O novo salário mínimo nacional, a partir de 1.º de janeiro do ano que vem, passará dos atuais R$ 1.518 para R$ 1.621, valor que corresponde ao custo de duas cestas básicas. O reajuste foi oficializado em decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O aumento é de 6,79%. O valor diário do mínimo corresponderá a R$ 54, e a remuneração por hora, a R$ 7,37. Em 2022, o salário era de R$ 1.212. Em 2024, entrou em vigor a Política de Valorização do Salário Mínimo, que assegura ganhos reais — acima da inflação — ao trabalhador.
O valor, no entanto, apenas possibilita a compra de duas cestas básicas, considerando a referência média nacional de novembro, de R$ 798,66. O indicador de custo é da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS).
Ao se considerar a média dos estados do Sul, o novo salário mínimo não permitiria adquirir duas cestas, já que o recorte regional aponta custo de R$ 877,07. Esse levantamento considera 12 produtos básicos, incluindo arroz, feijão, leite, café, farinha de trigo e óleo.
Regra do mínimo
A legislação do salário mínimo determina dois critérios de reajuste: um pelo INPC acumulado em 12 meses até novembro do ano anterior e outro pelo crescimento da economia de dois anos antes. Em dezembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revisou os dados de 2024 do Produto Interno Bruto (PIB), fixando-o em 3,4%.
Entretanto, o chamado arcabouço fiscal — mecanismo criado para controlar a evolução dos gastos públicos — estabelece que o ganho real acima da inflação fique limitado a um intervalo de 0,6% a 2,5%. Assim, pela regra, o salário mínimo de 2026 seria de R$ 1.620,99 e, arredondado conforme prevê a legislação, passa para R$ 1.621.
R$ 7 mil de salário necessário
Conforme o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), cerca de 61,9 milhões de brasileiros têm rendimento referenciado no salário mínimo. Com a correção, o incremento de renda na economia será de R$ 81,7 bilhões.
O valor poderia ser maior caso fosse mantida a norma anterior ao arcabouço fiscal. “Se ainda estivesse em vigor a regra que permitia o repasse integral da taxa de crescimento do PIB, que foi de 3,4% em 2024, o piso nacional atingiria R$ 1.636,00”, expôs o instituto, em nota técnica.
O Dieese também calcula o chamado salário mínimo necessário no país, que deveria superar R$ 7 mil em janeiro de 2025. Esse valor seria suficiente para atender às necessidades básicas do trabalhador e de sua família, segundo levantamento do órgão.


