Na região em que fluem 65% de toda corrente de negócios entre Brasil e Paraguai, conforme a Receita Federal, recebe movimento fronteiriço e de trabalhadores da cidade, a Vila Portes cobra terminal de ônibus decente e centro de educação para pais e mães matricular os filhos. É básico. Os bairros da “ponte” seguem seccionados, olham-se, mas não se conectam.
A prainha, que poderia dar qualidade de vida para a população, ser um centro ambiental e de esportes náuticos, além de fortalecer o turismo trinacional, é motivo de vergonha. O transporte público é ineficiente, alvo agora de CPI, as calçadas estão longe de ser acessíveis e as condições da malha cicloviária não incentivam o uso da bicicleta como transporte diário.
Foz do Iguaçu não conta com teatro municipal para grandes produções e multiuso a atividades artístico-culturais permanentes. Nem museu. Nem centro histórico protegido para preservar e promover a história. O Bosque Guarani precisa ser entregue à população. O Plano de Mobilidade Urbana é uma incógnita – certo é que não está sendo executado efetivamente.
A sinalização turística ofusca o olhar do visitante. A cidade reclama obras suficientes para dar fim aos alagamentos e enchentes. Esses pontos retratam parte apenas dos 70 projetos e propostas recolhidos junto à sociedade iguaçuense como pleito entregue à Itaipu, para a binacional executar ou ajuda a viabilizar.
Diante da enormidade de demandas, que vão de direitos básicos a antevisão da cidade dos próximos anos, é de se perguntar quais são as realizaçõe da gestão do prefeito Chico Brasileiro (PSD). Ainda mais sendo administração de segundo mandato e com o seu grupo político com pés fincados em governanças passadas.
O orçamento de Foz do Iguaçu é bilionário – ultrapassa R$ 1,6 bilhão em 2023 e será 15% maior ano que vem – , e projetos estratégicos são custeados pelos cofres federais. Considerando as necessidades entregues à usina, convém pensar se a administração vem sendo competente em usar a dinheirama do contribuinte que lhe cai à mão.
Foz do Iguaçu é um dos municípios mais fortes economicamente, com base nas receitas que entram, possui potencial turístico internacional e está integrada a uma fronteira que irriga oportunidades. Porém, sequer entrou no topo das 29 melhores cidades para se viver no Paraná, que considera renda, educação e saúde, ranking elaborado por instituto do Governo do Estado.
A cidade que se apresenta para o mundo conhecer é a mesma na qual reside uma massa de pessoas pobres, ainda número nas estatísticas governamentais. O convite que celebra a diversidade e as belezas da terra, mantém invisível as chagas do lugar. Conhecer e, sobretudo, reconhecer a realidade, é o primeiro passo para mudá-la.

