Covid-19: no Paraguai e Argentina, sob controle. No Brasil, ainda há preocupação

Já é possível liberar praticamente tudo. Mas, tão cedo, não dará dá pra deixar os cuidados sanitários de lado.

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Já é possível liberar praticamente todas as atividades. Mas, tão cedo, não dará pra deixar os cuidados sanitários de lado.

Se os dados forem comparados com poucos meses atrás, a pandemia já assustou o que tinha que assustar. Isso vale até para o Brasil, mas mais ainda para a Argentina e o Paraguai.

Na última semana, até domingo, 10, o Brasil registrou 107.699 casos de covid-19, uma queda de 7% na comparação com a semana anterior, e 3.061 óbitos, redução de 13% na comparação com sete dias atrás.

Na Argentina, nos últimos sete dias, houve 6.212 casos, 34% a menos que na semana passada, e 228 mortes, queda de 40%.

No Paraguai, foram 162 casos nos últimos sete dias, 24% a menos que no período anterior. E apenas 5 óbitos, ante 12 na semana passada.

O mais importante é que os números estão diminuindo semana a semana.

PROPORCIONAIS

Proporcionalmente à população, o Brasil ainda precisa de maior controle da pandemia, já que tem os piores resultados.

Os números da semana representam 502 casos e 14 mortes por milhão de habitantes, no Brasil.

Na Argentina, proporcionalmente, são 132 casos e 5 mortes por milhão de habitantes.

E no Paraguai, 22 casos e menos de uma morte (0,7) por milhão de habitantes.

EUA E ISRAEL

Mesmo comparando com os Estados Unidos e Israel, a situação dos três vizinhos está boa, principalmente a de argentinos e paraguaios.

Em Israel, os números da semana representaram 1.600 casos e 10 mortes por milhão de habitantes. Pior que o Brasil, na proporção de casos, mas um pouco melhor em óbitos.

Nos Estados Unidos, onde a vacinação empacou por questões ideológicas ou pura ignorância, houve na semana 1.717 casos e 30 mortes por 1 milhão de habitantes.

Na Grã-Bretanha, a situação também é um pouco melhor que a brasileira, em mortes – 11 por milhão. Em casos, pior: 782 por milhão de habitantes.

DESACELERAÇÃO

O jornal El País, da Espanha, ressalta que, mesmo com “uma política nacional errática”, “a pandemia (está) em desaceleração”.

As últimas 100 mil mortes foram registradas ao longo de três meses, enquanto as 100 mil anteriores ocorreram em pouco mais de um mês e meio.

“Ao contrário do ocorrido até agora, a perspectiva é de que o futuro siga trazendo boas notícias, já que as vacinas contra o vírus têm se mostrado efetivas”, diz ainda El País.

Mas é consenso entre especialistas que ainda não dá pra falar em fim da pandemia. A pesquisadora Margareth Dalcolmo, da Fiocruz, diz que os pesquisadores estimam que uma pandemia dessa magnitude estará efetivamente controlada quando houver um número muito baixo de óbitos, de ocupação de leitos e cobertura de imunização completa de ao menos 80% da população.

Até o fim do ano isso não deve acontecer, segundo ela.

VACINAÇÃO

Q!uando mais escuro for o verde, maior o índice de vacinação. A cor do Brasil já está mais escura que a dos Estados Unidos. Fonte: Our World in Data

O site Our World in Data acompanha a vacinação mundo afora. E, de cara, traz um dado curioso: Brasil e Argentina já vacinaram mais (considerando primeira e segunda doses) que os Estados Unidos.

O Brasil soma, entre os que receberam duas doses ou dose única (46,41%) e os imunizados com uma dose (25,72%) o total de 72,13% de sua população.

A Argentina imunizou com duas doses 52,22% da população; com uma dose, foram imunizados 14,10%. No total, 66,32%.

Já nos Estados Unidos, 55,67% receberam duas doses e 8,82% apenas uma. Total: 64,49%.

Nesse ritmo, Argentina e Brasil logo vão ultrapassar os Estados Unidos também em número de imunizados com duas doses (ou dose única).

O Paraguai vem avançando na imunização, mas ainda falta bastante para chegar a um índice melhor. No total, 38,43% da população foram vacinados, dos quais 27,68% com duas doses e 11,64% com uma. Está abaixo da média mundial, de 47% imunizados com uma ou duas doses, mas à frente da Rússia, país que produz vacinas, mas só imunizou até agora 33,90% da população.

“SUCESSO”

Vacinas já mostraram eficácia e resultados. Mas imunização precisa chegar a 80% da população. Foto: Fernando Frazão/Ag Brasil

O último boletim da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), de acordo com a Agência Brasil, mostra que o sucesso da vacinação na prevenção de formas graves e fatais da doença é traduzido na redução no número de casos e óbitos, e, ainda, na estagnação na taxa de ocupação de leitos de UTI para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) em patamares baixos, na maioria dos estados.

Os pesquisadores da Fiocruz consideram, no entanto, que a população deve ter prudência e continuar usando máscara e mantendo as demais medidas preventivas, como higienização das mãos, distanciamento social e uso de álcool gel, para bloquear a circulação do vírus.

Apesar de muitas pessoas em circulação já terem sido imunizadas, as vacinas não previnem completamente a infecção ou a transmissão do vírus, alerta o documento. Por isso, a recomendação dos especialistas é que, até que o país alcance um patamar ideal de cobertura vacinal, estimado em torno de 80%, as medidas de distanciamento físico e prevenção, bem como a adoção do passaporte vacinal, devem ser mantidas.

A mortalidade por covid-19, atualmente, gira em torno de 500 casos por dia. O boletim sinaliza queda expressiva em comparação ao pico registrado em abril, quando foram notificados mais de 3 mil óbitos diários. Mas, apesar da retração, os números ainda demonstram que a transmissão permanece, bem como a incidência de casos graves que exigem cuidados intensivos.

O boletim informa que na maioria dos estados, de acordo com dados coletados no dia 4 de outubro, as taxas de ocupação de leitos de UTI covid-19 para adultos no SUS apresentam relativa estabilidade, com índices inferiores a 50%.

NOS ESTADOS

O Espírito Santo, entretanto, se mantém na zona de alerta intermediário desde 20 de setembro e constitui a exceção mais preocupante, porque, apesar da manutenção no número de leitos, a taxa de ocupação é de 75%. O Distrito Federal, por sua vez, voltou à zona de alerta crítico, com 83%, depois de semanas promovendo a retirada de leitos covid-19.

O Paraná, com taxa de ocupação de 52% dos leitos, está fora da zona de alerta.

Há outros 24 estados nesta situação: Rondônia (34%), Acre (4%), Amazonas (27%), Roraima (45%), Pará (23%), Amapá (12%), Tocantins (33%), Maranhão (32%), Piauí (48%), Ceará (32%), Rio Grande do Norte (22%), Paraíba (17%), Pernambuco (50%), Alagoas (29%), Sergipe (16%), Bahia (27%), Minas Gerais (23%), Rio de Janeiro (46%), São Paulo (31%), Santa Catarina (39%), Rio Grande do Sul (54%), Mato Grosso do Sul (35%), Mato Grosso (35%) e Goiás (49%).

OS NÚMEROS TOTAIS DA COVID

Em números absolutos, o Brasil está em 4º lugar em casos acumulados de contaminação pelo coronavírus, desde o início da pandemia – 21.575.820. Perde pra Índia (33.971.607) e pros Estados Unidos, com mais que o dobro (45.204.373).

No total de mortes, como acontece desde os primeiros meses, Estados Unidos lideram, com 733.675 e o Brasil está em 2º lugar, com 601.047.

Em casos proporcionais, a situação se altera. Países menos populosos estão na frente. Os Estados Unidos aparecem em 16º e o Brasil em 37º. Estão em situação pior Israel, Reino Unido, Argentina, Uruguai, França, Espanha e Portugal, entre outros.

Em óbitos proporcionais à população, o Brasil está em 9º lugar. São 2.802 mortes por 1 milhão de habitantes. A Argentina aparece em 11º, com 2.525 mortes por milhão. E o Paraguai em 15º, com 2.237 por milhão.

Quanto aos Estados Unidos, estão em 19º, com 2.200 óbitos por milhão de americanos.

O país que lidera o ranking é o Peru, com 5.950 mortes a cada milhão.

Nos países com maior proporção de mortes em relação ao total de casos, pode significar que não houve um controle mais efetivo, que houve falhas na atuação da Saúde Pública. Caso não só do Peru, mas do próprio Brasil.

COMPARAÇÕES SÃO DIFÍCEIS

Toda comparação é complicada, porque envolve fatores que muitas vezes alteram toda a situação, de país para país.

A Argentina, por exemplo, tem um sistema de saúde pública melhor que o do Brasil, com mais recursos, mais hospitais e mais médicos, e por isso mesmo nunca chegou a 100% de ocupação das UTIs, como aqui. Mesmo assim, em mortes não ficou muito melhor que o Brasil.

Os países europeus, que a princípio erraram ou não conseguiram controlar a pandemia devidamente, viram os casos se multiplicar e, inicialmente, lideraram em mortes. Com muitos recursos à disposição, pouco a pouco a pandemia passou a matar menos.

Também não se sabe explicar por que Taiwan, Coreia do Sul, Hong Kong e a própria China, de onde se espalhou a pandemia, registraram números totais e proporcionais muito baixos de casos e mortes.

A China, por exemplo, teve 96.423 casos e 4.636 mortes que, proporcionalmente à população de 1,4 bilhão de pessoas, representaram 67 casos e 3 óbitos por milhão de habitantes, um dos menores índices do mundo.

E a privilegiada Micronésia teve um caso e zero morte.

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