Vice-presidente da Câmara de Foz do Iguaçu e membro do Conselho de Ética, o vereador Dr. Ranieri Marchioro (Republicanos) passou a responder a processo por quebra de decoro. Quem o acusa de valer-se da estrutura pública do mandato para obter vantagens pessoais é um ex-assessor, que integrou o gabinete até abril. Ranieri nega.
A direção da Casa de Leis arquivou inicialmente a representação sem submetê-la ao plenário, decisão que contou com a assinatura do próprio acusado, atropelando a regra de ouro da impessoalidade. Reapresentada e posta em votação, a denúncia foi admitida por 9 votos a 4, seguindo para apuração prevista no rito do Código de Ética Parlamentar.
Parecer do consultor jurídico José Reus dos Santos, que embasou a admissibilidade, aponta que “o pedido, efetivamente, traz a exposição dos fatos e de seus fundamentos; indica provas dos acontecimentos (fotos e vídeos – anexos da representação)”. Além disso, foi postulado por cidadão, isto é, eleitor, como determina a legislação.
Dr. Ranieri integra o núcleo duro de comando do Legislativo e da base de sustentação política do prefeito Joaquim Silva e Luna (PL). Pela gravidade das circunstâncias e dos elementos reunidos na delação, não há espaço para tergiversação: o procedimento deve transcorrer com transparência e isenção.
O que se espera da Câmara de Vereadores é a apuração rigorosa para estabelecer a verdade dos fatos. Eventuais deslizes pelos caminhos tortos do corporativismo ou da autoproteção, que possam ser entendidos como blindagem para a impunidade, têm força para ancorar a casa parlamentar no baixio do descrédito pelos três anos restantes da legislatura.
A Câmara tem o dever de entregar à sociedade iguaçuense investigação completa e isenta. Não se pode supor que os vereadores de Foz do Iguaçu tenham aberto o processo contra Dr. Ranieri Marchioro como forma de entregar os anéis para preservar os dedos. Qualquer manobra nesse sentido, pois, poderá custar as mãos e os braços juntos.