A fronteira quer linha direta para falar ao Mercosul

Nada sobre a fronteira sem os fronteiriços. Essa foi a mensagem da região trinacional aos membros do Parlamento do Mercosul (Parlasul), em audiência pública e sessão ordinária realizadas em Foz do Iguaçu pelo órgão unicameral, que congrega a representação cidadã e parlamentar no âmbito da integração.

Aos deputados e senadores da Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai, foram levadas pautas e problemas que travam ou dificultam o desenvolvimento social, econômico e cultural, o acesso a serviços, as trocas humanas: a integração efetivamente. São demandas que se acumulam, agregando outras mais.

Os desafios, inclusive, foram realçados por dados verbalizados pelos próprios parlamentares, tendo organizações da América do Sul como fontes. A integração regional concreta poderia impulsionar o Produto Interno Bruto (PIB) do Mercosul em 10% na próxima década, e melhorias nas relações entre países aumentariam o comércio regional em 20%.

São apenas dois valores trazidos pelo deputado Rodrigo Gamarra, do Paraguai, elencados para advogar a favor da gestão colaborativa das fronteiras. Uma das conexões mais movimentadas do subcontinente, de pessoas e veículos, as Três Fronteiras foram chamadas por um membro do Parlasul de “pulmão econômico” dos países.

A “Carta de Foz do Iguaçu”, síntese da audiência pública, pois, apontou várias e importantes direções, sendo a livre circulação de pessoas e o Acordo sobre Localidades Fronteiriças Vinculadas (ALFV) duas delas. O ALFV, já pactuado, no aguardo de ratificação pelo Brasil e Argentina, visa a facilitar o acesso a serviços públicos e o comércio.

É medida que vai de encontro aos obstáculos vividos diariamente por visitantes e moradores, dada a dinâmica da região trinacional. Reportagem do H2FOZ ilustra esses caminhos, sempre de duas mãos, como a agora vinda dos irmãos argentinos a Foz do Iguaçu para compras, em busca de produtos de mercados e confecções mais baratos.

Uníssono, o pleito fronteiriço ecoou na 95.ª Sessão Ordinária Parlasul, com 80 parlamentares de cinco nações, que criou uma comissão específica para discutir temas de interesse da região trinacional. É uma linha aberta para Ciudad del Este, Foz do Iguaçu, Presidente Franco e Puerto Iguazú falarem diretamente ao Mercosul, em espanhol, guarani e no bom português.