse tipo de apoio.

Corujas-buraqueiras nas Américas é o projeto que teve início em Aruba, veio para o Brasil e tem como objetivo identificar os ninhos da coruja-buraqueira. Qualquer pessoa pode ajudar, basta acessar um formulário do Google Docs, disponível aqui. Se você quer patrocinar de alguma forma o projeto, ou levá-lo para sua cidade, basta entrar em contato pelo e-mail. Foto: Divulgação

Essa atividade é a chamada de Ciência Cidadã, momento em que a população fornece dados e informações que podem ser usadas para fins científicos. Com a visitação dos ninhos houve também uma conversa informal com moradores sobre a atividade desenvolvida e a importância da preservação da espécie.

UEM – UFRS – UFU

No Brasil o projeto foi coordenado pela maringaense, a bióloga, Doutora em Biologia Comparada, pela UEM – Universidade Estadual de Maringá, Priscilla Esclarski. Integrante da ONG desde 201, lidera a equipe oficial que inclui os mestrandos Angie Penagos, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRS e Felipe Fina Franco, da Universidade Federal de Uberlândia- UFU.

Envolve também alunos que colaboraram na coleta de dados em cada região dessas, mas que não são oficialmente do Projeto. Da UEM, participam alunos e egressos do laboratório do professor Cláudio Zawadzki, interessados em trabalhar com aves ou especificamente com corujas. Nos próximos meses de agosto a setembro a equipe vai coletar dados em outras regiões como Pantanal, Cerrado, Bacia do São Francisco e Amazônia.

“O retorno tem sido muito interessante, pois a população enxerga as aves com carinho. Houve casos em que os moradores construíram estruturas de proteção para os ninhos das corujas, poleiros, e demonstraram-se preocupados em mantê-las seguras”, explica a Doutora Priscilla. Essa contribuição da comunidade é essencial, visto que ela pode ver o retorno prático de sua informação para o avanço da Ciência.

O projeto que vai aprofundar os estudos está em andamento e paralelamente outros envolvendo ecologia e conservação da coruja-buraqueira estão sendo desenvolvidos com esses dados, incluindo a dissertação de Gabriela Carlos Mendes. Orientada pelo professor Cláudio Zawadzki e coorientando de Priscilla, a aluna vai usar ninhos na área urbana e rural para ver se luminosidade e ruído estão influenciando o comportamento e reprodução delas. Para tanto vai precisar de informações sobre ninhos em qualquer área. Os dados do Paraná, coletados pelo formulário serão usados nessa pesquisa brasileira e no restante do Brasil para o projeto internacional.

Coruja-buraqueira, seu giro clássico de pescoço (Vídeo: Marilei Lopes)
Coruja-buraqueira, frequentemente encontrada em Campo Grande – MS (Vídeo: Marilei Lopes)
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