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Editorial

Silva e Luna, ano 1 e teste da cidade real

Leia opinião do H2FOZ sobre o primeiro ano da gestão de Joaquim Silva e Luna à frente da Prefeitura de Foz do Iguaçu.

4 min de leitura
Silva e Luna, ano 1 e teste da cidade real
O chamado ano 1, tradicionalmente mais condescendente com governos que assumem, chegou ao fim. Ilustração: IA sob produção de Claudio Siqueira.
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O ano 1 da gestão de Joaquim Silva e Luna (PL) começou com o prefeito repetindo a estrutura de acomodação política na máquina pública herdada de Chico Brasileiro (PSD) e terminou com um desastroso evento de Natal para a população, que cobra explicações quanto à forma de contratação e ao conteúdo. E lança pendências pelo custo dos enfeites trazidos de fora.

Em seu primeiro projeto enviado à Câmara, não só preservou o número de cargos comissionados, os CCs da prefeitura, como concedeu aumento de 60% a assessores e dobrou o salário de diretores, gerando um custo adicional de R$ 12 milhões ao contribuinte somente em 2025.

Já o Natal teve orçamento de R$ 4,5 milhões, dos quais R$ 2,4 milhões foram destinados à decoração que se vê na cidade.

Antes mesmo do marco simbólico dos cem dias, duas exonerações no primeiro escalão derrubaram os titulares das secretarias de Meio Ambiente e da Mulher, não sem antes expor e desgastar os protagonistas e o próprio governo. Ainda no terceiro mês, dois contratos milionários foram impulsionados sob a justificativa de que não haveria outro meio para evitar a interrupção dos serviços.

Silva e Luna prorrogou o contrato do transporte coletivo em R$ 165 milhões por dois anos. Com outra canetada, também mantendo a mesma empresa, elevou de R$ 392 milhões para R$ 635 milhões o montante destinado à coleta de lixo, acréscimo de R$ 243 milhões à conta que recai sobre o morador.

No mês seguinte, em abril, o Ministério Público do Paraná acionou o prefeito em razão da buraqueira na cidade e da qualidade do material utilizado nos remendos viários. O segundo semestre veio com a gestão de Silva e Luna atolada em desajustes político-institucionais. Destaque para as demissões do secretário de Comunicação e do secretário-executivo do gabinete, considerados “braços direitos” do prefeito no núcleo duro do poder, seguidas da queda do diretor-presidente da Fundação Cultural em meio ao Natal do infortúnio.

Veio à tona o contrato sem licitação do Instituto de Transportes e Trânsito de Foz do Iguaçu (Foztrans), no valor de R$ 25,4 milhões, para a gestão de um sistema de processamento de multas de trânsito — na prática, um software de serviços. A beneficiária foi a Celepar, empresa estadual incluída nos planos de privatização do governo.

Silva e Luna ainda assiste ao levante de professoras contra sua indicada à secretaria, apontada como despótica e alheia à realidade do ensino municipal. Ainda no ano 1, de forma incomum, duas CPIs já foram instauradas para investigar áreas do governo, a da Educação e a do Foztrans, enquanto uma terceira aguarda na fila.

No tabuleiro político, os vereadores do G9 alteraram a proporção de forças na Câmara. Nove edis passaram a sinalizar apetite para desafiar a prática do “manda e obedece”, historicamente presente na relação entre Executivo e Legislativo em Foz do Iguaçu. Os governistas perderam todas as comissões permanentes, responsáveis pelo trâmite e ritmo das matérias.

Silva e Luna tem ao seu lado o governador Ratinho Junior (PSD) e, em suas contas, a garantia de R$ 500 milhões de recursos estaduais para obras estruturantes capazes de mudar a cidade, diz.

O chamado ano 1, tradicionalmente mais condescendente com governos que assumem, chegou ao fim. A categoria do eleitor perde centralidade e emerge a do cidadão, mais numerosa, complexa e exigente. É esse conjunto de iguaçuenses que julgará o prefeito, suas promessas e seus resultados.

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